Share the post "Seguro de saúde: 4 milhões de portugueses vão pagar bem mais"
Os portugueses que têm seguro de saúde vão enfrentar aumentos significativos em 2026.
Segundo o estudo “2026 Global Medical Trend Rates Report” da Aon, os prémios dos seguros de saúde deverão subir cerca de 10%, um valor que ultrapassa largamente a inflação prevista de 2% pelo Banco de Portugal.
Em 2024, Portugal registou 4.060.378 milhões de pessoas com seguros de saúde, considerando apólices individuais e de grupo, de acordo com dados do Observatório dos Seguros de Saúde.
A adesão aos seguros de saúde continua a aumentar, sendo que o número de apólices totalizou 1.377.111 em 2024, mais 102.943 do que em 2023, representando um aumento de 8,1%.
Destas novas apólices, a maioria (80,7%) corresponde a contratos individuais, o que demonstra que são as famílias e indivíduos, mais do que as empresas, a impulsionar este crescimento.
Seguro de saúde: porquê este aumento?
Parte da pressão sobre os seguros de saúde deve-se à perceção criada na opinião pública de que o SNS não está a responder em situações de doenças graves, levando muitas pessoas a recorrer diretamente ao sector privado quando diagnosticadas com problemas de saúde.
No entanto, outros factores contribuem para esta escalada de custos.
Envelhecimento da população segura nas empresas e o prolongamento da idade ativa até à reforma exercem pressão adicional sobre os custos.
Transferência de custos do SNS para o privado em doenças de alto custo tornou-se mais comum, quando até há poucos anos as pessoas usavam o SNS neste tipo de patologias, mesmo tendo seguro privado.
Aumento dos preços nos prestadores de saúde após a pandemia, aliado à escassez de profissionais e consequente subida salarial, também inflaciona os custos.
Maior utilização dos serviços privados contribui igualmente para o aumento dos prémios.
Seguros individuais também sobem

Embora o estudo da Aon se foque sobretudo em seguros corporativos, é provável que os seguros individuais acompanhem esta tendência, embora não necessariamente com a mesma percentagem, mas sem diferir muito do aumento nos seguros corporativos.
Os seguros individuais já sofrem aumentos anuais relacionados com a idade do segurado, mas agora enfrentam também ajustes devido aos mesmos factores que afectam as empresas, como custos médicos elevados e maior utilização dos serviços privados.
Empresas apostam na prevenção
As empresas já começaram a tomar medidas de contenção para tentar manter os encargos com seguros dos trabalhadores.
Entre as estratégias adoptadas contam-se o aumento de copagamentos, ajustes nas franquias e a introdução de pequenas contribuições dos colaboradores para o seguro.
Programas de prevenção, rastreios e check-ups regulares, soluções de telemedicina e uma utilização mais eficiente dos planos são as principais apostas para reduzir a pressão financeira dos seguros de saúde sobre as organizações.
O aumento previsto para Portugal está em linha com as tendências globais. As previsões apontam para um aumento de 9,8% a nível global e de 8,2% na média europeia, o que coloca Portugal ligeiramente acima da média europeia.
As doenças oncológicas e cardiovasculares continuam a ser as patologias que mais pesam nos custos dos seguros de saúde, seguidas das musculoesqueléticas, respiratórias e condições de saúde mental.
Os principais factores de risco incluem o envelhecimento, falta de rastreios, hipertensão, sedentarismo e factores genéticos.