Share the post "Será fake? Como identificar vídeos falsos nas redes sociais"
A proliferação de vídeos manipulados nas redes sociais tornou-se uma preocupação crescente. Com o avanço da inteligência artificial, qualquer pessoa pode criar conteúdos audiovisuais falsos de forma relativamente simples e barata.
Esta tecnologia, conhecida como deepfake, utiliza algoritmos sofisticados para produzir vídeos que parecem autênticos, mas que na realidade são falsificações digitais que podem enganar até os mais atentos.
Deepfake é um termo que combina “deep learning” (aprendizagem profunda) e “fake” (falso) e baseia-se em redes neurais artificiais, especialmente nas Generative Adversarial Networks (GAN), que consistem em dois sistemas de IA a trabalhar em conjunto, um que cria as falsificações e outro que tenta identificá-las.
Este processo de tentativa e erro permite produzir vídeos quase indistinguíveis dos originais.
Os deepfakes têm sido utilizados para diversos fins nocivos, desde a criação de pornografia não consensual com figuras públicas até à disseminação de desinformação política e golpes financeiros sofisticados.
Sinais reveladores de um vídeo falso
Apesar da sofisticação crescente da tecnologia, os deepfakes ainda apresentam falhas detetáveis. E há sinais a que deve estar atento.
Qualidade de imagem suspeita
Contrariamente ao que se poderia esperar, a baixa qualidade é frequentemente um sinal de vídeo falso, pois os criadores reduzem intencionalmente a resolução e adicionam compressão para disfarçar falhas. Vídeos desfocados, com bordas mal definidas ou com artefactos digitais visíveis merecem desconfiança.
Inconsistências na iluminação
A iluminação irregular é uma marca comum nos vídeos manipulados. Os deepfakes apresentam frequentemente variações não naturais na iluminação entre quadros, ou sombras que mudam de direção inexplicavelmente. Isto acontece porque a IA tem dificuldades em reproduzir com precisão a forma como a luz interage com diferentes superfícies.
Expressões faciais pouco naturais
Observe atentamente o rosto da pessoa no vídeo. Desconfie de expressões que pareçam pouco naturais ou de posicionamentos faciais inconsistentes. Se o rosto estiver virado para um lado e o nariz para outro, ou se o nariz e o queixo estiverem desalinhados, o vídeo pode ter sofrido manipulações.
Padrão anormal de pestanejar
Se uma pessoa não piscar os olhos ou fizer isso com grandes intervalos ou em excesso, é possível que seja um conteúdo falso. Embora a tecnologia tenha evoluído neste aspeto, ainda é possível detetar anomalias no comportamento dos olhos, especialmente em vídeos mais longos.
Dessincronização labial
Um dos aspetos mais difíceis de replicar perfeitamente é a sincronia entre o movimento dos lábios e o áudio. Os deepfakes podem apresentar lábios que não se movem de forma perfeitamente sincronizada com as palavras, particularmente quando há ênfase em certas palavras que exigem movimentos labiais mais pronunciados.
Variações no tom de pele
Alterações no tom de pele que não parecem naturais podem ser outro sinal de manipulação, com partes da pele a parecerem mais claras ou mais escuras sem razão aparente. Compare diferentes partes do corpo visíveis no vídeo e verifique se há diferenças significativas entre o tom da face e outras áreas.
Movimentos mecânicos
Movimentos que parecem mecânicos ou fora do ritmo natural do corpo humano podem ser sinais de falsificação, pois a IA ainda não é perfeita na replicação de todos os aspetos do movimento humano. Transições abruptas ou gestos que não fluem de maneira orgânica devem alertá-lo.
Duração dos vídeos
Vídeos falsos costumam ser mais curtos, entre 6 e 10 segundos, porque criar vídeos mais longos exige mais recursos e aumenta o risco de erros visíveis. Desconfie especialmente de vídeos muito breves com conteúdo sensacional ou controverso.
Vídeos falsos: ferramentas de verificação

Além da observação atenta, existem ferramentas digitais que podem ajudar a identificar deepfakes.
Softwares como o Deepware e o Hive utilizam inteligência artificial para detetar manipulações em vídeos e imagens.
Contudo, é importante salientar que estas ferramentas nem sempre são precisas, especialmente quando o conteúdo deepfake é produzido de forma profissional.
Para evitar a disseminação de desinformação, siga estas recomendações:
- Amplie o vídeo e assista-o em tela maior para identificar melhor as falhas
- Verifique se a mesma notícia foi veiculada em fontes fidedignas
- Observe se as emoções e reações condizem com o que está a ser dito
- Preste atenção aos detalhes do áudio, como ruídos estranhos ou vozes abafadas
- Não partilhe conteúdos cuja veracidade não possa confirmar
Utilize o pensamento crítico e se algo parece demasiado sensacional ou improvável, provavelmente não é verdadeiro.