Miguel Pinto
Miguel Pinto
21 Out, 2025 - 10:00

Espanha quer acabar com a mudança da hora na Europa

Miguel Pinto

A mudança da hora é uma realidade já assimilada por toda a gente. Mas Espanha tem uma proposta para acabar com esta prática na Europa.

mudança da hora

Nos corredores de poder europeus ganha força a discussão em torno da possível abolição da mudança de hora bi-anual (a transição entre hora de Verão e hora de Inverno) e entre os Estados-membros há quem avance com propostas concretas.

Espanha surge como um desses países que admite levar à União Europeia (UE) a sua intenção de pôr fim à alteração das horas.

O procedimento vigente na Europa obriga todos os países membros da UE a adiantar os relógios uma hora no último domingo de Março e atrasá-los no último domingo de Outubro.

Segundo a imprensa espanhola, o Governo liderado por Pedro Sanchez admite que a mudança de hora possa deixar de estar em vigor depois de 2026, embora tenha deixado claro que qualquer alteração dependerá da decisão global a nível europeu e de que não decidiu ainda qual será o fuso-horário permanente.

Razões para pôr fim à mudança de hora

Os argumentos que sustentam esta intenção são variados e tocam tanto a vida quotidiana como a economia e a saúde pública.

Um dos fatores frequentemente referidos é o impacto da mudança de hora nas rotinas, no descanso, na produtividade e no bem-estar.

Há estudos que associam a alteração da hora a problemas de ritmo circadiano, diminuição de foco ou aumento de acidentes nas semanas seguintes à transição.

Adicionalmente, a utilidade real da mudança de hora (historicamente justificada por supostas poupanças de energia) encontra-se hoje em debate. Alguns relatórios indicam que os benefícios são reduzidos ou até inexistentes no contexto atual de consumo e iluminação.

Espanha, além disso, considera que a harmonização europeia exige que qualquer medida seja concertada. Não basta que um país elimine a mudança de hora para que tudo funcione de forma fluida.

A coordenação entre países é essencial para evitar desencontros no transporte, comércio, comunicação e atividades transfronteiriças.

Quais são os desafios?

Apesar da intenção estar em aberto, os obstáculos são muitos. A nível da UE, a proposta de eliminar a mudança de hora foi aprovada pelo Parlamento Europeu em 2019, mas esbarrou depois na dificuldade de estabelecer uma posição comum entre os Estados-membros.

Um dos principais desafios prende-se com a escolha entre manter permanentemente a hora de Verão (às vezes chamada “summer time”) ou a hora padrão de Inverno.

A decisão tem consequências para o nascer e pôr-do-sol, para o fuso real em relação ao solar, para a vida familiar, laboral e para a economia.

Para Espanha, situada geograficamente num fuso que historicamente não corresponde ao seu horário oficial (UTC+1 em vez de UTC+0 em grande parte da Península), a questão adquire contornos culturais e sociais adicionais.

O que pode mudar para os cidadãos?

Se a proposta avançar e for aprovada, os cidadãos espanhóis (e outras populações europeias) deixar-iam de ajustar os relógios duas vezes por ano.

Isto significaria fim do “horário de Verão” e do “horário de Inverno” alternados, passando a vigorar um único horário permanente. Na prática, menos alterações nos dispositivos, menos potencial desajuste do ritmo biológico, e mais estabilidade nas rotinas diárias.

Contudo, haverá implicações. Se for escolhido manter o horário de Inverno como norma, em muitas zonas da Península Ibérica o nascer do sol poderia acontecer mais tarde no Inverno, o que poderia ter impacto em segurança rodoviária, horários escolares e no humor das pessoas.

Se for escolhido o horário de Verão como permanente, no Inverno o pôr-do-sol será muito mais tardio, o que pode influenciar o horário de descanso, de lazer, de comércio.

Entretanto, para já, a hora volta a mudar no próximo domingo.

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