Na sua 78.ª edição, o Festival de Cannes apresentou uma seleção diversificada de filmes, destacando-se pela presença de grandes nomes do cinema e por estreias aguardadas.
A cerimónia de abertura contou com a comédia francesa “Leave One Day”, de Amélie Bonnin. Juliette Binoche presidiu o júri da competição oficial, enquanto Laurent Lafitte foi o mestre de cerimónias. O festival também homenageou Robert De Niro e Denzel Washington com a Palma de Ouro honorária.
Filmes que marcaram a edição
O júri não teve uma tarefa fácil. A competição oficial de Cannes 2025 reuniu obras intensas e criativas. A selecção deste ano apostou em histórias com raízes políticas, familiares e culturais, muitas delas carregadas de simbolismo. Entre os muitos títulos aplaudidos, destacaram-se os seguintes:
- “O agente secreto”, de Kleber Mendonça Filho – Um thriller político ambientado no Brasil dos anos 70, que mistura espionagem, repressão militar e… tubarões. Sim, tubarões. A metáfora é forte e não deixa ninguém indiferente.
- “It Was Just an Accident”, de Jafar Panahi – Uma comédia negra filmada de forma clandestina no Irão, que mergulha nos absurdos da vingança política. Panahi volta a desafiar o regime com ironia cortante e um olhar crítico inconfundível.
- “Romería”, de Carla Simón – Um retrato pessoal e delicado das raízes galegas da realizadora, explorando a crise da heroína e do VIH nos anos 80. É o fecho emocional da sua trilogia familiar.
- “Sound of Falling”, de Mascha Schilinski – Um conto gótico alemão sobre perda e identidade, com imagens densas e uma atmosfera que faz lembrar os clássicos expressionistas, mas com um toque contemporâneo.
- “La Petite Dernière”, de Hafsia Herzi – Um drama íntimo sobre uma jovem muçulmana lésbica que procura afirmar a sua identidade numa França ainda dividida entre o secularismo e as tradições. Um filme corajoso e necessário.
Fora da competição, mas não fora dos holofotes
Nem só de Palma de Ouro vive Cannes. Alguns dos momentos mais comentados vieram das estreias fora de competição:
- “Highest 2 Lowest”, de Spike Lee – Um remake vibrante de “High and Low” de Kurosawa, com crítica social à flor da pele e o estilo inconfundível de Lee.
- “Mission: Impossible – The Final Reckoning”, de Christopher McQuarrie – A última missão de Ethan Hunt (Tom Cruise) trouxe acção, explosões e aplausos. Provavelmente também trouxe lesões, mas Cruise não se queixa.
Estilo e surpresas no tapete vermelho
Cannes 2025 não foi só cinema. Como sempre, o tapete vermelho tornou-se um desfile de estilo, ousadia e momentos inesperados. Entre vestidos exuberantes, fatos reinventados e personalidades à vontade, o festival mostrou que o glamour pode ser tão diverso quanto o próprio cinema.
- Rihanna surgiu com um vestido fluido, elegante e sem esforço, a exibir a barriga do seu terceiro filho. Acompanhada de A$AP Rocky, o casal foi um dos mais fotografados da noite.
- Pedro Pascal quebrou todas as expectativas (e talvez alguns dress codes) ao aparecer de regata preta num evento noturno.
- Wagner Moura trouxe cor e ritmo ao evento ao dançar frevo no meio da passadeira. Com um sorriso contagiante e passo leve, o ator brasileiro arrancou aplausos e mostrou que representar o Brasil pode ser feito com arte e alegria.
- Helen Mirren, ícone do cinema britânico, apareceu com o cabelo pintado de azul elétrico. Um gesto arrojado, talvez simbólico, que reforça que elegância não tem idade – e que um pouco de irreverência é sempre bem-vinda.
- Entre os convidados, também se destacaram looks assinados por designers emergentes, tecidos sustentáveis e acessórios criativos. Uma tendência clara: os famosos estão cada vez mais atentos à moda consciente e às narrativas por trás das roupas que vestem.
O tapete vermelho de Cannes 2025 foi um palco paralelo, onde estilo, autenticidade e momentos espontâneos brilharam tanto quanto os filmes em exibição.