Share the post "Dacia Spring está mais potente, mas mantém preço de combate"
Há elétricos que tentam ser naves espaciais. E há o Dacia Spring, que prefere ser um automóvel útil. O que só lhe fica bem. Nesta atualização, a marca não mudou o rumo, refinou-o.
A grande novidade vive debaixo do pé direito: dois novos motores elétricos, de 70 cv e 100 cv, a substituir os anteriores 45/65 cv. Mais fôlego, mais elasticidade, a mesma filosofia de eficiência e preço sensato. É um passo pequeno no papel, grande na vida real, especialmente em cidade, onde a resposta pronta é ouro.
A marca romena enquadra esta evolução numa estratégia de “promessa feita, promessa cumprida”. E basta lembrar o percurso recente: identidade visual renovada em 2022, motor mais eficiente em 2023 e, em 2024, um upgrade de fundo com desenho revisto e experiência mais digital.
Agora, 2025 traz a tal dupla mecânica e um comportamento dinâmico mais convincente, polido com intervenção cirúrgica na plataforma.
Dacia Spring: revisto e aumentado
O Dacia Spring acolhe a bateria numa secção central reforçada do piso. A estrutura ficou mais rígida e a distribuição de massas melhorada. Resultado? Carro mais plantado, previsível, sem perder a leveza de movimentos que sempre o favoreceu no pára-arranca.
Chega também, finalmente, uma barra estabilizadora de série em todas as versões, com novas afinações de molas e amortecedores. Em gíria de pista, é menos adornar e mais apoio. Em português simples, falamos de curvas com menos esforço e mais tranquilidade.
A Dacia mexeu também na aerodinâmica com carenagens na frente, laterais e traseira, e um novo spoiler a limpar o fluxo na zona superior da porta traseira. E, já agora, jantes de 15” passam a ser equipamento de série a partir da versão Expression. A aderência e a compostura agradecem.
Falando em consumo, o Dacia Spring aponta a 12,4 kWh/100 km (valor anunciado), número que casa com a receita de sempre, a de um elétrico enxuto e pragmático. Não há promessa de cruzar meia Europa com uma carga. Há, sim, foco no cenário real de utilização diária, que é onde o Spring sempre brilhou.

Visual um pouco renovado
No visual, o modelo mantém a identidade robusta, agora com pormenores afinados e uma nova cor Seafoam que lhe dá aquele ar fresco sem cair em excessos.
E na prática, como anda? O motor de 70 cv é a escolha natural para quem vive sobretudo entre semáforos e rotundas. Tem entrega suficiente para saídas resolutas e recuperações limpas nas 50–80 km/h.
O de 100 cv dá ao Spring uma margem extra em vias rápidas e ultrapassagens curtas. Não o transforma num hot-hatch, longe disso, mas retira aquela hesitação que alguns utilizadores apontavam quando a estrada abria.
O casamento com a plataforma revisitada é o segredo: direção com novo escalonamento elétrico (mais precisa), travagem mais potente e um piso que filtra melhor o mau asfalto do quotidiano.
Interior simples e funcional
Lá dentro, o ambiente continua simples, propositadamente simples. Botonagem direta, informação clara, zero pirotecnia. É a continuidade do tal “mais digital” lançado na grande atualização anterior, mas sem cair na tentação de três ecrãs e meia dúzia de menus escondidos.
A ergonomia está afinada, a visibilidade é franca, os espaços de arrumação continuam a resolver vidas (e mochilas, e sacos do ginásio). Honestamente, sabe bem entrar e… usar.

Dacia Spring: história de sucesso
A marca também sublinha o contexto comercial. Desde 2021, o Dacia Spring já soma 179 mil unidades na Europa e, só em 2025, vai acima das 17 mil, garantindo o 2.º lugar no mercado de elétricos vendidos a particulares (segmentos A, B e B-SUV).
Pergunta inevitável: e a autonomia, e os tempos de carga? A informação oficial foca-se, sobretudo, na nova dupla de motores, na plataforma e na eficiência. Não detalha aqui valores de autonomia homologada nem potências/tempos de carregamento.
Faz sentido, já que a mensagem é o comportamento e a usabilidade, onde de facto a engenharia mexeu mais.
No fim do dia, o renovado Spring continua a ser aquilo que o tornou relevante, mas melhor em tudo o que conta: respostas mais vivas (70/100 cv), chassi mais sólido, travagem mais confiante, consumo comedidíssimo e uma aerodinâmica penteada a régua e esquadro.
Sem fogos de artifício. Um elétrico pé-no-chão e, por isso mesmo, surpreendentemente adulto.