Teresa Campos
Teresa Campos
19 Jul, 2019 - 14:01

O que fazer se ficar doente durante a gravidez?

Teresa Campos

Ficar doente durante a gravidez é algo que acarreta preocupações redobradas. Mas o importante é não entrar em pânico e saber como agir em cada caso.

O que fazer se ficar doente durante a gravidez?

Ficar doente durante a gravidez é, naturalmente, algo indesejado, embora seja bem mais frequente do que aquilo que possa imaginar. Fungos, bactérias e vírus são uma ameaça constante para a gestante, cuja baixa imunidade a deixa bem mais vulnerável a uma série de infeções.

Uma das maiores preocupações é o facto de algumas destas doenças poderem passar para o feto. No entanto, no geral, a grande maioria é tratável e, se diagnosticada a tempo, não oferece quaisquer riscos para o feto, caso de infeções tão frequentes como a urinária, a candidíase e a vaginose.

Fique, agora, a conhecer algumas das patologias mais comuns na gestão e o que pode fazer para evitar ficar doente durante a gravidez.

Ficar doente durante a gravidez: patologias mais comuns na gestação

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1. Infeção urinária

Se sente algum desconforto, dor e/ou ardência ao urinar, significa que pode ter contraído uma infeção urinária. Além de ser uma infeção comum entre mulheres, ela torna-se ainda mais provável entre as mulheres grávidas.

Durante a gravidez, as alterações funcionais e anatómicas dos rins e das vias urinárias facilitam a ocorrência de infeções. Elas são ainda mais recorrentes em mulheres que já tenham histórico prévio destas infeções ou que tenham diabetes.

Numa fase inicial, a infeção urinária não causa quaisquer alterações fetais. Porém, se a infeção não for devidamente curada, pode afetar o crescimento do bebé e até conduzir a um parto prematuro. Só em casos extremos, em que não há lugar a qualquer tratamento, é que a infeção pode levar à morte de mãe e filho.

De uma maneira geral, a infeção dá sintomas. Apenas a chamada bacteriúria assintomática não apresenta quaisquer sinais, razão pelo que tem tendência a evoluir para quadros mais graves. Além disso, esta infeção pode ser detetada através de exames à urina, os quais devem ser feitos com alguma regularidade, durante a gravidez. O tratamento desta infeção é feito à base de antibióticos.

2. Doença periodontal

A periodontite é uma infeção causada pelo crescimento da placa bacteriana por baixo da gengiva, o que provoca uma inflamação da membrana que envolve o dente. O sintoma mais evidente desta doença é a gengiva ficar inchada, avermelhada, sangrar e apresentar mau cheiro. Em casos mais graves, a mulher pode mesmo perder os dentes, causar outras infeções no organismo e acelerar o trabalho de parto.

Assim que se detete algum destes sintomas, é importante que a gestante procure a ajuda de um dentista. Ele é mais frequente em mulheres com tendência para este problema, com maus cuidados de higiene oral ou, ainda, devido ao aumento de hormonas durante a gravidez. Por esta razão, é particularmente importante visitar o dentista durante a gravidez.

3. Vaginose bacteriana

Este distúrbio afeta a flora vaginal, ao diminuir os lactobacilos que protegem essa região, enquanto eleva o número de bactérias (Gardnerella vaginalis). O principal sintoma desta doença é ter um corrimento de cheiro forte. O diagnóstico é feito através de uma análise do material coletado da vagina. O tratamento pode ser oral ou vaginal.

O aparecimento desta patologia durante a gravidez deve-se, essencialmente, à baixa imunidade, podendo o stress também ter uma palavra a dizer. Certo é que a ocorrência desta infeção pode estar relacionada com a rutura da bolsa e com o trabalho de parto prematuro.

4. Rubéola

Os sintomas desta doença são semelhantes aos de uma gripe. A mulher pode ser facilmente tratada com analgésicos e antitérmicos. Já se o vírus invadir a placenta e infetar o bebé, os perigos são maiores já que pode causar anomalias graves no feto, como surdez e/ou problemas de visão. Esta doença é contraída por via respiratória.

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5. Toxoplasmose

Esta infeção pode apresentar vários sintomas, alguns comuns aos da gripe. A doença é, sobretudo, transmitida através do contacto com a urina e fezes dos gatos. Por essa razão, durante a gravidez, as mulheres não devem limpar caixas de gatos, nem contactar com felinos desconhecidos.

Além disso, é de evitar a ingestão de carne crua ou malpassada, assim como lavar muito bem as frutas, legumes e verduras. O risco de transmissão da infeção para o bebé é de até 2,5%, sendo que, durante o primeiro trimestre, ela pode levar ao aborto ou a sequelas graves o feto; enquanto numa fase mais avança da gravidez, ela pode provocar problemas sérios no bebé, como dificuldades oculares.

6. Citomegalovírus

Este micro-organismo pertence à família do herpes e pode ser transmitido por transfusão de sangue, via respiratória ou da mãe para o bebé. Durante a gestação, a infeção pode ser combatida com antivirais que diminuem o risco de complicações para o feto.

Este vírus afeta, sobretudo, os tecidos cerebrais do bebé, podendo causar-lhe malformações no sistema nervoso central, havendo o risco de causar surdez, dificuldades de aprendizagem ou, em casos mais graves, levar à morte.

7. Candidíase

Se sente comichão na vagina, ardor, tem um corrimento esbranquiçado e dor durante as relações sexuais, estes podem muito bem ser sintomas de candidíase. Embora não advenham daqui quaisquer problemas para o feto, a verdade é que esta é uma infeção bastante desconfortável para a mulher.

A candidíase é diagnosticada através de um exame clínico ginecológico e surge, essencialmente, devido à baixa imunidade da gestante. O tratamento é feito por via vaginal, com pomadas antifúngicas que devem ser receitadas por um especialista.

8. Herpes genital

O tipo 2 deste vírus da família do herpes causa lesões genitais e é transmitido através do atrito com a ferida. Se a mulher tiver tido lesões nos 30 dias anteriores ao nascimento do bebé, por exemplo, é recomendável fazer cesariana de modo a não expor o bebé ao vírus.

Já quanto ao vírus tipo 3 (varicela-zóster), a sua transmissão dá-se por via respiratória. O tratamento apenas irá aliviar os sintomas, sem eliminar o vírus que, se contaminar o feto, pode provocar-lhe sequelas na pele e no cérebro, havendo até risco de aborto.

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