É do senso comum: todo o cidadão trabalhador sonha com o dia em que põe um ponto final na carreira e se dedica a viver a vida com mais calma, colhendo os frutos do que fez.
Esse dia, no entanto, chega mais rápido do que parece, e pode apanhar-nos desprevenidos. É, por isso, preciso saber como planear a reforma, o que ter em conta nos anos anteriores e que cuidados ter ao longo da vida ativa para que o fim da carreira seja só o início de uma nova fase, melhor e mais tranquila.
6 dicas para planear a reforma com tempo
1. Prepare os seus salários
A ideia de passar a receber certo todos meses sem ter de trabalhar pode parecer tentadora, mas não vai ser tão cor-de-rosa como parece se não perder algum tempo antes a planear a reforma.
Lembre-se que o valor da sua reforma é calculado com base nos salários que foi tendo ao longo da carreira – e isso torna importante o esforço por conseguir salários gradualmente melhores ao longo dos anos.
Sim, vai ser um esforço, uma vida a lutar por algo melhor de forma incansável… Mas é tudo para que, no dia em que “arrumar as botas”, possa chegar a casa descansado com a perspetiva de ter sustento confortável até ao fim dos seus dias.
2. Prepare o abrandar de ritmo
Sobretudo para profissionais que levam vidas agitadas a transição para a vida de aposentado pode ser um choque. Passar de uma agenda cheia para dias seguidos sem nada para fazer pode ter um impacto negativo na sua saúde, por isso a melhor forma de preparar a reforma é ir abrandando o seu próprio ritmo nos anos que antecedem a paragem.
Verdade seja dita, quando chegar aos 60 anos já trabalhou o que tinha para trabalhar. Já não luta por uma carreira, já não ambiciona aquele lugar do topo. Ou está lá, ou provavelmente também já não lhe interessa. Comece a “desligar os motores”, a trabalhar mais devagar e a afastar-se de ambientes ‘stressantes’ e tóxicos.
A ideia é que a transição seja o mais suave possível e, claro, que lhe deixe boas memórias do tempo em que ainda trabalhava.

3. Prepare as suas poupanças
Claro que ninguém lhe vai dizer para parar de viver hoje para poupar para daqui a cinquenta anos, mas nunca é má ideia ir construindo um pé de meia para os dias de velhice.
Apesar de ninguém antes dos trinta anos pensar em planear a reforma, a verdade é que esta é precisamente a melhor idade para começar a fazê-lo: não só é mais fácil poupar nesta altura (porque não tem tantos encargos), como ainda por cima é dinheiro que ainda tem muitos anos para capitalizar. Assim, se quer preparar a reforma comece já a por um dinheiro de lado devagarinho.
4. Prepare o futuro
Estar reformado não tem de significar passar os dias sentado no sofá a ver televisão. Se já está a preparar a reforma, faça planos: aquela viagem que nunca fez, aquele instrumento que nunca chegou a aprender a tocar, aquele voluntariado que nunca recebeu o tempo que queria dedicar-lhe. Assim, no dia em que fechar a porta da empresa atrás de si, tem uma lista de objetivos que vão dar-lhe uma motivação para sair da cama todos os dias.
Além disso, a reforma é a altura perfeita para concretizar o que nunca pôde. Vendo bem as coisas, o risco financeiro tenderá a ser inferior, uma vez que já não vai deixar de comprar a casa que queria, não vai perder o emprego, nem vai correr o risco de, no mês seguinte, não ter salário. Se aquando da reforma tiver alcançado a estabilidade financeira, então esse é o momento de a aproveitar!

5. Prepare a família
As famílias são muito importantes na hora de preparar a reforma, porque é delas que nos chega o maior apoio de todos: o suporte emocional. Partilhe com a família o que pretende fazer. Quer dedicar-se aos netos? Quer viajar metade do ano? Quer mudar-se para aquela aldeia alentejana que há décadas lhe rouba suspiros?
As famílias são o principal apoio na fase de transição para a reforma, porque podem acompanhá-lo de perto e assegurar-se de que não há impacto emocional negativo envolvido. Também é importante que saibam os seus objetivos para que o mantenham motivado e incentivado a concretizá-los.
6. Prepare o parceiro
É comum, em casais de idades diferentes, um dos elementos reformar-se antes do outro. Nestes casos, é muito importante a partilha de informação com o parceiro, porque convém planear a reforma com ele.
Como já lhe dissemos, é possível (e comum) que a transição para a reforma tenha um impacto emocional relevante em si: passa de um dia programado para uma agenda livre, de uma lista de afazeres para uma enormidade de tempo livre. E, se tempo livre é ótimo quando temos o parceiro ao lado a fazer-nos companhia, pode ser massacrante quando o parceiro foi, como sempre, trabalhar de manhã cedo e só volta ao fim do dia.
Planear a reforma com o parceiro é mostrar-lhe a importância de se sentir acompanhado e compreendido. É pedir-lhe paciência nos primeiros tempos e, sobretudo, atenção aos sinais. Não é humilhação nenhuma prevenir quem vive consigo sobre as suas vulnerabilidades, por isso seja franco e peça colaboração. Quem divide a vida consigo não vai negar-lha, com toda a certeza.