Share the post "Incêndios florestais em campanhas eleitorais preocupam autarquias desde 2017"
Os incêndios florestais em campanhas eleitorais transformaram-se num tema incontornável desde 2017, ano marcado pelas trágicas ocorrências em Pedrógão Grande e noutras regiões do país. Antes praticamente ausentes das propostas políticas, os fogos florestais tornaram-se um dos temas mais debatidos em campanhas autárquicas, trazendo à tona a necessidade de reforçar o papel das autarquias na prevenção, proteção civil e ordenamento do território.
Este artigo explora como a gestão florestal local se tornou uma prioridade e o impacto político destas mudanças no panorama autárquico em Portugal.
Mudanças nos programas eleitorais após 2017
Autarquias sob pressão para responder à opinião pública
Antes de 2017, os programas autárquicos raramente integravam políticas relacionadas com incêndios rurais. Um estudo do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil revelava um claro desinteresse por parte dos candidatos municipais quanto à inclusão de medidas de gestão florestal e prevenção de incêndios nos seus compromissos.
Contudo, a escala e trágicas consequências dos incêndios de 2017 mudaram este cenário. A forte comoção pública e pressão mediática forçaram os partidos e candidatos a introduzir o tema nos seus manifestos. Desde então, há um aumento visível no investimento municipal contra incêndios e no reforço das estruturas locais de proteção civil.
Responsabilidades e limitações dos municípios no combate aos fogos
Apesar de estarem cada vez mais envolvidos, os municípios enfrentam vários obstáculos práticos. Segundo especialistas como João Joanaz de Melo, as câmaras municipais possuem responsabilidades na prevenção, mas são frequentemente limitadas por escassez de recursos, meios técnicos e conhecimento especializado.
Para fazer frente a estas limitações, muitas autarquias têm apostado em parcerias com bombeiros voluntários, proteção civil local e associações florestais. A limpeza de terrenos, a criação de faixas de gestão de combustível e programas de sensibilização são agora medidas concretas incluídas nas propostas de vários candidatos às autarquias e colocadas em prática após eleições.
Ordenamento do território e proteção ambiental nos discursos políticos
Um debate cada vez mais presente nas campanhas eleitorais
O impacto político dos incêndios em Portugal está agora refletido na centralidade que o ordenamento do território e a gestão florestal ocupam nos debates eleitorais locais. Concelhos atingidos por incêndios recentes são mais propensos a apresentar propostas detalhadas sobre proteção florestal e políticas ambientais.
Como refere o investigador Domingos Xavier Viegas, “os autarcas sentem o problema no terreno” e estão cada vez mais conscientes de que a omissão deste tema nos programas eleitorais pode custar votos. Com isso, crescem as exigências para incluir políticas de gestão integrada do território e prevenção estrutural contra incêndios.
Ainda assim, persistem algumas abordagens demasiado simplistas por parte de certos candidatos, que se limitam a propor apoio logístico aos bombeiros, ignorando a necessidade de um plano estruturado a longo prazo.
Investimento municipal contra incêndios: da teoria à prática
Desde as tragédias de 2017, várias autarquias têm canalizado mais verbas para equipamentos, formação de agentes locais e elaboração de planos municipais de proteção civil. Este reforço do investimento municipal contra incêndios é visível em inúmeras regiões afetadas, demonstrando uma mudança gradual da teoria para a prática.
A integração de planos de emergência, programas de defesa da floresta contra incêndios e campanhas de sensibilização comunitária são iniciativas que passaram de promessas de campanha à execução efetiva.
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