Ekonomista
Ekonomista
28 Jul, 2025 - 10:30

Manipulação de vídeos por André Ventura? Mortágua denuncia deepfake político

Ekonomista

Mortágua acusa manipulação de vídeos por André Ventura e alerta para uso perigoso de IA na política portuguesa.

A alegada manipulação de vídeos por André Ventura provocou uma nova vaga de tensão no panorama político português. Mariana Mortágua, líder do Bloco de Esquerda, afirma que a sua voz foi usada digitalmente num vídeo divulgado nas redes sociais oficiais de Ventura, configurando um possível deepfake.

O caso agrava o já preocupante cenário de desinformação política, onde a tecnologia é usada para distorcer declarações e influenciar a opinião pública. Esta polémica levanta questões urgentes sobre ética, responsabilidade comunicacional e os perigos do uso de inteligência artificial em campanhas eleitorais.

Mariana Mortágua vs Chega: da divergência política ao ataque digital

A disputa entre Mariana Mortágua e André Ventura, já marcada por desacordos ideológicos, tomou uma dimensão mais grave com a divulgação de um vídeo manipulado que simula declarações suas completamente fabricadas. Mortágua não hesitou em denunciar a situação, acusando o líder do Chega de recorrer a práticas desonestas para criar impacto mediático.

No vídeo, que terá sido manipulado com tecnologia de inteligência artificial, é possível ouvir a voz da líder bloquista proferindo frases que ela garante nunca ter dito. Mortágua afirma que tais conteúdos são “uma tentativa perigosa de enganar os eleitores e degradar o debate público”. Para ela, o objetivo passa por alimentar a polémica e alcançar visibilidade à custa da verdade, estratégia recorrente na comunicação política de Ventura. A polémica surge numa altura em que o líder do Chega já se destaca pela sua aposta em campanhas virais com forte presença nas redes sociais.

Ética na comunicação e os limites do uso da tecnologia política

Este episódio relança o debate sobre a ética na comunicação partidária. O que no passado se limitava à retórica agressiva ou à manipulação de imagens, evoluiu agora para uma nova forma de ataque: o uso de tecnologias de IA para criar deepfakes — conteúdos que imitam vozes, faces e trejeitos com alta precisão.

A partilha desses vídeos como se fossem reais compromete a integridade do processo democrático. Ao manipular diretamente a percepção do eleitor, estas práticas colocam em risco o equilíbrio do discurso político. A líder do BE criticou abertamente o comportamento do Chega, afirmando que se trata de “política suja“, e que “nem eu, nem o Bloco, participaremos neste tipo de política“.

Apesar das graves acusações, o Chega sustenta a sua estratégia mediática no confronto direto e na exploração das redes sociais como palco principal da disputa política. No entanto, a utilização de IA para criar vídeos com discursos falsos ultrapassa limites éticos até agora respeitados por grande parte da classe política.

A situação evidencia como os vídeos falsos na política portuguesa se tornaram uma ferramenta influente e perigosa — muitas vezes operando fora de qualquer fiscalização efetiva. O eleitor torna-se assim vulnerável a informações manipuladas, perdendo a capacidade de distinguir discurso real de conteúdos fabricados.

Veja também