Cláudia Pereira
Cláudia Pereira
15 Out, 2025 - 19:30

Ex-presidentes de câmara reeleitos voltam com força nas autárquicas de 2025

Cláudia Pereira

Ex-presidentes de câmara reeleitos surpreendem nas autárquicas 2025 e recuperam poder em várias autarquias portuguesas.

As eleições autárquicas 2025 ficaram marcadas pelo inesperado regresso de diversos ex-presidentes de câmara reeleitos à liderança de municípios em todo o país. Após cumprirem a limitação de mandatos ou enfrentarem pausas estratégicas, muitos destes autarcas voltaram a conquistar a confiança do eleitorado.

Este fenómeno não só demonstra o peso da experiência na política local portuguesa, como também revela a crescente influência dos movimentos independentes e das dinâmicas internas dos partidos. Descubra quais foram os regressos mais surpreendentes que estão a moldar o novo mapa autárquico.

Autarcas de volta com vitórias expressivas

Nas urnas de 2025, vários nomes sobejamente conhecidos regressaram à linha da frente. Um dos casos mais emblemáticos foi o de Maria das Dores Meira, que conquistou a presidência da Câmara de Setúbal através do movimento independente SET-V, com o apoio do PSD. Após mandatos como presidente comunista entre 2006 e 2021, Meira surge agora como rosto de uma viragem política no concelho.

Também Luís Filipe Menezes, antigo líder do PSD em Vila Nova de Gaia, voltou à presidência após uma década de afastamento. A sua vitória traduz-se numa clara recuperação de influência social-democrata numa autarquia importante na Área Metropolitana do Porto.

João Azevedo, com histórico autárquico em Mangualde, obteve uma vitória de peso ao conquistar Viseu para o PS, afastando o veterano do PSD Fernando Ruas. Já António Miguel Pina deu o salto de Olhão para Faro, também garantindo novo fôlego ao Partido Socialista na região algarvia.

Autarquias recuperadas pelos partidos tradicionais

Na CDU, o regresso de quatro ex-presidentes demonstrou a força das candidaturas com raízes locais. Carlos Pinto de Sá (Montemor-o-Novo), Álvaro Beijinha (Sines), Luís Simão (Mora) e Manuel Coelho (Avis) voltaram à liderança dos respetivos municípios, em alguns casos após cumprirem a limitação de mandatos.

Pelo lado do PSD, destacam-se os regressos de João Marques em Pedrógão Grande e Rui Cruz em Vagos. Em Ponta do Sol, Rui Marques Luís recuperou a presidência da câmara aos socialistas, simbolizando a renovação da influência laranja na Madeira.

Derrotas surpreendentes nas autárquicas

Figuras conhecidas falham o regresso e ficam de fora

Se, por um lado, vários ex-presidentes de câmara reeleitos conseguiram regressar, outros viram as suas candidaturas fracassarem. No PS, nomes como Alberto Souto de Miranda (ex-Aveiro), que perdeu para o próprio irmão, Pedro Ribeiro (Almeirim), José Manuel Ribeiro (Valongo), Vassalo Abreu (Ponte da Barca) e Francisco Orelha (Cuba) não conseguiram convencer o eleitorado.

Do lado da CDU, Vítor Proença falhou em Santiago do Cacém, e outros históricos como Mário Pereira (Alpiarça), João Português (Ferreira do Alentejo) e Paulo Neto (Mértola) também ficaram aquém das expectativas do partido.

Ascensão de movimentos locais e dissidências partidárias

As eleições autárquicas de 2025 revelaram ainda o impacto crescente dos movimentos independentes nas autárquicas. António Beites Soares, dissidente socialista que concorreu em Belmonte com o apoio do “Nós, Cidadãos!”, venceu a autarquia após uma divisão interna no PS.

Já em Serpa, João Rocha decidiu avançar como independente, sem o apoio da CDU. A consequência foi a divisão dos votos e a perda de uma das últimas câmaras comunistas na região.

Em Santa Cruz das Flores, a eleição mais renhida ficou decidida por apenas oito votos, sinalizando como os pequenos partidos e as estratégias locais têm influência decisiva em cenários competitivos.

O papel da experiência e da notoriedade na política local portuguesa

Os resultados de tantos ex-presidentes de câmara reeleitos demonstram que os eleitores valorizam a experiência, o conhecimento do território e a capacidade já provada de gestão autárquica. Mesmo quando afastados por leis de limitação ou por decisões estratégicas dos partidos, muitos destes políticos mantiveram ligação próxima com os territórios, facilitando o regresso ao poder.

Quer seguir de perto o futuro político destes autarcas reeleitos? Partilhe este artigo e acompanhe os impactos destes regressos na sua região!

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