Marta Maia
Marta Maia
16 Jan, 2019 - 15:07

Telecomunicações: plano tudo em um compensa?

Marta Maia

Proteja-se das armadilhas das empresas de telecomunicações: plano tudo em um compensa mesmo? Saiba aqui.

Telecomunicações: plano tudo em um compensa?

Num mercado cheio de ofertas, promoções e “clientes especiais”, abordamos uma das principais armas das empresas de telecomunicações: plano tudo em um compensa? Vale mesmo a pena aderir?

A julgar pelo discurso dos vendedores, não há solução melhor para as suas comunicações em casa e fora dela. Estes produtos, contudo, têm alguns segredos que, contas feitas, nos podem fazer pagar mais uns euros. Saiba quais são.

O segredo das telecomunicações: plano tudo em um compensa?

Telecomunicações: plano tudo em um compensa

A TV no tudo em um

O primeiro ponto a analisar é o consumo de televisão, já que este é um dos básicos em praticamente todos os lares portugueses.

Analisando as ofertas das diferentes operadoras, percebe-se com alguma facilidade que o serviço base de televisão tem um preço mínimo constante e, surpreendentemente, não pode ser contratado sozinho. Pode procurar o que quiser: nenhuma operadora lhe vai instalar televisão por cabo sem lhe cobrar, pelo menos o serviço de telefone.

O preço do serviço de TV vai, então, variar consoante o número de canais contratados. Ainda assim, compensa ter este serviço contratado num pacote tudo em um, porque o serviço que vamos ver a seguir também não existe sozinho.

O telefone fixo no tudo em um

Tal como não é possível contratar somente um serviço de televisão por cabo, também não é possível encontrar ofertas só com telefone fixo. Este é, por isso, mais um serviço que compensa ter na modalidade tudo em um – porque não vai encontrar alternativa.

O valor do serviço de telefone fixo também não varia muito, exceto quando em causa está a realização frequente de chamadas internacionais – aqui convém prestar muita atenção aos preços cobrados, que podem ser muito diferentes entre operadoras.

A Internet no tudo em um

Formando trio com a televisão e o telefone, a Internet faz parte dos pacotes base das operadoras e, por isso, compensa contratar no conjunto.

Ainda assim, há alternativas: além de o preço variar na proporção da velocidade contratada, pode divergir muito entre Internet fixa (em casa) e móvel (em qualquer lado).

Queremos com isto dizer que pode compensar não contratar Internet fixa, ficar-se pelo serviço de telefone e televisão, e contratar o fornecimento de Internet móvel a outra operadora. No entanto, se utiliza a Internet frequentemente quando está em casa, esta modalidade dificilmente compensará, porque a Internet móvel costuma ser cobrada por tráfego, ao contrário da Internet fixa, que tem um preço invariável por mês.

O telemóvel no tudo em um

Outra armadilha das empresas de telecomunicações: o plano tudo em um compensa para quem quer incluir o telemóvel?

A resposta é “depende”. Depende, por exemplo, do tarifário que tem atualmente no telemóvel, que pode ser mais barato do que o acréscimo aplicado à sua mensalidade se alterar para o pacote tudo em um. Na verdade, pode até compensar ter um telemóvel da mesma operadora que lhe fornece os restantes serviços de telecomunicações, mas desassociado do pacote tudo em um.

Depois há ainda a questão das famílias que têm mais do que um telemóvel: adicionar todos os dispositivos ao mesmo pacote pode fazer disparar o preço da mensalidade muito mais do que a opção de cada um ter o seu telemóvel num tarifário individual – ou até em operadores diferentes. Não se esqueça de que os estudantes, por exemplo, têm tarifários próprios (e muito baratos) em várias operadoras.

A Internet móvel no tudo em um

Este é o serviço que menos pode compensar nos pacotes tudo em um das empresas de telecomunicações, logo depois dos cartões de telemóvel. Por norma, as empresas “carregam” nos preços do tráfico móvel, de tal forma que adicioná-lo ao pacote contratado quase sempre representa um aumento de custo significativamente maior do que o custo de contratar um sistema de Internet móvel individual a qualquer operadora.

Há, no entanto, uma justificação para esta disparidade de preços: é que, a par da disponibilização da Internet móvel, os pacotes 5P, como se chamam, também têm maior velocidade de Internet, mais canais de televisão e melhores tarifários para os telemóveis. Contas feitas, paga mais, mas também usufrui de um serviço que é, na generalidade, bem melhor.

É por este motivo que fica difícil saber, nas telecomunicações, se o plano tudo em um compensa: vai depender do uso que dá ao serviço e da diferença que lhe faz (ou não) um serviço de qualidade geral superior ao normal.

Se analisar o seu consumo e concluir que nem vai ver os canais extra ou que nem nota a diferença na velocidade da Internet, porque só quer mesmo ter uns mega extra de tráfego móvel, então dificilmente compensa contratar o serviço juntamente com o restante pacote.

A alternativa é contratar Internet móvel a outra operadora ou até recorrer a um tarifário de Internet móvel pós-paga, em que usa o que quer e o valor a pagar é somado à fatura mensal habitual.

A fidelização no tudo em um

Analisados todos os serviços, chega o momento de olhar para a fidelização. Se, por um lado, a fidelização não é obrigatória (nem pode ser), por outro é verdade que em quase todas as operadoras beneficia de um desconto diretamente proporcional ao período de tempo que aceitar ficar fidelizado.

Este desconto vai impactar no preço final do pacote, e isso pode fazer com que a opção do tudo em um compense face à contratação individual. Por outro lado, fidelizações longas deixam-no incapaz de mudar de operadora se entretanto encontrar ofertas mais vantajosas – ou seja, até pode valer a pena no início, mas o dinheiro que depois tem de gastar apesar de haver outras alternativas absorve esse desconto e faz com que o negócio deixe de ser bom para si.

Na realidade, escolher um plano de telecomunicações – o plano tudo em um, os serviços individuais, os tarifários pós-pagos… – é sempre complicado. A concorrência é muita, mas os preços pouco diferem na generalidade e para tomar uma decisão mesmo acertada vai ter de perder tempo a ler as letras pequeninas dos contratos.

O conselho que lhe damos é, por isso, que não tenha pressa. Perca tempo a ler, faça muitas perguntas e negoceie o mais que puder: lembre-se de que é o cliente, e as operadoras estão interessadas em conquistá-lo. Faça-se de difícil e obrigue-as a lutar por si.

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