Share the post "Morreu Francisco Pinto Balsemão: o legado de um pioneiro da democracia e dos media em Portugal"
Francisco Pinto Balsemão, antigo primeiro-ministro e fundador do Expresso e da SIC, morreu terça-feira, dia 21 de outubro, aos 88 anos, em Lisboa. A informação foi confirmada pela família, que adiantou tratar-se de causas naturais.
Figura incontornável da vida pública portuguesa, Balsemão deixa um legado que atravessa a política, o jornalismo e a economia dos media.
Quem foi Francisco Pinto Balsemão
Nascido a 1 de setembro de 1937, em Lisboa, Francisco José Pereira Pinto Balsemão licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa e iniciou cedo uma carreira que combinou jornalismo, política e gestão.
Foi um dos fundadores do Partido Social Democrata (PSD), em 1974, e assumiu o cargo de primeiro-ministro de Portugal entre 1981 e 1983, sucedendo a Francisco Sá Carneiro, após a tragédia de Camarate.
Durante o seu mandato, promoveu reformas estruturais e participou na Revisão Constitucional de 1982, que redefiniu o papel do Estado e preparou o país para a futura adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE).
O empresário que mudou a comunicação social em Portugal
Além da política, Pinto Balsemão destacou-se como empreendedor dos media. Em 1973 fundou o semanário Expresso, que se tornaria uma referência de jornalismo independente e analítico.
Mais tarde, criou o Grupo Impresa, responsável pelo lançamento da SIC, a primeira televisão privada portuguesa, em 1992. Sob a sua liderança, o grupo tornou-se um dos principais players do setor da comunicação em Portugal, com impacto direto na economia, na liberdade de imprensa e na inovação digital.
“A liberdade de imprensa é um pilar da democracia e um motor de desenvolvimento económico.”
— Francisco Pinto Balsemão
Contributo económico e visão liberal
A carreira de Pinto Balsemão foi marcada por uma visão liberal e europeísta da economia. No governo, defendeu políticas de abertura ao investimento e de modernização administrativa, lançando as bases para o crescimento e estabilidade que Portugal viria a consolidar nos anos seguintes.
Nos media, foi pioneiro na profissionalização da comunicação empresarial e na criação de um ecossistema mediático competitivo, com impacto no emprego, na publicidade e na economia digital.
O impacto no presente e o futuro dos media
Com o seu falecimento, Portugal perde um dos últimos grandes fundadores da democracia moderna. A sua vida profissional espelha o percurso de um país que passou da reconstrução política à maturidade económica e informativa.
O Grupo Impresa, ainda hoje detentor do Expresso e da SIC, enfrenta agora os desafios da transformação digital, da inteligência artificial e da sustentabilidade económica dos media, herdeiros de um legado que Pinto Balsemão ajudou a construir.
A morte de Francisco Pinto Balsemão encerra um ciclo de mais de seis décadas de influência ativa na vida pública portuguesa. Entre o poder político e o empresarial, deixa uma marca duradoura em como Portugal se comunica, se informa e se posiciona no mundo.
O seu percurso é também um lembrete de que o desenvolvimento económico e a liberdade de expressão caminham lado a lado.