Ekonomista
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04 Out, 2018 - 10:58

Ar nas embalagens: será que também paga por ele?

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Sabia que foi feito um estudo sobre a percentagem de ar existente nas embalagens de alguns famosos snacks salgados? Conheça os resultados e surpreenda-se.

É muito provável que, ao longo destes últimos anos, tenha vindo a reparar que, ao comprar um pacote de batatas fritas ou de outros snacks salgados, a percentagem de ar nas embalagens se aproxima, muitas vezes, da do próprio conteúdo comestível.

A experiência de abrir uma embalagem do seu snack favorito, apenas para encontrar uma quantidade de ar muito maior do que o esperado, pode ser decepcionante. O que leva muitos consumidores a questionarem-se sobre se estão de facto a receber aquilo por que pagaram.

Este é um daqueles casos em que julgar determinado produto pelo tamanho da embalagem, pode defraudar as expectativas. No entanto, tanto espaço vazio tem uma explicação e não esta lá por mero acaso.

Qual a percentagem de ar nas embalagens?

A sensação de estar a “comprar gato por lebre”, que certamente muitos de nós já experienciámos, levou um consumidor em particular à procura de mais respostas.

Ross Hudgens, especialista em Marketing e também fundador da Siege Media (agência de Marketing situada em San Diego, na Califórnia, Estados Unidos da América), quis saber afinal qual a quantidade exata de ar nas embalagens de famosos produtos salgados, como as batatas fritas Ruffles e Pringles, os nachos Doritos e os Cheetos, entre outros.

Para que a dúvida fosse cabalmente esclarecida, Hudgens criou uma experiência que garantisse resultados precisos, recorrendo à técnica de deslocamento de água, que é utilizada para medir o volume de um corpo.

43% é a percentagem média de ar nas embalagens de snacks salgados

Fonte: How Much Air is in Your Bag of Chips?, Kitchen Cabinets

Os resultados da experiência, que mostramos de seguida, não tardaram a suscitar a atenção dos consumidores, principalmente daqueles que compram os produtos analisados. Eis alguns dos resultados:

  • Fritos: 19% de ar e 81% de fritos
  • Pringles: 28% de ar e 72% de batatas fritas
  • Tostitos Scoops: 34% de ar e 66% de tostitos
  • Lays Baked (barbecue): 39% de ar e 61% de batatas fritas
  • Lays (com sal e vinagre): 41% de ar e 59% de batatas fritas
  • Sun Chips: 41% de ar e 59% de fritos
  • Doritos: 48% de ar e 52% de nachos
  • Ruffles: 50% de ar e 50% de batatas fritas
  • Cheetos: 59% de ar e 41% de cheetos

As reações à percentagem de ar nas embalagens

Depois da divulgação dos resultados do estudo levado a cabo por Ross Hudgens, surgiram vários comentários na Internet, escritos por consumidores. Alguns deles defenderam o facto de existir “ar” nas embalagens e explicaram porquê.

Os sacos não estão cheios de ar. Se isso fosse verdade, estariam secos quando fosse abri-los. Eles são enchidos com nitrogénio para manter os snacks frescos. Iria preferir ter uma embalagem cheia de salgados que não prestam ou metade dela com salgados em bom estado?

“Trabalhei numa fábrica de batatas fritas durante um ano e há várias razões para isso [haver ar nas embalagens]. Em primeiro lugar, é para ajudar a impedir que as batatas sejam esmagadas. Segundo, na verdade é o nitrogénio que eles colocam nos sacos que ajuda a evitar que as batatas fiquem secas. Quando estas são embaladas na fábrica, estão completamente cheias e muitas vezes surgem problemas pelo facto dos sacos estarem cheios. Infelizmente, as batatas são esmagadas e fazem a bolsa parecer mais vazia.”

“340g são 340g, pelo amor de Deus! Porque é que é tão difícil perceber que a percentagem do ar não tem nada a ver? Olhe para os dólares por grama em vez disso!”

“Eu acho que o ar está lá para evitar que as batatas fritas sejam esmagadas e não para fazer o consumidor pensar que está a comprar mais batatas.”

embalagens vazias

Que marcas oferecem mais conteúdo pelo seu dinheiro?

Segundo a Kitchen Cabinet Kings, empresa que divulgou o estudo realizado pelo Hudgens, “o que muitos de nós confundem como sendo ar atmosférico nos nossos snacks é, na verdade, nitrogénio”, o que dá razão aos comentários de alguns consumidores.

O nitrogénio “não é prejudicial de forma alguma, já que cerca de 78% do ar que respiramos é composto por nitrogénio”, esclarece a Kitchen Cabinet Kings.

A firma norte-americana acrescenta ainda que o oxigénio faria com que os snacks ficassem velhos e os óleos destes bafientos, deixando assim de se sentir o conhecido gosto que leva os seus apreciadores a comprá-los. Além disso, o nitrogénio protege os snacks de danos durante o transporte, uma vez que “têm um longo caminho desde a produção até ao consumidor”.

A menos que as embalagens sejam seladas a vácuo, não há forma de contornar a necessidade de introduzir nitrogénio nos pacotes. E mesmo as marcas que oferecem mais produto pelo dinheiro dos consumidores, vão incluir algum ar nas suas embalagens.

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Ainda assim, a empresa defende que todos estes factos não desculpam “a grande proporção de espaço que o gás ocupa numa embalagem”. E que, apesar de ser importante haver nitrogénio nos pacotes, as marcas poderiam reduzir a sua percentagem em alguns produtos.

Para a Kitchen Cabinet Kings, as três marcas que se destacam por ter a melhor relação entre o preço pago pela embalagem e a percentagem de nitrogénio para o consumidor são a Fritos (19% de nitrogénio), a Pringles (28% de nitrogénio) e a Tostitos Scoops (34% de nitrogénio).

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