Baterias de carros elétricos: grande duração e substituições raras

Um dos receios mais comuns entre quem pensa adquirir um veículo da nova mobilidade prende-se com a durabilidade das baterias de carros elétricos e o eventual custo elevado da sua substituição.

No entanto, um estudo recente vem dissipar muitos destes mitos, revelando que as baterias dos automóveis elétricos duram mais do que se pensava e que as trocas são, de facto, bastante raras.

A Recurrent Auto, empresa norte-americana especializada em análise de veículos elétricos, conduziu uma investigação abrangente sobre a degradação das baterias, observando mais de 30.000 viaturas.

O trabalho utilizou observações telemáticas, dados de carregamento e aprendizagem automática para prever a evolução da autonomia ao longo do tempo.

Os resultados são animadores e foram substituídas menos de quatro por cento das baterias, uma estatística que inclui veículos com mais de uma década de utilização e que contempla substituições por degradação normal, danos ou defeitos de fabrico.

Baterias de carros elétricos: evolução tecnológica

Os dados revelam uma tendência de que quanto mais recente é o veículo, menor é a taxa de substituição de baterias.

Os automóveis produzidos entre 2011 e 2016 registam 8,3 por cento de trocas de baterias, os fabricados entre 2017 e 2021 apresentam dois por cento, e os modelos dos últimos três anos registam apenas 0,3 por cento.

Esta melhoria dramática deve-se aos avanços tecnológicos significativos na conceção das baterias de carros elétricos.

Os sistemas de refrigeração líquida modernos são mais eficientes a prevenir o sobreaquecimento durante os processos de carga, o que reduz substancialmente a degradação e a formação de dendritas, pequenas estruturas que podem causar curtos-circuitos.

Capacidade surpreendentemente estável

Um dos dados mais surpreendentes do estudo é que há marcas cuja autonomia disponível continua a 100 por cento da original após três anos.

Esta estabilidade deve-se, em parte, ao facto de os fabricantes poderem recorrer a atualizações de software para disponibilizar bateria de reserva ao longo do tempo, compensando o desgaste natural.

É importante notar que disponibilidade de autonomia e degradação da bateria não são conceitos equivalentes, ou seja, a bateria pode envelhecer gradualmente sem que isso se reflita imediatamente na autonomia utilizável.

Degradação natural: um processo lento

Embora a degradação seja inevitável, o ritmo é mais lento do que muitos receiam. Um estudo de 2019 revelou que as baterias perdem, em média, 2,3 por cento de capacidade por ano.

Na prática, isto significa que um veículo com 240 quilómetros de autonomia perderia cerca de 27 quilómetros ao fim de cinco anos de utilização.

As baterias modernas de iões de lítio são concebidas para suportar vários milhares de ciclos de carga, garantindo um longo tempo de vida útil.

A maioria dos fabricantes oferece garantias de sete a oito anos ou 150.000 a 160.000 quilómetros, assegurando que a bateria manterá pelo menos 70 por cento da sua capacidade durante este período.

Baterias LFP: a nova geração

A indústria tem vindo a migrar para baterias LFP (fosfato de ferro-lítio), que oferecem vantagens significativas sobre as anteriores baterias NCM (níquel, cobalto e manganês).

As baterias LFP são mais baratas, oferecem uma maior vida útil, são mais seguras e não sofrem tanta degradação com os ciclos de carga e descarga.

Podem ser carregadas a 100 por cento e descarregadas completamente sem os problemas que afetavam as gerações anteriores.

Uma descoberta particularmente interessante de um estudo do Stanford Battery Center sugere que as baterias, em condições reais de utilização, têm um tempo de vida útil até 38 por cento superior ao estimado em testes convencionais de laboratório.

Os perfis de utilização variados do dia a dia (com períodos de descanso entre utilizações) acabam por ser benéficos para a longevidade das baterias.

Com a evolução contínua da tecnologia, as garantias abrangentes oferecidas pelos fabricantes e a crescente capacidade das baterias de carros elétricos, estamos perante uma alternativa sólida e confiável aos veículos convencionais.

Para quem pondera a transição para a mobilidade elétrica, a durabilidade das baterias deixou de ser um motivo de hesitação.