Cláudia Pereira
Cláudia Pereira
03 Mai, 2025 - 14:30

Ser mãe ao longo das gerações: o que mudou e o que ficou igual

Cláudia Pereira

A maternidade evoluiu ao longo do tempo. Da disciplina rígida ao diálogo aberto, um olhar honesto sobre as mães de ontem e de hoje.

A maternidade é intemporal. Mas o modo como se vive essa experiência muda com os tempos. Antigamente, ser mãe era mais comando do que conversa. Regras rígidas, pouco espaço para perguntas. A autoridade era quase sagrada. As mães eram firmes, por vezes duras. Faziam o que achavam ser o melhor. E pronto.

Hoje, o cenário é outro. Mais diálogo, mais partilha. A figura da mãe ganhou novas formas. Educadora, profissional, gestora do lar, amiga, psicóloga — tudo num só pacote. Mas será que tudo mudou mesmo?

O que era ser mãe no tempo das avós

Na década de 1950, o lar era o território da mãe. Criar filhos era tarefa assumida quase a tempo inteiro. O pai sustentava, a mãe educava. Cada um no seu papel, sem grandes desvios.

A autoridade materna era firme. A última palavra era dela — e muitas vezes não vinha com explicação. Um simples “porque sim” bastava.

Não se falava em equilíbrio emocional. Sentimentos ficavam para segundo plano. Criança que chorava, ouvia logo: “engole as lágrimas”.

O que trouxe a geração seguinte

Nos anos 80 e 90, muita coisa começou a mudar. As mães entraram no mercado de trabalho com mais força. As responsabilidades passaram a ser divididas — ainda que de forma desigual.

Ser mãe tornou-se uma missão a tempo inteiro e fora de horas. Era preciso dar conta de tudo. Casa, filhos, trabalho. Sem falhar.

A ideia de “mãe perfeita” ganhou espaço. Esgotamento? Não se dizia. Era fraqueza, achava-se. Psicologia infantil? Um conceito em fase de teste, e com muita resistência.

E hoje, o que é ser mãe?

Hoje, a informação circula mais rápido. Há livros, podcasts, redes sociais. As mães procuram saber, questionam, desconstroem modelos antigos.

Fala-se de parentalidade consciente, de empatia, de escuta ativa. Fala-se de limites com afeto, de inteligência emocional. Mas, no meio de tanta teoria, surgem novas dúvidas. Novas pressões.

A exigência continua. Mudou o formato, não a intensidade. Agora, espera-se que a mãe esteja sempre disponível, equilibrada e feliz — tudo ao mesmo tempo.

O que nunca mudou

O instinto de proteger. A preocupação constante. A culpa, sempre à espreita. Ser mãe é entrega. É improviso. É amar sem manual. Cada geração encontra o seu caminho. Mas todas tentam o mesmo: cuidar da melhor forma possível.

Muda o tempo, muda o estilo, mas ser mãe continua a ser uma das maiores aventuras da vida. Com poucas certezas e muitas tentativas. No fim, o coração de mãe bate sempre igual — no passado, no presente e no que ainda está por vir.

Veja também