Share the post "Pão, carne, peixe: 2026 traz aumento dos preços alimentares"
O ano de 2026 traz consigo uma realidade que muitas famílias portuguesas já temiam com novos aumentos dos preços alimentares.
Segundo as previsões da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), alguns géneros essenciais poderão registar subidas até 7%, afetando diretamente o orçamento familiar.
A carne e o peixe são os produtos que deverão sofrer os aumentos mais expressivos em 2026, com subidas previstas na ordem dos 7%.
Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da APED, explica que estes aumentos resultam de múltiplos fatores que pressionam toda a cadeia de valor.
Preços alimentares: razões dos aumentos
As causas para esta escalada de preços são diversas e interligadas, mas vão fazer mossa no orçamento das famílias.
Custos de produção em alta
As rações para os animais, compostas por cereais e oleaginosas, têm registado aumentos significativos, assim como os custos relacionados com a gestão da água e a logística. Estes fatores encarecem todo o processo produtivo, desde a criação dos animais até à chegada ao consumidor final.
Pressão regulatória
As novas exigências ambientais e de bem-estar animal obrigam os produtores a realizar investimentos adicionais para cumprir as normas europeias. A pressão regulatória e climática afeta diretamente as rações, a gestão da água e a procura por proteínas.
Alterações climáticas
Os fenómenos climáticos extremos têm impactado a produção agrícola e pecuária, criando instabilidade no abastecimento e forçando a subida dos preços das matérias-primas.
Outros produtos sob pressão

Além da carne e do peixe, outros produtos alimentares também deverão registar aumentos em 2026.
Frutas e legumes
Os produtos hortofrutícolas enfrentam forte pressão do ponto de vista regulatório e de custos, o que se deverá traduzir em preços mais elevados nos frescos. A volatilidade destes produtos é particularmente sensível às condições climatéricas.
Pão e pastelaria
O pão e os produtos de pastelaria deverão sofrer um ligeiro aumento de preço, impactados pelas revisões laborais e pelo agravamento do gasto com ovos, frutos secos e cartão.
Embora a Associação do Comércio da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares (ACIP) aponte para perspetivas cautelosamente otimistas, a pressão sobre os custos de produção é inegável.
Café e cacau
O café e o cacau têm registado subidas acentuadas, influenciadas por fenómenos ambientais, instabilidade internacional e volatilidade dos mercados. Estes produtos, muito presentes na mesa dos portugueses, continuarão a pesar no orçamento familiar.
Ovos
Os ovos registaram um dos maiores aumentos no último ano, com uma subida de 28%. Para 2026, a tendência de alta deverá manter-se, pressionada pelos custos das rações e pelas novas normas de bem-estar animal.
Azeite em queda
Nem tudo são más notícias. O azeite será uma exceção, com uma descida prevista de 14%, após dois anos de preços historicamente elevados. A recuperação da produção na presente campanha traz algum alívio aos consumidores.
Preços alimentares: como minimizar o impacto
Apesar dos aumentos previstos, existem estratégias que podem ajudar a gerir melhor o orçamento familiar. Deixamos algumas sugestões.
- Compare preços. Utilize ferramentas online para comparar os preços entre diferentes supermercados e escolha onde fazer cada compra.
- Aproveite promoções. Planeie as refeições da semana em função das promoções disponíveis, especialmente em produtos com validade próxima.
- Produtos de marca própria. As marcas de distribuição podem oferecer poupanças significativas sem comprometer a qualidade.
- Mercados locais. Os produtos hortofrutícolas em mercados de proximidade são frequentemente mais baratos e mais frescos.
- Reduza o desperdício. Planeie as refeições, congele excedentes e evite compras por impulso.
- Compre da época. Opte por frutas e legumes da época, que são mais abundantes e, por isso, mais acessíveis.
Refira-se que para 2026, o Governo prevê uma inflação de 2,1%, segundo o Orçamento do Estado aprovado no Parlamento. No entanto, a inflação nos produtos alimentares tem-se mantido consistentemente acima da inflação geral, refletindo a pressão específica sobre este setor.
A verdade é que os portugueses já sentiram no bolso os aumentos de 2025. O cabaz alimentar monitorizado pela DECO PROteste subiu 10,61 euros (mais 4,55%) entre novembro de 2024 e novembro de 2025, custando agora cerca de 243,65 euros.