No cimo de uma serra que ondula suavemente pelo Alentejo, encontra-se uma vila encantada que parece ter parado no tempo. Chama-se Évoramonte, terra do concelho de Estremoz, onde o tempo parece ter parado.
Murada e silenciosa, guarda nas suas pedras séculos de história e uma beleza que só se revela a quem se dispõe a descobrir com calma, sem pressa, ao ritmo lento que a região exige e recompensa.
A chegada a Évoramonte é em si um momento de contemplação. A estrada serpenteia por entre campos dourados, sobre os quais paira o aroma da esteva e da terra quente.
Lá no alto, a silhueta inconfundível do castelo anuncia a entrada num lugar especial. As muralhas envolvem a povoação como um manto protetor, e o casario branco contrasta com o céu azul, criando uma paleta de cores que só o Alentejo sabe oferecer.
Évoramonte e o seu castelo altaneiro
Passear pelas ruas de Évoramonte é como folhear um livro antigo. As calçadas de pedra, as casas caiadas com faixas coloridas nas janelas e as portas de madeira envelhecida contam histórias de reis, tratados e revoluções.
No centro da vila ergue-se o Castelo de Évoramonte, uma das joias mais singulares da arquitetura militar portuguesa. A sua forma cilíndrica, com cordões decorativos que percorrem a estrutura, é ao mesmo tempo imponente e elegante.
Lá dentro, a vista panorâmica sobre as planícies alentejanas é de cortar a respiração, num cenário que se estende até onde a vista alcança, pontuado por oliveiras, sobreiros e pequenas herdades.
Mas Évoramonte não é só o seu castelo. A Igreja Matriz, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, merece uma visita demorada. Com o seu interior sóbrio, ecoa a espiritualidade austera da região.
Ao lado, o pelourinho manuelino recorda-nos que esta vila teve importância administrativa e política, tendo mesmo sido palco da assinatura da Convenção de Évoramonte, que pôs fim à Guerra Civil Portuguesa em 1834.

Vinhos e tradição
Saindo das muralhas, a paisagem continua a surpreender. A poucos quilómetros, Estremoz espera com o seu mercado tradicional, os vinhos premiados e a cerâmica artesanal.
Mais adiante, pode-se rumar a Borba ou a Vila Viçosa, cada uma com o seu carácter e património, mas sempre dentro da mesma alma alentejana.
Para quem aprecia enoturismo, a região oferece várias quintas e herdades onde se pode provar vinhos de excelência, acompanhados por azeites e enchidos locais, num ritual que é quase sagrado.
Évoramonte é um daqueles destinos que não se visitam com o relógio no pulso. Aqui, o tempo tem outro peso, mais leve e mais profundo. É um lugar para respirar fundo, desligar do mundo e deixar-se levar por uma beleza tranquila e genuína.
Mais do que uma vila, Évoramonte é um estado de espírito. E a sabedoria de que o melhor da viagem está nos lugares que ainda não foram tomados pela pressa.