Cláudia Pereira
Cláudia Pereira
19 Nov, 2025 - 14:30

Apagão da Cloudflare afeta milhares de sites em todo o mundo

Cláudia Pereira

Uma falha técnica na Cloudflare deixou milhares de sites offline a 18 de novembro. Saiba o que correu mal e o que este apagão revela sobre a internet.

No dia 18 de novembro de 2025, milhares de sites deixaram de responder. A Cloudflare, empresa que fornece serviços de segurança e desempenho para grande parte da internet mundial, sofreu uma falha severa que deixou muitos sites inacessíveis em Portugal e um pouco por todo o mundo. Durante várias horas, os utilizadores de inúmeros sites encontraram mensagens de erro em vez dos conteúdos habituais.

O que provocou a falha na Cloudflare?

Tudo começou por volta das 11h20 (hora de Lisboa), quando uma falha técnica no sistema de Bot Management da Cloudflare fez colapsar parte da rede global. O processo automático responsável por gerar um ficheiro de configuração criou entradas duplicadas, ultrapassando o tamanho máximo permitido.

A origem do erro esteve numa alteração de permissões numa base de dados interna. Esse desvio levou à geração de ficheiros demasiado grandes, que o sistema não conseguiu processar corretamente, causando falhas no encaminhamento do tráfego e interrupções generalizadas.

Em termos simples, uma mudança mal calibrada sobrecarregou os sistemas e tirou milhares de sites do ar. A Cloudflare confirmou tratar-se de um erro técnico interno, descartando a hipótese de ataque informático. A resolução começou às 14h30 e, às 17h06, todos os sistemas estavam novamente operacionais.

Impacto global e nacional

A interrupção não se limitou a Portugal, houve relatos de falhas em plataformas internacionais como ChatGPT, X (antigo Twitter), IKEA, Grindr, Vinted ou até o site da Super Bock Arena. Em território nacional, diversos sites registaram falhas ou ficaram totalmente inacessíveis durante a manhã e início da tarde.

Este episódio reforçou a dependência da internet moderna em infraestruturas partilhadas. Quando uma peça crítica falha, os reflexos espalham-se rapidamente e afetam muito mais do que se imagina, mesmo que a tecnologia por trás continue, para muitos, invisível.

O que aprendemos com este apagão: quatro alertas que não devem ser ignorados

O colapso da Cloudflare mostrou que, mesmo em sistemas robustos, uma falha aparentemente pequena pode ter efeitos em cadeia.

1. A importância da redundância
Empresas que dependem inteiramente de um único fornecedor colocam-se em risco. Por isso, ter soluções de backup e rotas alternativas pode ser o fator decisivo entre continuar a operar ou ficar completamente offline.

2. Comunicação clara durante falhas
Quando os sistemas falham, os utilizadores não podem ficar no escuro. Informar com clareza e rapidez ajuda a manter a confiança, mesmo em momentos delicados.

3. Perceber como funciona a internet
Este apagão também expôs o desconhecimento generalizado sobre como funciona a internet. A maioria das pessoas assume que tudo está sempre ligado, sem imaginar a complexidade que mantém cada site operacional.

4. Valor da transparência
A Cloudflare publicou rapidamente um relatório técnico detalhado, assumindo responsabilidades e explicando os passos para evitar falhas semelhantes no futuro. Esta postura reforça a credibilidade da empresa, mesmo perante uma falha global.

E agora?

A Cloudflare já implementou correções internas para evitar que um simples ficheiro de configuração volte a provocar tamanha instabilidade. No entanto, o alerta permanece: depender exclusivamente de um único fornecedor para garantir a operação de sistemas críticos é um risco real que pode ser evitável.

Para quem usa a internet no dia-a-dia, este apagão foi um lembrete de que até os maiores serviços online podem falhar. Para empresas e organizações, este é um bom momento para pensar com calma na forma como estão preparadas para lidar com falhas técnicas. Rever estratégias, criar planos de reserva e tornar os sistemas mais seguros e fiáveis pode fazer toda a diferença numa próxima interrupção.

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