Share the post "Aldeia Velha do Juriz: caminhada à aldeia medieval desaparecida"
Escondida entre vales verdejantes e colinas onduladas, a Aldeia Velha do Juriz ergue-se como um dos segredos mais bem guardados do norte de Portugal.
Dizem os arqueólogos que poderá tratar-se da aldeia medieval de Sancti Vicencii de Gerez, referida nas Inquirições Afonsinas de 1528.
Da aldeia propriamente dita, pouco mais resta que alguns muros e vestígios de arruamentos, onde existiam aproximadamente 40 casas.
No entanto, encontra-se envolvida numa paisagem marcada por uma exuberante cobertura vegetal que confere às ruínas uma beleza invulgar.
Num dos extremos, pode-se encontrar um pequeno outeiro a que a população chama de Castelo, com rasgos de uma planta que poderia corresponder a uma pequena atalaia.
Alguma imaginação popular diz que a aldeia foi abandonada devido à peste negra, outra diz que foi devido a uma peste de formigas.
Certo é que foi abandonada durante o século XV, tempo de fomes, pestes e guerras. Nunca mais seria recuperada. Ali, o passado não é apenas memória. É presença viva nas pedras, nos caminhos de lajes gastas e no murmúrio suave das fontes que refrescam quem chega.
É uma caminhada fantástica, onde é preciso estar muito atento para perceber alguns dos vestígios que ainda perduram.
Aldeia Velha do Juriz: raízes nobres
Os primeiros registos escritos mencionam o nome Juriz já no século XIII, associado a uma família nobre que terá mandado construir o primitivo solar fortificado, cujos vestígios ainda se adivinham na parte alta da aldeia.
Durante séculos, a vida por estas bandas foi feita de agricultura de subsistência, do cultivo de cereais e da pastorícia, mantendo tradições que persistem até hoje.
Na Aldeia Velha do Juriz, o ritmo abranda e convida a contemplar detalhes que, noutra parte, passariam despercebidos.
A melhor forma de chegar à Aldeia Velha do Juriz é percorrer o Trilho da Aldeia Velha do Juriz, um percurso pedonal com cerca de 6 quilómetros (ida e volta), bem sinalizado e que oferece vistas deslumbrantes sobre a paisagem rural da região.
O percurso é fácil e pode ser feito em cerca de 2 horas.
Pitões das Júnias: o carisma das serranias

E é precisamente no coração do Gerês que se descobre outro lugar único. Falamos de Pitões das Júnias, uma das aldeias mais carismáticas da serra.
Situada a mais de 1100 metros de altitude, rodeada por montes agrestes e lameiros que parecem estender-se até ao horizonte. Chegar lá é descobrir um refúgio onde a natureza se encontra praticamente intocada e onde o silêncio tem uma profundidade rara.
Logo à entrada da povoação, o casario de granito, robusto e austero, revela a arquitectura tradicional das terras altas, pensada para resistir aos invernos rigorosos.
Entre ruas estreitas, lareiras acesas e hortas cuidadas, sente-se uma atmosfera de autenticidade que conquista quem chega com espírito curioso.
Um dos maiores atrativos da aldeia é o Mosteiro de Santa Maria das Júnias, recuado num vale verde e isolado, a pouca distância a pé do centro.
Este antigo cenóbio, fundado no século XII, conserva ainda parte da igreja românica e ruínas do claustro, envoltos numa paisagem de pastagens e afloramentos graníticos.
A visita vale tanto pela história como pela envolvência, sobretudo ao entardecer, quando a luz se torna dourada e o único som é o do ribeiro que corre junto às paredes do mosteiro.
Quem gosta de caminhadas pode aventurar-se por diferentes trilhos que ligam Pitões a outras aldeias ou subir aos miradouros naturais de onde se avista toda a imponência do Gerês.
A viagem até lá, feita por estradas serpenteantes com paisagens de cortar a respiração, é já por si uma experiência memorável.
Gastronomia excelente
Depois de passear pelos espetaculares trilhos, nada melhor do que provar algumas iguarias locais.
O cabrito assado no forno a lenha, os enchidos fumados e os queijos curados continuam a ser preparados segundo receitas antigas e servidos em pequenas tabernas familiares, onde o tempo ganha outro valor.
Para quem prefere prolongar a estadia, São Martinho do Rio, a poucos quilómetros, oferece o seu mercado mensal e uma capela barroca ricamente ornamentada.
Assim, rumar aos vestígios da Aldeia Velha do Juriz é entrar num território onde a autenticidade se preserva como um tesouro.
Cada recanto conta uma história, cada habitante guarda memórias que se transformam em relatos apaixonados, prontos a encantar quem se aproxima com curiosidade e respeito.