“Apagão” foi eleita a Palavra do Ano 2025 numa iniciativa promovida pela Porto Editora e pela Infopédia, reunindo 41,5% dos milhares de votos registados.
A escolha reflete o impacto profundo que a falha generalizada do fornecimento elétrico teve na vida dos portugueses, deixando milhares de pessoas sem acesso a transportes, comunicações e serviços básicos.
A 28 de abril de 2025, Portugal viveu um dos momentos mais marcantes do ano quando, pelas 11h33, uma falha do fornecimento elétrico paralisou o país.
O apagão ibérico teve origem numa cascata de falhas de tensão que começou no sul de Espanha, afetando toda a Península Ibérica e deixando o país praticamente sem energia durante quase um dia inteiro.
Os peritos confirmaram que se tratou de um aumento de tensão em cascata, cujas causas continuam a ser investigadas.
O relatório final sobre o apagão em Portugal e Espanha deverá ser publicado no primeiro trimestre de 2026, vários meses antes da data inicialmente prevista.
Apagão: uma palavra, múltiplos significados
Pela primeira vez, a edição de 2025 da Palavra do Ano introduziu uma nova funcionalidade que permitiu aos votantes justificar a sua escolha.
As justificações revelaram as diversas dimensões que esta palavra assumiu na memória coletiva dos portugueses.
O vocábulo destacou-se como um acontecimento histórico e o momento mais marcante do ano, conjugando sentimentos de incerteza e aflição com lições de vida e até a possibilidade inesperada de desconectar do mundo digital a que estamos permanentemente ligados.
O processo de seleção
A votação decorreu entre 3 e 30 de novembro através do site www.palavradoano.pt.
A lista de dez palavras finalistas foi elaborada com base em mais de 6.500 palavras submetidas por utilizadores, nas palavras mais pesquisadas no dicionário de língua portuguesa da Infopédia e na observação contínua da língua portuguesa nos meios de comunicação e redes sociais.
As outras finalistas
O pódio das palavras mais votadas ficou completo com “imigração”, que obteve 22,2% dos votos, e “flotilha”, com 8%.
A lista de finalistas incluía ainda outras sete palavras que marcaram 2025: “Agente (IA)” com 6,4%, “fogos” com 5,5%, “eleições” com 5,3%, “perceção” com 4,3%, “elevador” com 4%, “tarefeiro” com 1,9% e “moderado” com 0,9%.
Estas palavras retratam os temas e acontecimentos que marcaram a vida coletiva ao longo do ano, desde os desafios dos fenómenos migratórios e dos incêndios florestais até à crescente presença da inteligência artificial no quotidiano.
Tradição que reflete o país
A iniciativa da Palavra do Ano, promovida pela Porto Editora, tem vindo a espelhar os principais acontecimentos e preocupações da sociedade portuguesa ao longo dos anos.
Em 2024, ano em que se assinalaram os 50 anos do 25 de Abril, a palavra vencedora foi “liberdade”.
Nas edições anteriores, as palavras eleitas foram “professor” (2023), “guerra” (2022), “vacina” (2021), “saudade” (2020), “violência doméstica” (2019), “enfermeiro” (2018), “incêndios” (2017), “geringonça” (2016), “refugiado” (2015), “corrupção” (2014), “bombeiro” (2013), “entroikado” (2012), “austeridade” (2011), “vuvuzela” (2010) e “esmiuçar” (2009).
Esta sequência de palavras funciona como um retrato linguístico da última década e meia em Portugal, capturando os momentos que definiram a vida coletiva do país, desde crises económicas e sociais até celebrações históricas e desafios contemporâneos.
Este ano, um dia sem eletricidade bastou para relembrar a todos a importância do que frequentemente tomamos como garantido. E apagão ganhou.