Ekonomista
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11 Ago, 2025 - 18:45

Decisão do TC sobre lei dos estrangeiros chumba 5 normas-chave

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Decisão do Tribunal Constitucional trava cinco normas da nova lei da imigração em Portugal, reacendendo o debate sobre direitos, reagrupamento familiar e política migratória.

 A decisão do Tribunal Constitucional sobre lei dos estrangeiros em Portugal provocou um forte impacto no rumo da política migratória do país. Cinco normas do novo regime foram consideradas inconstitucionais, gerando reação imediata dos partidos políticos, especialistas e organizações de defesa dos direitos humanos.

Ao focar no reagrupamento familiar e nos procedimentos da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), o tribunal definiu novos limites para legislar sobre a imigração. Saiba neste artigo como esta decisão afeta o futuro da lei da imigração em Portugal e o que ainda pode mudar.

A polémica em torno da nova lei da imigração em Portugal

O decreto-lei aprovado pela maioria parlamentar, com apoio do PSD, Chega e CDS-PP, propunha alterações profundas ao quadro legal da imigração. Entre os pontos mais criticados, estava a tentativa de restringir o reagrupamento familiar dos imigrantes legais. Este ponto, juntamente com limitações ao direito de recurso e prazos apertados para a AIMA responder a solicitações de regularização, gerou grande contestação.

Apesar do protesto de vários setores da sociedade civil — incluindo juristas, ONGs e representantes de imigrantes —, o diploma foi aprovado a 16 de julho. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, optou por solicitar a fiscalização preventiva do texto, levando a matéria ao Tribunal Constitucional.

As normas inconstitucionais apontadas pelo TC

O chumbo do Tribunal Constitucional à lei dos imigrantes recaiu sobre cinco normas específicas:

  • Limitação ao reagrupamento familiar, contrariando o direito à unidade da família;
  • Prazos excessivamente curtos para decisões da AIMA Portugal sobre pedidos de regularização;
  • Restrições ao direito de recurso dos imigrantes em processos legais;
  • Normas que comprometeriam o direito ao contraditório;
  • Disposições que alargavam competências administrativas sem fundamento legal sólido.

Estes pontos foram julgados como ofensivos a princípios constitucionais como o acesso à justiça, a proteção da família e a legalidade administrativa. Segundo o acórdão, a implementação destas normas feriria os pilares do Estado de Direito Democrático.

Reação política à decisão do Tribunal Constitucional

As reações não se fizeram esperar. André Ventura, líder do Chega, foi o primeiro a criticar a decisão, afirmando que esta “prejudica a segurança nacional” e acusando os juízes constitucionais de “ideologia de esquerda”. O partido pretendia acabar com o reagrupamento familiar, medida rejeitada pelos magistrados.

Do lado oposto, partidos como o PS, BE, PCP e Livre já haviam denunciado a proposta como inconstitucional. Após o veredito, reiteraram a importância de uma política migratória que respeite os direitos humanos e os compromissos internacionais de Portugal. Organizações da sociedade civil, por sua vez, celebraram a decisão como um travão necessário a medidas que consideraram “arbitrárias”.

A decisão de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a imigração revelou-se acertada ao provocar um debate alargado sobre os limites de atuação do legislador em matéria migratória. Para especialistas, este é um marco para a constitucionalidade da política migratória e um lembrete da importância dos equilíbrios constitucionais.

A expectativa agora recai sobre como a Assembleia da República irá reformular o diploma à luz da deliberação do TC. A integração de pareceres técnicos e de representantes das comunidades poderá ser fundamental para construir um quadro legal mais justo.

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