Share the post "Comissão parlamentar de inquérito aos incêndios vai expor contratos e lucros ocultos"
A recém-anunciada comissão parlamentar de inquérito aos incêndios pretende desvendar os meandros económicos e políticos por detrás da gestão do fogo em Portugal. Com foco nos acontecimentos desde 2017, esta investigação vai analisar alegadas irregularidades, má utilização de fundos públicos e interesses instalados no que muitos já apelidam de “negócio dos incêndios“.
Corrupção nos contratos de meios aéreos sob investigação
A comissão parlamentar irá concentrar-se na corrupção nos contratos de meios aéreos, tema que tem gerado crescente polémica nos últimos anos. O elevado custo do aluguer de helicópteros e aviões, aliado à ausência de frota própria nacional, levanta sérias questões sobre a dependência de empresas privadas e a transparência dos concursos públicos.
A operação policial Torre de Controlo revelou suspeitas de fraude, cartelização e desvio de verbas destinadas ao combate aéreo aos incêndios. Em vez de investir em meios próprios, o Estado português continua a celebrar contratos milionários que, segundo críticas, beneficiam sempre os mesmos grupos.
Interesses económicos nos incêndios florestais
A comissão de inquérito investigará também os alegados interesses económicos nos incêndios florestais, que poderão estar a lucrar com a tragédia. Entre os focos estão o baixo custo da madeira queimada, rapidamente adquirida por grandes empresas do setor; os lucros da indústria de celuloses; e a repetida renovação de contratos para abastecimento de equipamentos anti-incêndio.
Além disso, suspeita-se que haja aproveitamento das áreas ardidas para fins de especulação imobiliária, nomeadamente em zonas turísticas e periurbanas. Este ciclo de destruição e lucro questiona se existe vontade real de prevenir os incêndios ou se estes se tornaram parte de um sistema lucrativo.
A investigação visa revelar estas potenciais ligações e denunciar quem poderá estar a beneficiar com a continuidade da destruição ambiental e social provocada pelos fogos. A clara ligação entre interesses comerciais e falhas do Estado será um dos pontos a apurar no trabalho parlamentar.
Falta de ação e ineficácia na prevenção de incêndios
Apesar das tragédias de 2003 e de 2017, marcadas por perdas humanas e milhões de euros em prejuízos, continua a notar-se ineficácia na prevenção dos incêndios. As mesmas falhas estruturais repetem-se ano após ano, sem que exista um plano nacional bem definido.
A falta de meios próprios para combate aéreo, a escassa gestão do território florestal e a atribuição ineficaz de fundos públicos são apenas algumas das críticas que sustentam a necessidade de uma profunda reforma no setor. Há quem questione se esta ausência de planeamento é apenas negligência ou parte de um sistema construído para manter determinados interesses protegidos.
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