Ekonomista
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07 Nov, 2025 - 19:00

Cerca de 34% da nossa equipa é composta por imigrantes qualificados

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Entrevista a Eduardo Taborda, CEO da Syone – software house e empresa de IT outsourcing que reúne profissionais de 18 nacionalidades e fornece especialistas em tecnologias de informação para diversos mercados europeus.

Ekonomista – Portugal atravessa um momento em que o tema da imigração qualificada e o papel destes profissionais na economia nacional é objeto de aceso debate. Como é que esse tema é encarado por um player no domínio das tecnologias da informação como a Syone?

Eduardo Taborda – Na Syone, este é um tema que encaramos com naturalidade, responsabilidade e pragmatismo. Acreditamos que a imigração qualificada é uma realidade necessária num setor altamente competitivo como o das tecnologias de informação, onde a procura por talento especializado continua a crescer muito mais rapidamente do que a oferta disponível no mercado nacional. A nossa abordagem, tal como temos vindo a praticar, é legal, estruturada e ética, cumprindo todos os requisitos legais e promovendo sempre a integração dos nossos profissionais. O nosso foco é contribuir com uma perspetiva positiva e factual sobre este movimento, reconhecendo o valor que os profissionais estrangeiros acrescentam às equipas, aos projetos e à economia nacional.

Ekonomista – Qual o nível de diversidade de origens dos quadros da Syone?

Eduardo Taborda – A diversidade é uma das forças da nossa equipa. Atualmente, temos profissionais de 18 nacionalidades diferentes, incluindo Brasil, Venezuela, EUA, Paquistão, França, Irlanda, Angola, entre outras. Este cenário é reflexo de uma política inclusiva e de um setor que, por natureza, é global. Neste momento, cerca de 34% da nossa equipa é composta por profissionais imigrantes qualificados, e 3% foram contratados já com formação superior e experiência fora de Portugal.

Ekonomista – Que tipo de apoios ou informação é possível à Syone prestar a um profissional de tecnologias de informação, originário de um país fora do espaço Schengen que queira trabalhar em Portugal ou num cliente da Syone na Europa?

Eduardo Taborda – Na Syone, acompanhamos de perto todo o processo de integração dos profissionais estrangeiros. Prestamos apoio através de parceiros especializados para garantir que todos os trâmites são realizados de forma correta e eficiente. O nosso compromisso é garantir uma transição tranquila e segura para quem escolhe trabalhar connosco, respeitando sempre as normas legais e os direitos dos profissionais.

Ekonomista – Que atrativos tem Portugal para um profissional de TI que queira trabalhar e viver no nosso país?

Eduardo Taborda – Portugal tem vindo a afirmar-se como um dos destinos mais atrativos para profissionais de TI. Oferece um ambiente de inovação tecnológica em crescimento, com hubs internacionais, eventos de referência e uma comunidade técnica muito ativa. Além disso, o país oferece qualidade de vida, segurança, clima ameno e um sistema de saúde e educação acessíveis. Muitos dos profissionais estrangeiros que integram a Syone destacam também a hospitalidade e a facilidade de adaptação ao estilo de vida português.

Ekonomista – Para quem não trabalha nesta área, o que distingue as áreas de nearshore e outsourcing?

Eduardo Taborda – Embora estejam relacionadas, nearshore e outsourcing têm algumas diferenças importantes. Outsourcing refere-se à delegação de serviços ou funções a uma empresa externa, seja ela nacional ou internacional. Nearshore, por outro lado, é uma forma específica de outsourcing em que os serviços são prestados a partir de um país próximo geograficamente, com fuso horário semelhante, o que facilita a comunicação e a colaboração.

Na Syone, combinamos o melhor dos dois mundos. Oferecemos aos nossos clientes serviços de Outsourcing de IT altamente especializados, com modelos flexíveis, desde alocação de recursos a equipas completas, adaptados às necessidades dos nossos clientes. Além disso, disponibilizamos um modelo de Nearshore que presta serviços para clientes em toda a Europa em áreas como desenvolvimento de projetos chave na mão, gestão de infraestruturas e serviços de IT, suporte e manutenção de sistemas críticos, entre outros.

