Após meses de negociações intensas e repetidos impasses diplomáticos, Israel e o Hamas concordaram em avançar com a primeira fase de um cessar-fogo que visa pôr fim às hostilidades na Faixa de Gaza.
O acordo, mediado por uma coligação de países que inclui os Estados Unidos, Egito, Qatar e Turquia, prevê medidas imediatas de alívio humanitário e um plano faseado para a retirada parcial das tropas israelitas.
Segundo fontes oficiais citadas pela imprensa internacional, esta primeira fase inclui a libertação gradual de reféns israelitas ainda detidos em Gaza, em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinianos nas cadeias israelitas.
A par disso, Israel compromete-se a reduzir a presença militar em áreas densamente povoadas e a facilitar o acesso de ajuda humanitária internacional, permitindo a entrada de combustível, medicamentos e alimentos através dos pontos fronteiriços sob supervisão das Nações Unidas.
Gaza: observadores internacionais
A implementação será acompanhada por observadores internacionais e deverá decorrer durante as próximas semanas, com cada etapa dependente do cumprimento rigoroso da anterior.
A esperança é que esta trégua abra caminho a uma segunda fase de negociações, destinada a alcançar um cessar-fogo permanente e à reconstrução de Gaza, devastada por mais de um ano de ofensivas militares e bloqueios.
Apesar do tom cauteloso, a comunidade internacional recebeu o acordo com otimismo moderado. O presidente norte-americano, Donald Trump, elogiou o entendimento como “um passo histórico” e afirmou que os EUA “continuarão a garantir que ambas as partes cumprem os seus compromissos”.
Do lado israelita, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que o cessar-fogo “não significa o fim da guerra contra o terrorismo”, insistindo que Israel “manterá o direito de agir se o Hamas violar o acordo”.
“Vitória moral”
Em Gaza, porta-vozes do Hamas classificaram o pacto como “uma vitória moral” e garantiram que o movimento “respeitará os termos enquanto Israel fizer o mesmo”.
O grupo exige, porém, que as fases seguintes incluam a retirada total das forças israelitas e o fim do bloqueio económico e marítimo imposto ao enclave há mais de 15 anos.
A ONU, por sua vez, alertou que o sucesso do cessar-fogo dependerá da cooperação no terreno e da rapidez com que a ajuda humanitária chegue à população civil.
Estima-se que mais de 35 mil pessoas tenham morrido desde o início do conflito e que cerca de 80% da população de Gaza esteja atualmente deslocada.
O acordo representa, assim, uma pausa frágil mas significativa num conflito prolongado, marcado por ciclos de violência e tentativas falhadas de mediação.
Se esta primeira fase se concretizar sem ruturas, poderá finalmente abrir espaço a um processo político sustentado, algo que, até há pouco tempo, parecia impossível no coração de um dos conflitos mais complexos do mundo.