Ekonomista
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29 Jul, 2025 - 08:45

Rendição da União Europeia aos EUA? Novo acordo divide Europa

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Novo pacto entre EUA e UE levanta críticas sobre cedências europeias em economia, energia e defesa. Descubra o que está em jogo e o papel de Portugal neste cenário.

 O novo pacto entre Bruxelas e Washington está a ser encarado por muitos analistas como uma autêntica rendição da União Europeia aos EUA. As cláusulas económicas e energéticas do acordo geraram uma onda de críticas, sobretudo pelo seu potencial impacto nos setores produtivos europeus e pela ameaça à autonomia estratégica do continente.

Mas o que significam concretamente estas cedências para as relações transatlânticas? E como deve Portugal reagir a esta dinâmica de forças em transformação? Neste artigo, analisamos a situação com dados concretos e perspetivas relevantes — e o que está verdadeiramente em jogo para o futuro da Europa.

Relações transatlânticas: uma parceria em desequilíbrio

Tarifas sobre produtos europeus e perdas comerciais

O acordo estabelece tarifas sobre produtos europeus em até 15%, que afetam diretamente indústrias estratégicas como o setor automóvel, agrícola e metalúrgico. Para países com economias exportadoras como Portugal, esta medida representa um obstáculo adicional à competitividade.

Embora os EUA justifiquem as tarifas com critérios de proteção económica, muitos vêem nesta imposição uma fragilização da parceria transatlântica e um sinal inequívoco da crescente rendição da União Europeia aos EUA.

De acordo com António Filipe, ex-deputado e atual candidato presidencial, estas medidas provam que “a Europa critica Trump pelo seu unilateralismo, mas na prática segue obedientemente as suas orientações”.

Gás natural dos EUA e dependência energética da Europa

Outro ponto polémico prende-se com o compromisso da UE em adquirir gás natural dos EUA no valor de 750 mil milhões de dólares. Esta dependência energética alternativa surge como substituto ao fornecimento russo, mas especialistas alertam para os seus elevados custos financeiros e riscos geopolíticos.

Segundo críticos, esta aliança com o setor energético norte-americano é uma mais uma das cedências da Europa aos EUA, privando o continente de uma política energética soberana e sustentável.

A NATO e o reforço das despesas militares na Europa

Pressão militar e autonomia em risco

Integrado no novo acordo está um reforço na exigência para que os Estados-membros aumentem o investimento em defesa e segurança, em linha com os interesses estratégicos dos EUA. Esta pressão para reforçar as despesas militares na NATO é vista como um passo atrás na consolidação de uma política externa e de defesa europeia própria.

Para António Filipe, trata-se de uma “subordinação total da UE à autoridade norte-americana, que trará impactos económicos na União Europeia, desviando verbas públicas de áreas sociais para o complexo militar”.

A perceção do pacto e paralelos com a austeridade

As medidas previstas no acordo evocam memórias negativas. Muitos comparam-nas às imposições externas sentidas na altura da troika. A crítica é clara: estão a abrir-se portas para uma nova vaga de ingerências externas — desta vez, com origem em Washington.

Portugal na política externa europeia

A voz portuguesa na negociação europeia

Portugal tem de assumir uma voz ativa dentro das instituições europeias. António Filipe sublinha que “o Governo português não pode compactuar com este rumo e deve posicionar-se contra acordos que prejudiquem a nossa economia.

Para manter a integridade da sua política externa portuguesa, o país deve continuar a defender a diversidade das relações económicas e diplomáticas, privilegiando estratégias que salvaguardem os seus interesses soberanos.

A manter-se este rumo, a Europa poderá perder não apenas competitividade económica, mas também a sua autonomia estratégica. Compete aos cidadãos, líderes e países-membros, como Portugal, questionar e participar ativamente neste debate essencial.

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