Share the post "Monopólio faz 90 anos! Quem perdeu noites a jogar este clássico?"
Em 1935, num momento em que o mundo ainda se recuperava da Grande Depressão, um novo jogo de tabuleiro começava a ganhar fama nos Estados Unidos da América. Chamava-se Monopólio e, em pouco tempo, passou de mero passatempo a fenómeno global.
Hoje, passados 90 anos, o Monopólio continua a ser sinónimo de serões em família, de rivalidades entre amigos e de memórias feitas de gargalhadas, pequenas discussões e, claro, aquela sensação de vitória quando se consegue levar alguém à falência.
É normal em datas festivas, ou reuniões de famílias, haver duras competições de Monopólio que, não raras vezes, entram noite dentro. Há mesmo quem deixe cuidadosamente o tabuleiro alinhado para retomar o jogo no dia seguinte.
Esta é a história de um jogo que ano após ano vai ganhando novas versões e muitos mais adeptos.
Monopólio: um conceito que vem de longe
A história do Monopólio é mais curiosa do que muitos imaginam. O conceito nasceu no início do século XX, pelas mãos de Elizabeth Magie, uma designer de jogos que queria demonstrar como os monopólios podiam ser prejudiciais para a sociedade.
O seu The Landlord’s Game, criado em 1904, tinha uma vertente quase pedagógica, mostrando a desigualdade gerada pela concentração da riqueza.
Anos mais tarde, Charles Darrow, um vendedor desempregado, redesenhou a ideia, simplificou o jogo e apresentou-o à Parker Brothers, que inicialmente rejeitou a proposta.
No entanto, com a procura crescente, a editora acabou por apostar no produto em 1935. O resto é história, com milhões de cópias vendidas, uma expansão internacional imparável e a transformação do jogo num ícone cultural.

Uma caixa cheia de curiosidades
O Monopólio não é apenas um jogo de tabuleiro. É também um repositório de histórias improváveis, detalhes curiosos e recordes que revelam a sua dimensão cultural.
- O famoso “Mr. Monopoly”: a personagem de bigode e cartola, que todos associamos ao jogo, só surgiu alguns anos depois do lançamento. O seu nome original é Rich Uncle Pennybags e foi inspirado nos magnatas americanos da época.
- Durante a Segunda Guerra Mundial: versões especiais eram secretamente enviadas a prisioneiros de guerra britânicos. No interior do tabuleiro escondiam-se mapas, bússolas, limas metálicas e até notas falsas, tudo para ajudar nas tentativas de fuga.
- O maior jogo de sempre: em 2016, para assinalar o 80.º aniversário, a Hasbro criou um tabuleiro gigante na cidade de Hamburgo, com 900 metros quadrados. Já entre jogadores, o recorde do jogo mais longo conhecido durou uns impressionantes 70 dias sem interrupções!
- As edições de colecionador: do Monopólio dedicado ao universo Star Wars a versões baseadas em cidades como Lisboa e Porto, ou até edições de luxo com peças em ouro e diamantes, estima-se que existam mais de 1.000 variantes do jogo em todo o mundo.
- A escolha da peça favorita: ao longo das décadas, as icónicas peças metálicas foram mudando. Algumas já “reformadas” incluem o candeeiro a petróleo, o cavalo e o carroça. Hoje, o cãozinho Scottie, o carro de corrida e o chapéu alto continuam entre os mais populares.
Monopólio no século XXI
Num mundo dominado pelo digital, poderia pensar-se que o Monopólio se tornaria obsoleto. Mas aconteceu exatamente o contrário.
A Hasbro reinventou o clássico, lançando versões digitais para smartphones, consolas e computadores, além de explorar novas formas de jogar com realidade aumentada e inteligência artificial.
Ainda assim, nada substitui o prazer de abrir a caixa física, distribuir as notas coloridas e ouvir o tilintar das peças metálicas.
O tabuleiro continua a ser palco de momentos únicos, onde a competição se mistura com humor, pequenas vinganças estratégicas e aquela frase que todos já ouvimos (ou dissemos): “Queres trocar a Avenida da Liberdade pela Estação do Rossio?”
Porque nunca sai de moda?
A resposta pode estar na sua simplicidade e, ao mesmo tempo, na intensidade que proporciona. É fácil de aprender, mas nunca é igual: cada jogo cria histórias próprias, rivalidades inesperadas e alianças improváveis.
Além disso, é uma cápsula cultural. Em cada país, as ruas e locais escolhidos para as versões locais refletem o imaginário urbano e social de cada sociedade. Jogar a versão portuguesa é, de certa forma, passear por uma Lisboa ou Porto reinventados.
Assim, aos 90 anos, o Monopólio não mostra sinais de cansaço. Continua a atravessar gerações, a reinventar-se e a ocupar lugar de destaque nas prateleiras das famílias. Mais do que um simples jogo de tabuleiro, é um ritual social que mistura estratégia, sorte e emoção.