Cláudia Pereira
Cláudia Pereira
18 Ago, 2025 - 17:45

Eleições autárquicas: como os partidos emergentes escolhem os seus candidatos?

Cláudia Pereira

Saiba como os partidos emergentes recrutam candidatos para as eleições autárquicas de 2025 em Portugal.

Com as eleições autárquicas de 2025 no horizonte, o recrutamento de candidatos autárquicos pelos partidos emergentes torna-se uma etapa decisiva para o crescimento dessas formações. Com pouca representação local, forças como o Chega, Iniciativa Liberal (IL), Livre ou JPP encaram o desafio de construir equipas credíveis, éticas e alinhadas com os seus princípios.

Mas como decorre esse processo? As respostas variam: entrevistas, convites, primárias abertas — cada partido revela uma estratégia distinta. Neste artigo, exploramos os modelos de seleção utilizados e o que eles indicam sobre a evolução da participação democrática em Portugal.

Estratégias de recrutamento para as eleições autárquicas de 2025

Entrevistas e verificação documental: a via seguida por Chega e IL

No Chega, o processo de seleção de candidatos começa pelas estruturas locais — concelhias e distritais — que propõem nomes à análise da direção nacional. Cada candidato deve fornecer registo criminal e comprovativos de inexistência de dívidas à Segurança Social e Finanças. Trata-se de uma abordagem orientada para garantir que os candidatos representam o “ADN do partido”.

Com uma aposta clara na visibilidade, o Chega apresenta 59 dos seus 60 deputados como candidatos — muitos para presidências de câmara — visando dar consistência ideológica à sua representação local. Conheça os 44 deputados candidatos do Chega que concorrem às câmaras.

Já a Iniciativa Liberal pretende duplicar a sua presença autárquica, candidando-se em cerca de 100 municípios. O processo de seleção inicia-se com entrevistas conduzidas pelas estruturas locais e nacionais, com foco na compatibilidade com os valores da IL. O registo criminal é obrigatório para os cabeças de lista. O método mostra-se pragmático e centrado na confiança política. Saiba mais sobre as 100 candidaturas e alianças em 30% dos municípios da IL.

Primárias abertas e ética política: a aposta do Livre

O Livre destaca-se por promover primárias em duas voltas, abertas a qualquer cidadão interessado, independentemente da filiação partidária. Um caminho que reforça a participação cidadã nas primárias e garante maior abertura no processo democrático interno.

Os interessados devem preencher um extenso formulário, revelando potenciais conflitos de interesse, experiências políticas anteriores e aceitação do código de ética e da declaração de princípios do partido. Esta exigência não apenas eleva o nível de exigência ética, como reforça a transparência do processo.

JPP valoriza proximidade e convites diretos

O Juntos Pelo Povo (JPP) opta por uma metodologia mais direta e personalizada. O partido recebe manifestações de interesse espontâneas e também identifica perfis potencialmente adequados em cada freguesia ou município. Após reuniões exploratórias, os nomes são apresentados à Comissão Política Nacional, que valida (ou rejeita) as candidaturas.

Apesar de não recorrer a estruturas formais como primárias ou entrevistas sistematizadas, o JPP busca a coerência entre os valores partidários e os perfis dos candidatos, assegurando um processo de proximidade e confiança mútua.

Requisitos legais e regulamentação ética

Entre os requisitos para os candidatos dos partidos políticos, destaca-se a entrega de documentação que comprove ausência de registo criminal e dívidas fiscais — exigências que, embora não obrigatórias por lei, são adotadas como padrões internos de integridade.

O Livre dá um passo além, exigindo compromissos formais com o seu código de ética. Estes sinais refletem uma tendência crescente entre os partidos emergentes para reforçar a credibilidade pública das suas candidaturas autárquicas.

Estas medidas, para além de contribuírem para a qualidade democrática local, funcionam como resposta à crescente exigência dos eleitores em relação à conduta dos representantes políticos.

O impacto destas estratégias no sucesso eleitoral local

As estratégias eleitorais dos partidos emergentes, refletidas nos diferentes modelos de candidaturas, determinam grande parte do seu sucesso nas autarquias portuguesas.

A pluralidade de métodos — entrevistas centralizadas, convites personalizados ou primárias abertas — mostra como cada partido se posiciona entre a eficácia interna e a representatividade externa. A participação cidadã, por exemplo, ganha força como alternativa à tradicional seleção interna, podendo motivar maior confiança e identificação por parte do eleitorado.

Com métodos que variam entre entrevistas exigentes, convites diretos e primárias inclusivas, estes partidos procuram posicionar-se como alternativas viáveis nas eleições autárquicas em 2025. Cabe agora aos eleitores avaliar não só os nomes propostos, mas também os processos que os legitimam.

Qual destes modelos de recrutamento acha mais compatível com uma democracia moderna e transparente? Partilhe este artigo nas redes sociais e diga-nos a sua opinião nos comentários!

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