Este modelo oferece aos nossos clientes acesso a talento altamente qualificado, redução de custos operacionais, maior escalabilidade e total alinhamento com os seus objetivos de negócio. A nossa localização em Portugal permite-nos responder com rapidez e eficácia, mantendo um alto nível de proximidade e envolvimento.

Em resumo, tanto o outsourcing como o nearshore são estratégias que potenciam o desempenho tecnológico das empresas, e na Syone temos orgulho em ser um parceiro de confiança para empresas que procuram inovar, escalar e transformar os seus negócios através da tecnologia.

Ekonomista – Em que medida o open source, pela escala de utilização global, permite aos profissionais e às empresas participar em projetos noutros mercados com maior facilidade que sistemas fechados?

Eduardo Taborda – O open source é, por definição, colaborativo e global. Permite que profissionais e empresas de qualquer parte do mundo contribuam para projetos, acedam a tecnologias de ponta e partilhem conhecimento sem as barreiras típicas dos sistemas proprietários. Esta abordagem promove uma maior integração entre mercados e acelera a inovação. Na Syone, somos um Competence Center de tecnologias open source, com projetos em múltiplos países e setores, precisamente porque essa abertura tecnológica permite-nos operar num ecossistema mais ágil e interconectado.

Ekonomista – A Inteligência Artificial é cada vez mais predominante no software, mas em vários estudos tem-se verificado que as empresas têm alguma resistência à sua adoção. O que se passa? A IA pode ser abordada pelas empresas como um todo, ou é importante segmentar recursos e necessidades?

Eduardo Taborda – A resistência que algumas empresas ainda demonstram em relação à adoção da Inteligência Artificial está muitas vezes associada a três fatores principais: desconhecimento sobre o seu real potencial, receio da complexidade envolvida na implementação e preocupações com a segurança das soluções, especialmente no que diz respeito à proteção de dados e à privacidade da informação.

É importante reforçar que a IA não deve ser encarada como uma solução mágica, mas sim como uma ferramenta com um enorme potencial de transformação, desde que aplicada com objetivos bem definidos, um plano estruturado e total atenção à segurança dos sistemas e à conformidade legal.

Para isso, é essencial que as empresas segmentem as suas necessidades e identifiquem onde a IA pode efetivamente gerar valor, seja através da automação de processos repetitivos, da previsão de padrões de comportamento, ou da análise avançada de dados em tempo real. A escolha da abordagem certa depende sempre do contexto e da maturidade digital de cada organização.

Na Syone, apoiamos os nossos clientes em todas as fases deste caminho: desde a definição da estratégia de IA, à implementação segura e ética das soluções, garantindo que tudo é feito com transparência, foco nos resultados e total conformidade com as boas práticas de segurança e proteção de dados.

Ekonomista – O que é que as tecnológicas portuguesas têm para oferecer que as distinga de outras empresas europeias, norte-americanas ou até asiáticas?

Eduardo Taborda – As tecnológicas portuguesas combinam talento técnico altamente qualificado com uma capacidade de adaptação e agilidade muito valorizadas no mercado internacional. O ecossistema português é conhecido pela sua capacidade de inovação, custo competitivo, conhecimento técnico e forte orientação para resultados. Além disso, as empresas portuguesas, como a Syone, apostam numa cultura de proximidade, colaboração e compromisso com a qualidade, que muitas vezes faz a diferença na experiência do cliente.

Ekonomista – Como é que as empresas portuguesas podem ser mais competitivas em matéria tecnológica no contexto europeu?

Eduardo Taborda – A competitividade passa por três pilares: investimento em talento, aposta em inovação e internacionalização sustentada. É essencial continuar a apostar na formação contínua das equipas, adotar tecnologias emergentes como a IA e o open source e trabalhar com parceiros estratégicos. Na Syone, temos uma rede consolidada de parcerias com líderes como Red Hat, Elastic, Microsoft e Zabbix, que nos permite trazer o melhor da tecnologia global para os nossos clientes.