Chegou uma notícia que mexe com as memórias de quem cresceu nos anos 80, 90 e 2000: a MTV vai deixar de emitir os seus canais de música até ao final de 2025. A Paramount Global confirmou que cinco canais — MTV Music, MTV 80s, MTV 90s, Club MTV e MTV Live — vão ser descontinuados em toda a Europa.
Durante décadas, a MTV foi o epicentro da cultura pop. Era o lugar onde estreavam videoclipes, onde se descobriam novos artistas e onde uma geração inteira aprendeu a dançar em frente à televisão. Hoje, a própria marca admite o que muitos já sentiam: o modelo perdeu fôlego.
O processo começa no Reino Unido e Irlanda, estendendo-se depois a países como França, Alemanha, Polónia e Hungria. Em Portugal, o silêncio chegará também, apenas a versão principal da MTV, dedicada ao entretenimento e reality shows, continuará no ar.
A razão por trás do “mute”
O encerramento não é apenas um corte de custos, embora a fusão entre a Paramount Global e a Skydance Media tenha acelerado a decisão. O verdadeiro motivo está na mudança de hábitos: a música já não vive na televisão.
Hoje, quem quer ver um videoclipe abre o YouTube, o TikTok ou o Spotify. O espectador deixou de esperar que a MTV decida o que está no ar — prefere escolher, ele próprio, o que quer ouvir e ver, no momento que quiser.
A MTV, por sua vez, tenta adaptar-se. Mantém presença digital forte, aposta em eventos globais como os MTV VMA e os EMA, e continua a explorar formatos mais próximos da cultura das redes sociais.
O impacto cultural
O fim dos canais musicais da MTV é mais do que uma mudança na grelha televisiva: é o encerramento de um capítulo da cultura pop. A MTV moldou estilos, influenciou gerações e foi o trampolim de artistas que definiram décadas.
Para muitos, a notícia tem sabor agridoce. Representa o adeus a uma época em que ligar a televisão era uma experiência coletiva — quando o videoclipe de uma nova música era um acontecimento. Agora, tudo cabe num scroll.
Depois da MTV: o que vem aí
O encerramento da MTV musical é também uma oportunidade para repensar a forma como se consome e produz música. A nova realidade pede que os artistas e criadores apostem em canais próprios de vídeo, com uma identidade visual coerente e reconhecível. O público quer proximidade, e isso passa por conteúdos híbridos que combinem videoclipes, bastidores e momentos de interação ao vivo.
As comunidades digitais tornaram-se o novo palco, espaços onde os fãs participam, comentam e partilham, criando ligações autênticas com os artistas. O marketing musical, por sua vez, precisa de acompanhar as dinâmicas dos algoritmos e das playlists, adaptando-se a um universo em que cada segundo conta.
A televisão pode perder um ícone, mas o espaço para a criatividade nunca foi tão grande — e, talvez, essa seja a verdadeira herança da MTV.