Cláudia Pereira
Cláudia Pereira
30 Mai, 2025 - 19:30

Primeira casa? Descubra os incentivos para jovens até aos 35 anos

Cláudia Pereira

Descubra os apoios disponíveis para jovens até aos 35 anos na compra da primeira casa em Portugal, incluindo isenções de IMT e Imposto do Selo, e a garantia pública para financiamento a 100%.

Comprar casa antes dos 35 anos soa a missão impossível? Com os preços a subir e as rendas a disparar, ter uma casa própria parece um prémio de lotaria. Mas há boas notícias: o Estado decidiu dar uma ajuda aos mais novos. Não resolve tudo, mas pode fazer diferença.

Com medidas pensadas para facilitar o acesso à habitação, surgem oportunidades para quem está a dar os primeiros passos no mercado imobiliário. Vamos ao que interessa: o que existe, quem pode beneficiar e como se pode aproveitar.

Os apoios que podem fazer a diferença

Isenção de IMT e Imposto do Selo

Desde 1 de agosto de 2024, jovens até aos 35 anos podem beneficiar de isenção total de IMT e Imposto do Selo na compra da primeira habitação própria e permanente, desde que o valor do imóvel não ultrapasse os 316.772 euros. Para imóveis com valor entre 316.772 e 633.453 euros, aplica-se uma isenção parcial.

Para além do valor do imóvel, os jovens têm de cumprir os seguintes requisitos para usufruir da isenção:

  • Idade igual ou inferior a 35 anos à data da escritura;
  • Não ser dependente para efeitos de IRS no ano da aquisição;
  • Não ter sido proprietário de habitação nos três anos anteriores;
  • O imóvel deve destinar-se a habitação própria e permanente.
Veja também Isenção de IMT e Imposto de Selo: benefício para jovens na compra da primeira casa

Garantia pública para financiamento a 100%

A garantia pública permite que jovens até aos 35 anos obtenham financiamento até 100% do valor da compra da primeira habitação própria e permanente, até ao limite de 450.000 euros. A garantia cobre até 15% do valor do imóvel e tem validade de 10 anos e está sujeita a determinadas condições:

  • Idade entre 18 e 35 anos;
  • Domicílio fiscal em Portugal;.
  • Rendimentos não superiores ao 8.º escalão do IRS;
  • Não ser proprietário de outro imóvel;
  • Sem dívidas às Finanças ou Segurança Social;
  • O imóvel deve ser para habitação própria e permanente.

A garantia não implica que o Estado suporte 15% do valor da casa. O que acontece é que o Estado atua como fiador, cobrindo até 15% do capital inicialmente contratado, caso o jovem não consiga cumprir com o pagamento das prestações ao banco.

Veja também Crédito à Habitação Jovem: como funciona a garantia do Estado para a primeira casa

Outros custos a considerar

Mesmo com as isenções e garantias, existem outros custos associados à compra de casa, nomeadamente:

  • Imposto do Selo sobre o crédito – 0,6% do valor financiado para prazos superiores a 5 anos;
  • Comissões bancárias – comissão de estudo, avaliação e formalização, variando entre instituições;
  • Seguros obrigatóriosseguro de vida e seguro multirriscos-habitação;
  • Registos e emolumentos – custos associados à escritura e registo da propriedade.

O que é essencial saber antes de comprar casa

É verdade que existem alguns benefícios pensados para ajudar os jovens a adquirir uma habitação própria, mas o processo de compra de casa não se resume ao pedido de crédito bancário. Existem alguns detalhes que deve estar atento para fazer um bom negócio:

1.

Os documentos do imóvel estão em ordem?

Antes de assinar qualquer papel, peça a Caderneta Predial Urbana e a Certidão Permanente. Vai descobrir se há penhoras, se o imóvel está legalizado e se há mais alguém com direitos sobre ele. Se a casa for num prédio, confirme também se há dívidas do condomínio. Ninguém quer herdar problemas alheios.

2.

A casa precisa de obras?

Se a casa precisa de arranjos sérios, prepare-se para negociar o preço. Obras grandes significam custos extra e podem mexer com o orçamento. Mais vale saber isso de antemão do que acabar com contas de carpinteiro a mais no fim do mês.

3.

A sua taxa de esforço está saudável?

A taxa de esforço mostra quanto do rendimento familiar vai para pagar créditos. Se passar os 50%, segundo o Banco de Portugal, está a entrar em terreno perigoso. Quanto menos pesar, melhor para o bolso — e para o sono.

4.

Que tipo de juro quer pagar?

Existem três formas de pagar o crédito: com juro fixo, variável ou misto.

  • Fixo: paga sempre o mesmo valor. Simples, sem surpresas.
  • Variável: muda conforme a Euribor. Pode baixar… ou subir.
  • Misto: começa com taxa fixa e depois passa a variável. Ideal para quem quer previsibilidade no início e flexibilidade depois.
5.

Vale a pena fazer um CPCV?

Sim. O Contrato Promessa de Compra e Venda protege ambas as partes. O comprador garante a casa enquanto trata do crédito; o vendedor compromete-se a não vender a outro. Costuma envolver um sinal entre 10% e 20% do valor total.

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