Mónica Carvalho
Mónica Carvalho
05 Fev, 2024 - 15:27

Bragança: cidade de tradições bem para lá do Marão

Mónica Carvalho

Bragança é um destino obrigatório no Nordeste Transmontano. Cultura e tradição de mãos dadas, numa viagem a não perder.

Vista geral de Bragança

O litoral português atrai, sem dúvida, e com todos os seus excelentes motivos, muitos visitantes. Com isso, acabamos, por vezes, por esquecer outros cantos tão ou mais bonitos. E Bragança é um deles.

Dono de paisagens naturais e de rara beleza, locais cheios de interesse histórico e tradições que merecem ser partilhadas e, claro, uma gastronomia regional e típica tão rica de sabores, o município é uma cidade antiga, com espírito novo.

Situada no extremo nordeste de Portugal, Bragança, pela sua posição estratégica na região de Trás-os-Montes, foi crucial na defesa da fronteira portuguesa, pelo que tem uma grande importância na constituição da nacionalidade tuga.

Foi ocupada por celtas, romanos, árabes e até cobiçada pela vizinha Castela. Em 1464 é elevada a cidade e totalmente consagrada ao território português.

Locais a não perder em Bragança

Um pouco do passado para desfrutar o presente é o truque perfeito para conhecer melhor Bragança.

Tenha em atenção que o centro de Bragança é uma cidade dentro de outra cidade, ainda que ambas tenham quase 900 anos de diferença. E é a partir desse centro que tudo se desenvolveu e onde se encontram alguns dos principais pontos de interesse. Descubra quais são.

Museu Militar e Castelo de Bragança

O Castelo de Bragança é um dos mais representativos da arquitetura medieval em Portugal. Foi construído em 1409 por ordem de D. João I, é composto por uma imponente Torre de Menagem e por uma muralha dupla, que se mantém ainda bem conservada. De tal forma que é por lá que se localiza a Igreja de Santa Maria e a Domus Municipalis.

É precisamente no interior da Torre, e ao longo dos seus cinco pisos, que está instalado o Museu Militar, cujo espólio é constituído por peças doadas de coleções particulares e de antigos militares.

Domus Municipalis

Este ponto é um ex-libris da cidade de Bragança e um dos mais insólitos monumentos tardo-românicos portugueses.

A função aparentemente civil para a qual foi concebida (local de reunião dos homens-bons do concelho) e a sua peculiar organização em pentágono irregular são características interessantes fazem da Domus Municipalis um local a conhecer.

Domus Municipalis em Bragança
O Domus Municipalis é um dos monumentos mais visitados em Bragança

Igreja de Santa Maria

Localizada dentro das muralhas, a Igreja de Santa Maria – também conhecida por igreja de Nossa Senhora do Sardão – é a mais pitoresca do município e também a mais antiga.

Foi sofrendo alterações significativas ao longo do tempo e, atualmente, apresenta um estilo barroco, com duas colunas frontais decoradas com vides e cachos.

Museu do Abade de Baçal

Instalado desde 1915 no edifício do antigo Paço Episcopal, este museu foi construído no séc. XVIII e passou a ser a residência oficial dos bispos durante metade do ano, visto que a diocese era partilhada entre Miranda do Douro e Bragança.

É uma instituição que permite conhecer a história religiosa, social, política, económica e artística da região do Nordeste Transmontano, através de artefactos e outros objetos das sociedades recolectoras e metalúrgicas, como estelas funerárias, aras, marcos miliários, instrumentos agrícolas, cerâmicas e demais objetos de adorno.

Museu Ibérico da Máscara e do Traje

Dentro das imediações do Castelo de Bragança, encontra o museu perfeito para conhecer melhor as tradições relacionadas com as festas de inverno e Carnaval de Trás-os-Montes, Alto Douro e distrito da Zamora, por serem momentos muito apreciados e vividos.

Centro de Arte Contemporânea Graça Morais

Graça Morais é um dos nomes maiores da arte portuguesa. A pintora é natural do distrito de Bragança e, nesse sentido, uma grande parte do acervo do centro de arte é-lhe dedicado.

Localiza-se no antigo Solar dos Veiga Cabral, que foi recuperado pelo arquiteto Souto Moura e inaugurado em 2008.

Aldeia Rio de Onor

Rio de Onor divide território com a sua homónima espanhola, Rihonor de Castilla, e desta proximidade nasceu até um dialeto, o rionorês. Ainda que já poucos o falem, não deixa de ser um aspeto bastante curioso da região.

É uma aldeia pequena, típica, com arquitetura tradicional em xisto, que mantém um modo de administração rural, liderado por dois Mordomos, designados pelo Conselho – assembleia com representantes de todas as famílias da aldeia.

Parque Natural de Montesinho

E já que falamos em Natureza, não nos podemos esquecer que nas proximidades de Bragança o Parque Natural de Montesinho, com os seus quase 75 hectares de dimensões, é um dos mais bonitos pulmões verdes de Portugal. Isto quando não está pintalgado de branco, devido à queda de neve, muito comum em terrar transmontanas.

A paisagem é marcada por relevos suaves, separados por vales de rios encaixados, e marcada pela dominância do xisto, manchas de calcário e granito.

No parque existe também uma extensa biodiversidade, habitando espécies de invulgar beleza, como o lobo-ibérico, a corça ou o veado.

Aldeia de Montesinho

Montesinho é uma aldeia típica transmontana, localizada a cerca de 1000 metros de altitude, em pleno Parque Natural de Montesinho, que mantém muitos modos de vida tradicionais e preservados há várias gerações.

Assim, esta característica geográfica faz com que a aldeia transpire serenidade, tornando-se num excelente refúgio para quem procura um escape calmo, tranquilo, em contacto com a Natureza.

Vista geral de Bragança
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O que comer em Bragança

Em terras transmontanas, claro que não poderiam faltar os ricos enchidos, tão típicos e tão saborosos. Como tal, para petiscar calha sempre bem um bom produto de fumeiro, como alheira, chouriço e presunto.

Já para pratos principais, a escolha também é muita, mas é preciso um estômago forte. A começa pelo butelo, um enchido com recheio de ossinhos do espinhaço e costela de porco bísaro, ainda com restos, acompanhado por cascas de feijão secas. Mas também não faltam cogumelos com castanhas, galo no pote, posta de vitela à mirandesa e, claro, a famosa feijoada transmontana.

A fechar o repasto, também as sobremesas prometem abrir-lhe o apetite, pois por muito cheio que esteja, cabe sempre mais qualquer coisinha, como pudim, doce de castanha e tarte de grão de bico.

Bragança é, assim, uma bonita cidade histórica, com um forte legado medieval. Toda esta tradição é carinhosamente partilhada com quem a visita.

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