O Grupo Renault entra numa nova fase da sua história com a nomeação de François Provost como novo Diretor Executivo da Renault S.A. e Presidente da Renault S.A.S., num mandato de quatro anos que se inicia oficialmente a 31 de julho de 2025.
A decisão foi tomada por unanimidade pelo Conselho de Administração, numa altura em que a marca enfrenta desafios internos e externos de enorme magnitude.
A saída recente de Luca de Meo para o grupo de luxo Kering deixou um vazio que agora será preenchido por alguém da casa, conhecedor da sua cultura e dos caminhos que a empresa precisa de trilhar.
Tudo numa altura em que os desafios à indústria automóvel europeia são cada vez mais exigentes.
François Provost: um rosto da casa
Provost é um rosto conhecido dentro do universo Renault. Formado pela prestigiada École Polytechnique e pelo Corps des Mines, soma mais de duas décadas de carreira dentro do grupo, com um percurso que passou pela direção da Renault-Nissan Portugal, a liderança da Renault Samsung Motors na Coreia e a coordenação das operações da empresa em mercados tão desafiantes como a Rússia e a Ásia-Pacífico.
Desde 2023, liderava a área de Compras, Parcerias e Relações Institucionais, uma posição estratégica que o colocava já no centro das decisões mais sensíveis do grupo.
A sua nomeação chega num momento delicado. A Renault revê em baixa as suas previsões financeiras para 2025, o que já teve repercussões diretas nos mercados, com uma queda das ações e um abalo na confiança dos investidores.
A Europa, que representa mais de 70% das vendas do grupo, tem mostrado sinais de saturação e uma crescente pressão regulatória.
A tarefa de Provost será, por isso, dupla, ou seja, consolidar a rentabilidade na região e acelerar a expansão internacional, sobretudo em mercados emergentes, como América Latina, Turquia, Marrocos e Índia.
Plano estratégico
Além disso, o novo CEO herdará a execução do plano estratégico já em marcha até 2027, o qual prevê o lançamento de oito novos modelos e a diversificação do negócio para áreas como carregamento de veículos elétricos, software automóvel e financiamento digital.
Uma das frentes mais delicadas será a relação com os parceiros internacionais. A aliança com a Nissan precisa de ser revitalizada, e a colaboração com gigantes como a Geely e a Aramco deve ser aprofundada, especialmente no domínio das tecnologias híbridas e elétricas.
O momento pede liderança firme e visão estratégica, mas também sensibilidade política e espírito de negociação.
Provost tem a vantagem de conhecer os bastidores da Renault como poucos, tendo sido um dos arquitetos do plano “Renaulution”, desenhado por De Meo, e do qual se espera agora uma fase de maturação.
A sua postura discreta, mas determinada, pode ser o trunfo certo para garantir a continuidade sem sobressaltos e, ao mesmo tempo, preparar a empresa para um salto tecnológico e organizacional.
Esta nomeação representa mais do que uma simples mudança de liderança. É o início de um novo capítulo. François Provost chega ao volante da Renault num momento em que a estrada é sinuosa, mas cheia de oportunidades para quem souber conduzir com ousadia e estratégia.