Share the post "Conduzir em ponto morto poupa combustível? Conheça a resposta"
É um daqueles mitos pregado por, pelo menos, um dos seus amigos (se não forem vários) e já se sentiu tentado em experimentar (se é que já não o fez). Falamos da eterna questão de conduzir em ponto morto.
Porém, pode não ser de todo verdade e até estar a fazer exatamente o contrário: querendo poupar dinheiro, pode acabar por ter de gastar mais no mecânico.
Será que pode poupar combustível? Ou é apenas uma lenda automobilística?
Não se preocupe, para dissipá-las, fomos à procura da resposta à pergunta “afinal conduzir em ponto morto gasta mais ou menos combustível?”
Conduzir em ponto morto: mito ou realidade
É verdade que quanto mais carregar no acelerador, mais gasolina ou gasóleo o carro vai injetar e, ao mesmo tempo, quanto menor for a mudança e mais elevadas as rotações por minuto o mesmo vai acontecer.
Esta noção indicaria, à partida, que conduzir em ponto morto acaba mesmo por diminuir os consumos de combustível.
Porém, a realidade é que desde que foi introduzida a injeção eletrónica, o carro acaba por não necessitar de injetar combustível se não carregar no acelerador. Ou seja, tem autonomia suficiente para continuar a marcha sem ter de continuar a inserir gasolina ou gasóleo.
Portanto, a título de exemplo, caso vá com a primeira, segunda, terceira… mudança numa descida, se deixar de acelerar é como se estivesse em ponto morto – não gasta combustível. A diferença reside nas vantagens de ter ou não ter o carro engatado (como veremos mais à frente).
O que é a injeção eletrónica?
A invenção da injeção eletrónica deveu-se em larga escala à necessidade de as indústrias automóveis diminuírem a emissão de gases poluentes.
Para isso, criaram um sistema eletrónico que permite um controlo mais eficaz da injeção de combustível, procurando aproximar-se de uma mistura estequiométrica (medida ideal ou perfeita entre o combustível e o ar). Ora, isso obviamente traduz-se numa maior economia de combustível e um melhor desempenho do motor.
Para conseguir essa mesma mistura estequiométrica, é necessário que o automóvel ou veículo venha equipado com um software próprio.
Esse sistema computorizado faz a leitura de vários sensores espalhados em pontos estratégicos do motor, que acabam por reagir às diferentes circunstâncias através de atuadores, os quais, por sua vez, regulam as reações do motor.

E se o carro não tiver injeção eletrónica?
Caso o seu carro não tenha injeção eletrónica, vai acabar por injetar combustível constantemente, sem controlar os gastos. A partir do momento em que acelere o carro, vai injetar gasolina ou gasóleo consoante a mudança de velocidade a que estiver e, ao mesmo tempo, o número de rotações por minuto a que circular.
Ou seja, neste caso, não se aplica a questão de ir numa descida em terceira, quarta ou quinta velocidade e o próprio veículo não sentir necessidade de injetar combustível.
Como não há um sistema computorizado a fazer a análise das necessidades, o carro está sempre a inserir gasóleo ou gasolina, mesmo que não necessite de o fazer.
Portanto, neste caso, há vantagens económicas em deixar o carro “ao ralenti” (expressão usada pelos mecânicos para a manobra de colocar o carro em ponto morto), uma vez que o veículo deixa de consumir combustível. Porém, essa escolha acarreta sérios riscos para a vida.
Riscos de conduzir com o carro em ponto morto
Em ponto morto, o carro fica mais solto, precisamente porque não está engatado – aquilo que já acima apelidamos de “ao ralenti”. Obviamente, isso acarreta riscos.
O carro torna-se mais facilmente afetado pelas condições da estrada, como o vento e o piso molhado. Resumindo, perde aderência.
O tempo de reação torna-se mais lento e em situações de necessidade pode não ser possível travar o carro a tempo, uma vez que o travão do pedal acaba por ser a única forma de o fazer, ao invés de se usar as reduções de velocidade como forma de parar em segurança. Ora, isso não só torna as manobras mais perigosas, como também acarreta um desgaste maior e desnecessário dos travões.
Portanto, mesmo que esteja a poupar de uma certa forma, acaba por não o fazer a longo prazo, uma vez que provavelmente vai necessitar de fazer um arranjo aos travões. Além disso, se conduzir em ponto morto, vai acabar por arriscar a sua vida, assim como a dos outros que viajam consigo.