Miguel Pinto
Miguel Pinto
03 Dez, 2025 - 10:00

Já participou nas Nicolinas? Rume já até Guimarães

Miguel Pinto

Se ainda não conhece as Nicolinas, 2025 pode ser o ano perfeito para descobrir uma das tradições mais autênticas e vibrantes de Portugal.

festas nicolinas

Se há um momento em que Guimarães se transforma completamente, é durante as Festas Nicolinas. Até 7 de dezembro, a cidade berço de Portugal pulsa ao ritmo dos bombos e caixas, numa celebração única que une gerações de estudantes numa homenagem vibrante a São Nicolau, o padroeiro dos estudantes.

As Nicolinas são muito mais do que festas académicas, são um fenómeno cultural profundamente enraizado na identidade vimaranense. Com a primeira referência documentada em 1664, ano da construção da Capela de São Nicolau em Guimarães, estas celebrações atravessaram séculos mantendo viva uma tradição que já teve altos e baixos, mas que hoje regressa anualmente com uma força impressionante.

As festas estudantis vimaranenses constituem uma das tradições académicas mais antigas do país, a par das coimbrãs, com uma particularidade de contar com a participação conjunta de jovens estudantes e antigos nicolinos, criando uma ponte entre gerações.

A magia já começou, no passado dia 29 de novembro, com o Cortejo do Pinheiro. Mas há muito mais animação para que rumar ao Minho seja uma aposta ganha este Natal.

Nicolinas: um calendário de emoções

As Nicolinas são compostas por vários momentos, cada um com o seu simbolismo e tradição. Escolha a que quer participar ou, melhor ainda, vá a todas.

Posses e Magusto (4 de dezembro). Os estudantes recolhem ofertas pela cidade, essencialmente castanhas e vinho, que depois partilham com toda a população num grande magusto junto ao Pinheiro. É um momento de convívio genuíno, onde a festa se abre verdadeiramente a todos.

Pregão (5 de dezembro). Um texto satírico e retórico em verso, declamado pelo Pregoeiro em cinco locais nobres da cidade, onde se faz crítica social, se evocam os clássicos e se exaltam os símbolos locais e nacionais. É um documento vivo da sociedade contemporânea, uma crónica humorística do ano que passou.

Roubalheiras: Uma tradição polémica e divertida, inspirada nos antigos costumes rurais minhotos. Durante a noite, os estudantes “desviam” objetos variados que depois aparecem depositados no Largo do Toural, sempre com um bilhete explicativo. É uma brincadeira organizada que faz parte da irreverência estudantil.

Maçãzinhas (6 de dezembro). O número mais romântico das Nicolinas. Neste momento de clara inspiração romântica, as raparigas aguardam nas varandas e janelas da Praça de Santiago enquanto os rapazes desfilam em carros alegóricos, oferecendo maçãs e fitas coloridas num ritual de galanteio que mantém intacto o seu encanto apesar dos tempos modernos.

Danças de São Nicolau (6 de dezembro, 21h30). Realizadas no Centro Cultural Vila Flor, são um momento solene e festivo que celebra o dia do santo padroeiro, fechando em grande as atividades principais.

Viver as Nicolinas é uma experiência imperdível

crianças nas festas nicolinas

Para quem visita Guimarães durante este período, as Nicolinas são uma imersão total na cultura popular portuguesa.

As ruas do centro histórico, já de si deslumbrantes com a sua arquitetura medieval, ganham uma nova vida, preenchidas por estudantes mascarados, pelo rufar constante dos bombos, pelas decorações coloridas e por uma energia contagiante.

A maioria das atividades é de acesso livre, permitindo que qualquer pessoa se junte à celebração.

É comum ver turistas e visitantes surpreendidos pela intensidade da festa, pela forma como toda uma cidade se transforma e participa ativamente nesta tradição estudantil.

Património a preservar

Nos últimos tempos tem vindo a ser defendida a candidatura das Festas Nicolinas a Património Oral e Imaterial da Humanidade, reconhecimento que faria jus a uma tradição que consegue, ano após ano, manter-se vibrante e relevante, adaptando-se aos novos tempos sem perder a sua essência.

As Nicolinas são, no fundo, muito mais do que festas. São memória coletiva, identidade cultural, celebração da juventude e da comunidade.

São o momento em que Guimarães se torna ainda mais Guimarães, numa explosão de tradição, irreverência e emoção que atravessa gerações.

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