Mónica Carvalho
Mónica Carvalho
08 Jan, 2021 - 12:25

Bragança: cidade de tradições num cantinho de Portugal

Mónica Carvalho

Para lá do Marão, encontramos Bragança, município de história e estórias e com tanto para descobrir. Viaje connosco e saiba o que ver na região.

Castelo de Bragança

O litoral português atrai, sem dúvida, e com todos os seus excelentes motivos, muitos visitantes. Com isso, acabamos, por vezes, por esquecer outros cantos tão ou mais bonitos. E Bragança é um deles.

Dono de paisagens naturais e de rara beleza, locais cheios de interesse histórico e tradições que merecem ser partilhadas e, claro, uma gastronomia regional e típica tão rica de sabores, o município é uma cidade antiga, com espírito novo.

Situada no extremo nordeste de Portugal, Bragança, pela sua posição estratégica na região de Trás-os-Montes, foi crucial na defesa da fronteira portuguesa, pelo que tem uma grande importância na constituição da nacionalidade tuga. Foi ocupada por celtas, romanos, árabes e até cobiçada pela vizinha Castela. Em 1464 é elevada a cidade e totalmente consagrada ao território português.

Locais a não perder em Bragança

Um pouco do passado para desfrutar o presente é o truque perfeito para conhecer melhor Bragança. Tenha em atenção que o centro de Bragança é uma cidade dentro de outra cidade, ainda que ambas tenham quase 900 anos de diferença. E é a partir desse centro que tudo se desenvolveu e onde se encontram alguns dos principais pontos de interesse. Descubra quais são.

castelo e muralha de bragança
Castelo e muralha de Bragança

Museu Militar e Castelo de Bragança

O Castelo de Bragança é um dos mais representativos da arquitetura medieval em Portugal. Foi construído em 1409 por ordem de D. João I, é composto por uma imponente Torre de Menagem e por uma muralha dupla, que se mantém ainda bem conservada. De tal forma que é por lá que se localiza a Igreja de Santa Maria e a Domus Municipalis.

É precisamente no interior da Torre, e ao longo dos seus cinco pisos, que está instalado o Museu Militar, cujo espólio é constituído por peças doadas de coleções particulares e de antigos militares.

Domus Municipalis

Este ponto é um ex-libris da cidade de Bragança e um dos mais insólitos monumentos tardo-românicos portugueses. A função aparentemente civil para a qual foi concebida (local de reunião dos homens-bons do concelho) e a sua peculiar organização em pentágono irregular são características interessantes fazem da Domus Municipalis um local a conhecer.

Igreja de Santa Maria

Localizada dentro das muralhas, a Igreja de Santa Maria – também conhecida por igreja de Nossa Senhora do Sardão – é a mais pitoresca do município e também a mais antiga.

Foi sofrendo alterações significativas ao longo do tempo e, atualmente, apresenta um estilo barroco, com duas colunas frontais decoradas com vides e cachos.

Vista geral de Bragança
Não perca Está pelos lados de Bragança? Tem que comer uma posta no Abel

Museu do Abade de Baçal

Instalado desde 1915 no edifício do antigo Paço Episcopal, este museu foi construído no séc. XVIII e passou a ser a residência oficial dos bispos durante metade do ano, visto que a diocese era partilhada entre Miranda do Douro e Bragança.

É uma instituição que permite conhecer a história religiosa, social, política, económica e artística da região do Nordeste Transmontano, através de artefactos e outros objetos das sociedades recolectoras e metalúrgicas, como estelas funerárias, aras, marcos miliários, instrumentos agrícolas, cerâmicas e demais objetos de adorno.

Museu Ibérico da Máscara e do Traje

Dentro das imediações do Castelo de Bragança, encontra o museu perfeito para conhecer melhor as tradições relacionadas com as festas de inverno e Carnaval de Trás-os-Montes, Alto Douro e distrito da Zamora, por serem momentos muito apreciados e vividos.

Centro de Arte Contemporânea Graça Morais

Graça Morais é um dos nomes maiores da arte portuguesa. A pintora é natural do distrito de Bragança e, nesse sentido, uma grande parte do acervo do centro de arte é-lhe dedicado.

Localiza-se no antigo Solar dos Veiga Cabral, que foi recuperado pelo arquiteto Souto Moura e inaugurado em 2008.

Aldeia Rio de Onor

Rio de Onor divide território com a sua homónima espanhola, Rihonor de Castilla, e desta proximidade nasceu até um dialeto, o rionorês. Ainda que já poucos o falem, não deixa de ser um aspeto bastante curioso da região.

É uma aldeia pequena, típica, com arquitetura tradicional em xisto, que mantém um modo de administração rural, liderado por dois Mordomos, designados pelo Conselho – assembleia com representantes de todas as famílias da aldeia.

Parque Natural de Montesinho

Parque Natural de Montesinho

E já que falamos em Natureza, não nos podemos esquecer que nas proximidades de Bragança o Parque Natural de Montesinho, com os seus quase 75 hectares de dimensões, é um dos mais bonitos pulmões verdes de Portugal. Isto quando não está pintalgado de branco, devido à queda de neve, muito comum em terrar transmontanas.

A paisagem é marcada por relevos suaves, separados por vales de rios encaixados, e marcada pela dominância do xisto, manchas de calcário e granito.

No parque existe também uma extensa biodiversidade, habitando espécies de invulgar beleza, como o lobo-ibérico, a corça ou o veado.

Aldeia de Montesinho

Montesinho é uma aldeia típica transmontana, localizada a cerca de 1000 metros de altitude, em pleno Parque Natural de Montesinho, que mantém muitos modos de vida tradicionais e preservados há várias gerações.

Assim, esta característica geográfica faz com que a aldeia transpire serenidade, tornando-se num excelente refúgio para quem procura um escape calmo, tranquilo, em contacto com a Natureza.

O que comer em Bragança

Em terras transmontanas, claro que não poderiam faltar os ricos enchidos, tão típicos e tão saborosos. Como tal, para petiscar calha sempre bem um bom produto de fumeiro, como alheira, chouriço e presunto.

Já para pratos principais, a escolha também é muita, mas é preciso um estômago forte. A começa pelo butelo, um enchido com recheio de ossinhos do espinhaço e costela de porco bísaro, ainda com restos, acompanhado por cascas de feijão secas. Mas também não faltam cogumelos com castanhas, galo no pote, posta de vitela à mirandesa e, claro, a famosa feijoada transmontana.

A fechar o repasto, também as sobremesas prometem abrir-lhe o apetite, pois por muito cheio que esteja, cabe sempre mais qualquer coisinha, como pudim, doce de castanha e tarte de grão de bico.

Bragança é, assim, uma bonita cidade histórica, com um forte legado medieval. Toda esta tradição é carinhosamente partilhada com quem a visita.

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