Maria Oliveira
Maria Oliveira
30 Out, 2016 - 08:04

Aleitamento materno: bom para o seu bebé e para o seu bolso

Maria Oliveira

Um estudo recente analisou o benefício económico que o aleitamento materno tem na sociedade assim como as vantagens para a saúde do bebé.

Aleitamento materno: bom para o seu bebé e para o seu bolso

O aleitamento materno é um tema sensível como, aliás, todos os que envolvem grávidas, mães ou bebés. A partir do momento em que uma mulher engravida torna-se propriedade alheia e do mesmo modo que estranhos lhe acariciam a barriga no supermercado, o mundo inteiro parece ser um opinião sobre o que é isto da maternidade. Porém, raras vezes, estas opiniões se baseiam em evidência científica. 

Numa tentativa de diminuir todos os mitos que surgem quanto ao aleitamento materno, na primeira semana de outubro celebra-se, anualmente, a Semana Mundial do Aleitamento Materno. Este ano, a Medela apresentou o estudo “The Health Economic Value of Feeding Human Milk to Preterm Infant”.

O aleitamento materno em números

Portugal é um dos países com maior taxa de nascimentos prematuros no velho continente. Considerando que, em Portugal, um cada treze nascimentos são de bebés que nascem antes do termo, ou seja, cerca de 7736 bebés, este estudo concluiu que alimentar os bebés pré-termo apenas com leite materno pode representar uma poupança de mais de 8 milhões de euros por ano ao Sistema Nacional de Saúde.

De acordo com o estudo da Medela, a alimentação exclusiva com leite materno, nos bebés pré-termo, pode representar uma poupança de mais de 1000 euros durante toda a sua vida. Estes números são possíveis porque, neste estudo, não é considerado apenas o  custo com a alimentação artificial mas, também, todos os benefícios para o bebé associados ao aleitamento materno. Com uma alimentação exclusiva com leite materno, reduz-se também a incidência de doenças como a infeção bacteriana (sepsis), a enterocolite necrosante, leucemia infantil, a Síndrome de Morte Súbita ou doenças crónicas e infeciosas (obesidade infantil e otite média, por exemplo), para além disso, o impacto será também significativo no que diz respeito a custos hospitalares e de tratamento.

Por criança, estima-se que a poupança ronde os 64,5% (670,6€), durante o período em que o bebé permanece hospitalizado na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, e os 35,5% restantes (369€) estão associados a uma redução de doenças a longo prazo e complicações após alta hospitalar.


As vantagens do aleitamento materno 

O leite materno é muito rico e alimenta gerações e gerações há milhares de anos. Desde o princípio do mundo que as mulheres geram dentro de si o alimento para os seus bebés. Constituído por células-mãe (células que se podem multiplicar), tem mais 130 açúcares complexos essenciais e mais de 400 proteínas. Há quem diga que o leite materno é um pouco mágico porque este, sendo um fluído vivo, adapta-se às necessidades do bebé nas diferentes fases do seu crescimento.

A evidência científica demonstra que, pela composição e pela forma como reagem os seus componentes, a alimentação de bebés pré-termo em exclusivo com leite materno, reduz o risco de desenvolvimento de várias doenças a curto e longo prazo. Poupa a carteira e poupa a saúde do seu bebé.


Os custos das principais doenças que afetam os bebés prematuros

Os bebés pré-termo internados em Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais podem contrair a enterocolite necrosante e a sepsis, duas patologias que exigem internamento prolongado e, no caso da primeira, cirurgia.

Para além da gravidade da situação, estima-se que, no caso da enterocolite, com uma incidência de 2,6%, o custo para as unidades hospitalares seria superior a 19 mil euros, por caso. A este valor, pode ser necessário somar cerca de 2000 euros, se for preciso cirurgia. Em caso de sepsis, que afeta cerca de 16% dos casos, o custo ultrapassaria os 4200 euros.

Estes custos mas, principalmente, estas complicações de saúde poderiam ser evitados se o bebé prematuro fosse, de imediato e de forma exclusiva, alimentado com leite materno uma vez que este reduz a probabilidade de contrair enterocolite necrosante em 86% e sepsis em 12%, quando comparado com o leite artificial. A isto soma-se uma poupança média que poderia chegar aos 613 euros, por caso.

O risco de doenças como a leucemia, Síndrome de Morte Súbita, otite média e obesidade, pode ser reduzido em 8,6%, 60%, 60% e 21%, respetivamente, se o bebé for alimentado exclusivamente com leite materno. Estima-se que os custos com o tratamento de doenças como a leucemia podem ascender aos 130 mil euros, por caso. Mais uma vez, poupa a saúde, a sua carteira e os custos para o Estado.

Como incentivar o aleitamento materno em bebés pré-termo?

Deste estudo desenvolvido pela Medela, saíram algumas medidas que visam promover o aleitamento materno em bebés pré-termo, promovendo a sua prática, nomeadamente:

  • Apoio adequado ao aleitamento, um espaço adaptado para o efeito e acesso a equipamento especializado
  • Educa sobre os benefícios do leite materno para as famílias tomem decisões informadas
  • Promover a alimentação com leite materno focando nos benefícios para a saúde.
  • Criar grupos de apoio para as famílias
  • Permitir, nas UCIN o acesso das mães ao bebé 24 horas, todos os dias, o contacto pele com pele e o aleitamento materno 
  • Assegurar que toda a equipa médica tem conhecimentos básicos sobre lactação para que forneçam informação fidedigna à família
  • Criar práticas standard, baseadas em evidência científica, para uma melhor obtenção, recolha, etiquetagem, armazenamento e alimentação do leite materno
  • Licenças de maternidade de duração suficiente o aleitamento materno de bebés prematuros ou, pelo menos,  fornecer condições para poderem dar de mamar no local de trabalho
  • Promover entre os seguros privados o apoio, educação e incentivos às mães que amamentem
  • Implementar leis que permitam a abertura e financiamento de bancos de leite para casos em que a mãe não possa amamentar o bebé
  • Promover e valorizar o donativo de leite materno aos bancos de leite (semelhante ao donativo de sangue)


Saiba mais sobre a Medela

A Medela foi criada por Olle Larsson, em 1961, na Suíça. Hoje em dia, liderada pelo filho Michael Larsson, a Medela atua nas áreas da investigação, é líder no desenvolvimento e fabrico de produtos e soluções para o aleitamento e cria e fabrica equipamento de alta e inovadora tecnologia de aspiração médica.

Com 18 filiais na América do Norte, Ásia e Europa, os produtos Medela estão presentes em mais de 100 países e a empresa emprega cerca de 1600 pessoas um pouco por todo o mundo.

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