Share the post "Apanha do porco nos Açores gera críticas por maus-tratos e uso de crianças"
A apanha do porco nos Açores volta a gerar polémica e indignação, desta vez com uma denúncia formal do PAN/Açores. A festa, inserida nas comemorações religiosas da freguesia de São Brás, na ilha de São Miguel, é acusada de promover maus-tratos a animais e expor crianças a atos de violência.
Com imagens chocantes a circular nas redes sociais, levanta-se o debate sobre os limites das festividades religiosas, a educação infantil e a urgente necessidade de reforçar a proteção animal em Portugal.
Maus-tratos a animais em festas tradicionais dos Açores
O que acontece na apanha do porco?
Durante esta tradição, leitões jovens são largados num recinto e perseguidos por adultos e crianças. Com frequência, os animais são agarrados de forma violenta, sacudidos pelo ar e arremessados ao chão.
Segundo o PAN/Açores, estes episódios exemplificam claros maus-tratos a animais, não apenas pela agressividade física, mas também pelo stress a que são submetidos. A situação agrava-se, refere o partido, porque os suínos não têm acompanhamento veterinário e acabam por ser abatidos sem os devidos cuidados.
Tradição em conflito com o bem-estar animal
Embora defendida por muitos como expressão cultural e parte das festividades religiosas Açorianas, a apanha do porco já não tem justificação ética à luz dos atuais padrões de respeito pelo bem-estar animal.
O PAN recorda que práticas culturais que envolvem sofrimento não devem ser perpetuadas e exige alterações legislativas que proíbam eventos como este. O caso reflete a urgência de reavaliar práticas culturais controversas em Portugal, onde a proteção animal está ainda longe do desejável.
Participação de crianças em eventos violentos
Impacto no desenvolvimento infantil
A presença ativa de crianças na apanha do porco levanta sérios alarmes sobre a educação e normalização da violência. Ao participar nestes atos, os menores podem perder sensibilidade em relação ao sofrimento e desenvolver uma perceção distorcida sobre empatia e compaixão. O PAN destaca que este envolvimento compromete o bom desenvolvimento emocional das crianças e notificou a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) para que sejam avaliadas responsabilidades.
Ação do PAN e apelos às entidades
O PAN/Açores apresentou queixa formal à CPCJ, alertando para o envolvimento infantil em atividades violentas promovidas como tradição. Também foi comunicada a diocese de Angra, pedindo que não tolere iniciativas que ostensivamente contrariam os princípios de dignidade e respeito à vida.
Caminhos para uma nova abordagem às tradições
Reformular sem perder identidade cultural
A conservação da identidade cultural não necessita perpetuar práticas que envolvam crueldade. O PAN defende que é possível atualizar tradições ancestrais como a apanha do porco nos Açores, promovendo eventos que valorizem a herança local sem recorrer a sofrimento animal. Partilhar a cultura deve andar de mãos dadas com os atuais valores de compaixão, dignidade e respeito pela infância.
Esta denúncia integra um movimento mais amplo promovido pelo PAN para alterar práticas culturais incompatíveis com os direitos dos animais e das crianças. Um exemplo recente foi a sua proposta de suspensão das touradas em baião, conforme descrito em “Touradas em Baião geram polémica legal e crítica do PAN”. Estas iniciativas apontam para uma nova direção política baseada na ética e promoção do bem-estar.
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