A Black Friday leva muitas pessoas a olhar para o carrinho com expectativa, no entanto, nem todas as ofertas representam realmente uma poupança. Em muitos casos, os preços sobem semanas antes, para depois caírem no dia da campanha. O resultado são descontos que parecem incríveis mas que, na prática, são puro marketing.
O que deve ficar fora do carrinho
A Black Friday convida ao clique fácil e à pressa de garantir o “negócio do ano”. Mas, no meio da avalanche de promoções, há escolhas que saem caras. A euforia do momento e o receio de perder uma grande oferta abrem caminho às compras impulsivas. É aí que mora o perigo: adquirir produtos de que não se precisa ou que, com um pouco de paciência, estariam mais baratos noutra altura do ano. Para evitar arrependimentos, vale a pena conhecer os produtos que, apesar do desconto, não compensam.
Smartphones e tecnologia em fim de linha
Durante a Black Friday, é comum ver smartphones e gadgets de gerações anteriores com grandes cortes de preço. À primeira vista, parecem boas oportunidades, mas há armadilhas escondidas, pois, muitos desses modelos já não recebem atualizações de software ou de segurança, o que os torna vulneráveis a falhas e ataques. Além disso, podem ter desempenho limitado com aplicações mais recentes, câmaras desatualizadas e baterias com menor autonomia.
Para quem procura longevidade e boa performance, faz mais sentido investir num modelo mais recente, mesmo que o desconto seja menor. Também é aconselhável verificar o histórico de lançamentos da marca: se um novo modelo estiver prestes a sair, o preço do atual pode cair ainda mais nas semanas seguintes.
Roupa de Inverno e artigos sazonais
Embora as promoções da Black Friday sejam tentadoras, comprar roupa de Inverno nesta altura pode não ser a melhor decisão. As lojas estão ainda no início da estação e não sentem urgência em escoar stock, o que significa que os descontos aplicados são, na maioria dos casos, pouco significativos.
Muitos produtos são lançados propositadamente para esta campanha, com preços inflacionados para criar a ilusão de desconto. No fim da estação, pelo contrário, os saldos são mais agressivos e há maior margem para negociar preços, especialmente em artigos mais caros como casacos, botas ou peças técnicas.
Equipamentos de ginásio e material desportivo
Embora surjam algumas promoções interessantes na Black Friday, o momento ideal para comprar equipamento de ginásio costuma ser depois do Ano Novo. Nessa altura, a motivação inicial das resoluções de Janeiro começa a desaparecer e a procura diminui, o que obriga as marcas e lojas a baixar os preços para vender o stock acumulado.
Se a ideia é montar um espaço de treino em casa, faz mais sentido planear a longo prazo, comparar modelos com calma e esperar por campanhas mais vantajosas, onde o preço acompanha a utilidade real.
Cartões-oferta e pacotes pré-pagos
À primeira vista, os cartões-oferta parecem uma solução prática, seja para oferecer ou para uso próprio. No entanto, durante a Black Friday, estes produtos raramente trazem vantagens reais. Os descontos aplicados são geralmente simbólicos ou inexistentes, e muitos vêm com limitações pouco visíveis: prazos curtos de validade, exclusões de produtos, obrigatoriedade de uso em compras superiores ao valor do cartão ou restrições de utilização online.
Móveis e grandes eletrodomésticos
A compra de móveis e eletrodomésticos durante a Black Friday pode parecer uma boa ideia, mas nem sempre compensa. Estas categorias envolvem logística complexa como entregas agendadas, montagem e transporte, o que aumenta a probabilidade de atrasos, erros ou custos adicionais nesta altura do ano, em que o volume de encomendas dispara.
Os descontos aplicados são, por vezes, inferiores aos praticados noutras campanhas ao longo do ano, como saldos de Primavera ou liquidações de stock. A pressa em comprar sem comparar pode levar à escolha de modelos menos eficientes, com funcionalidades desnecessárias ou garantias pouco claras. Para decisões de maior valor, o ideal é planear com antecedência, acompanhar a flutuação dos preços e avaliar o custo total, não apenas o valor apresentado na etiqueta.
O verdadeiro desconto é a consciência
Comprar com inteligência é o melhor negócio. A Black Friday pode ser uma boa oportunidade, mas também uma armadilha para quem compra por impulso. Se não estava nos planos e o preço não é realmente uma pechincha, o melhor mesmo é deixar na prateleira, física ou digital.
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