Share the post "Quer comprar uma aldeia inteira em Viseu? Custa 1,7 milhões"
Póvoa Dão é uma aldeia escondida entre vinhas e colinas a poucos quilómetros de Silgueiros, no concelho de Viseu, onde o rio Dão serpenteia devagar.
Um lugar de pedra, de luz quente ao entardecer e de um silêncio que parece ensaiado. Hoje, esse pedaço de história procura um novo dono, já que está à venda por cerca de 1,7 milhões de euros, num leilão que tem despertado curiosidade e nostalgia em partes iguais.
O lugar, também conhecido como “Aldeia Histórica da Póvoa Dão”, ocupa 100 hectares e reúne cerca de 40 casas de granito, todas cuidadosamente reabilitadas nas últimas décadas.
O projeto de recuperação começou nos anos 1990, quando o local estava praticamente abandonado e restavam apenas quatro habitantes. Foi vendida por 80 mil contos à altura (400 mil euros) e iniciou-se a renovação.
Desde então, a aldeia foi transformada num pequeno aldeamento turístico, com restaurante, piscina, campo de ténis, capela, zonas ajardinadas e até um acesso direto ao rio Dão.
Póvoa Dão: oportunidade de investimento
O anúncio do leilão descreve-a como uma “oportunidade única de investimento”, e, de facto, há poucos imóveis assim em Portugal.
Não é apenas o valor histórico e arquitetónico que se vende, é uma atmosfera. O granito, o cheiro da terra depois da chuva, as varandas em madeira escurecida, as portas antigas com ferrolhos de ferro trabalhado.
Cada casa conta uma história, e todas juntas parecem guardar um segredo comum: o da persistência rural num país que, aos poucos, se foi virando para o litoral.
A Leilosoc, responsável pela venda, aponta a Póvoa Dão como ideal para projetos de turismo sustentável, enoturismo ou eco-resorts de charme. E faz sentido.
Situada numa das zonas mais belas da Região Demarcada do Dão, rodeada por vinhas e a cerca de 14 minutos do centro de Viseu, a aldeia tem tudo o que o viajante contemporâneo procura, como autenticidade, paisagem e distância suficiente para desligar o telemóvel sem culpa.
Repositório de memórias
Mas há também aqui um lado poético difícil de ignorar. Comprar uma aldeia inteira é um ato quase simbólico. É adquirir paredes com alma, um pedaço da memória coletiva, uma herança feita de telhados irregulares e caminhos de terra.
É, de certo modo, um gesto de recuperação, de devolver vida a um espaço que já teve vozes, fogueiras acesas e festas de verão. E talvez seja essa a razão por que a notícia tem gerado tanto fascínio.
No fundo, a venda da Póvoa Dão é também um espelho do que Portugal é hoje, ou seja, um país entre o passado rural e o presente turístico, entre a saudade e a modernidade.
O valor base do leilão é de 1 699 898 euros, com licitações a decorrer online até 5 de dezembro. O comprador levará não só a propriedade, mas uma rara combinação de história e potencial económico.
O projeto original previu a auto-sustentabilidade da aldeia, com energias renováveis, reaproveitamento de águas, e uma lógica de integração total na natureza.
É um exemplo de requalificação rural bem executada e um lembrete de que o interior pode ser um espaço de futuro, desde que alguém tenha a visão (e o investimento) certos.
