Ekonomista
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29 Jul, 2025 - 12:45

Acordo comercial UE-EUA: como afeta a economia portuguesa?

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Acordo comercial UE-EUA levanta preocupações. Saiba como as tarifas e a energia afetam exportações portuguesas e a economia europeia.

O novo acordo comercial UE-EUA reacende o debate sobre o equilíbrio entre livre comércio, autonomia estratégica europeia e proteção das economias nacionais. Com a imposição de tarifas aduaneiras aos produtos europeus e compromissos bilionários com energia norte-americana e material militar, Portugal enfrenta desafios significativos.

Como impactará este pacto as exportações portuguesas e o comércio transatlântico? Haverá espaço para a diversificação de mercados? Analisamos os efeitos práticos do acordo para a economia portuguesa e exploramos estratégias de resposta eficazes.

Tarifas aduaneiras e impacto económico direto

Efeitos no setor exportador português

As tarifas aduaneiras norte-americanas, fixadas em 15% para produtos europeus, representam um duro golpe para as exportações portuguesas. Setores como o têxtil, agroalimentar e metalomecânico podem sofrer quebras acentuadas nas vendas para os Estados Unidos, devido à perda de competitividade face a outros mercados com acordos mais favoráveis. Esta pressão externa obriga as empresas portuguesas a reverem as suas estratégias de internacionalização.

Abalo na economia europeia

A economia europeia enfrenta, neste cenário, um abalo económico numa fase de recuperação da pandemia e de instabilidade geopolítica. O pacto pode evitar uma guerra comercial aberta com os EUA, mas não resolve desequilíbrios estruturais. Segundo análise de especialistas como Marques Mendes, trata-se de “um acordo possível”, que visa preservar a relação transatlântica sem eliminar as fricções.

Estratégias de resposta para Portugal

Diversificação de mercados como prioridade

A diversificação de mercados tornou-se uma necessidade estratégica. O Governo deve, com o apoio dos parceiros sociais, identificar novos destinos para os produtos nacionais. África, América Latina e Sudeste Asiático destacam-se como alternativas promissoras, com economias em crescimento e interesse crescente por produtos portugueses de qualidade.

Suporte público e cooperação institucional

A criação de linhas de apoio à internacionalização é essencial para ajudar empresas portuguesas a enfrentar esta nova realidade. Incentivos financeiros, cooperação com a diplomacia económica e ações conjuntas com associações empresariais são passos relevantes. A coordenação entre Executivo e parceiros sociais, como defende Marques Mendes, mostra-se vital em períodos de crise internacional. Este tipo de resposta colaborativa também reforça o tecido económico nacional, criando maior resiliência.

Relações geoestratégicas no comércio transatlântico

Substituição energética e riscos de dependência

O acordo prevê a compra de energia norte-americana no valor de 750 mil milhões de dólares, em alternativa ao gás russo. Esta decisão fortalece a segurança energética da UE, mas levanta preocupações quanto ao aumento da dependência externa e possíveis pressões sobre os preços da energia a médio prazo em países como Portugal.

Investimento militar e implicações políticas

Outro ponto controverso diz respeito ao reforço das compras de equipamento militar europeu num montante adicional de 600 mil milhões. Ainda que visa estimular a indústria europeia de defesa e fortalecer a política externa da UE, esta medida simboliza uma aproximação geoestratégica clara a Washington, que pode vir a limitar a autonomia da Europa em matérias de segurança e diplomacia.

O acordo comercial UE-EUA é uma tentativa de equilibrar interesses económicos e políticos num contexto global instável. Apesar das desvantagens, como o impacto das tarifas aduaneiras nas exportações portuguesas e os compromissos energéticos e militares, o pacto evita danos maiores como uma guerra comercial. Portugal deve reagir com medidas coordenadas, promoção da diversificação de mercados e apoio às empresas para manter a sua viabilidade económica e competitiva.

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