Miguel Pinto
Miguel Pinto
18 Ago, 2025 - 12:30

Habitação: há 130 despejos por mês em Portugal

Miguel Pinto

O número de despejos não pára de aumentar em Portugal. A principal causa é a incapacidade de pagamentos das rendas.

aumento dos despejos

O fenómeno dos despejos em Portugal tem mantido números preocupantes ao longo de 2025, com os senhorios a recorrerem com frequência à saída forçada de inquilinos.

Desde o início do ano, e de acordo com dados do Ministério da Justiça divulgados pelo Jornal de Notícias, estima-se que cerca de 130 pessoas por mês tenham sido despejadas, refletindo um aumento significativo em relação aos anos anteriores.

A maioria dos casos de despejo está relacionada com atrasos no pagamento da renda, embora também surjam conflitos contratuais e a necessidade dos proprietários recuperarem os imóveis para outros fins.

Este cenário evidencia a fragilidade do mercado de arrendamento em Portugal e a crescente dificuldade de muitas famílias em manter a habitação num contexto de subida generalizada dos preços e do custo de vida.

Especialistas apontam que a situação revela não só uma tensão entre inquilinos e senhorios, mas também lacunas na política habitacional do país. Medidas de apoio social e incentivos à negociação entre partes poderiam mitigar o número de despejos, garantindo uma maior estabilidade habitacional.

Para os cidadãos afetados, o impacto vai além do financeiro, já que a perda do lar traz consequências psicológicas e sociais significativas, afetando sobretudo famílias com crianças e idosos.

Por outro lado, os proprietários alegam que necessitam de recuperar a posse dos imóveis para manter a sustentabilidade financeira dos seus investimentos.

A tendência registada em 2025 sugere a necessidade de uma intervenção mais estruturada do Estado, seja através de políticas de apoio ao arrendamento ou de mecanismos que promovam a resolução de conflitos sem recorrer à via judicial.

A estabilização deste cenário é crucial para garantir o direito à habitação, considerado um pilar fundamental do bem-estar social em Portugal.

Despejos: incapacidade de pagar renda

A principal causa dos despejos continua a ser a incapacidade de cumprir com os pagamentos das rendas.

Este fator é agravado pelo aumento do custo de vida, pelos preços elevados do arrendamento, pelo crescimento das taxas de energia e pelos salários que, em muitos casos, não acompanham estas subidas.

Para muitas famílias, a habitação deixa de ser acessível, levando a situações de vulnerabilidade social.

Para além do problema económico, Portugal enfrenta desafios históricos no acesso à habitação e que têm tendência a agravar-se num futuro próximo.

  1. Escassez de habitação a preços acessíveis: a oferta de imóveis destinados a rendas moderadas é insuficiente, especialmente em centros urbanos como Lisboa e Porto. Muitos jovens e famílias de classe média não conseguem encontrar soluções compatíveis com os seus rendimentos.
  2. Especulação imobiliária: o crescimento do investimento imobiliário, sobretudo por fundos estrangeiros, tem pressionado o mercado, elevando os preços das rendas e dificultando a estabilização do acesso à habitação.
  3. Burocracia e regulamentação: embora existam algumas políticas de apoio ao arrendamento, muitas vezes a sua implementação é lenta ou complexa, deixando inquilinos e senhorios sem soluções rápidas para situações de conflito.
  4. Habitação social insuficiente: Portugal ainda não conseguiu criar uma rede de habitação social capaz de absorver a procura crescente. As listas de espera para fogos sociais continuam longas, aumentando o risco de famílias serem despejadas sem alternativa habitacional.

A verdade é que o aumento constante dos despejos em 2025 sublinha a urgência de políticas integradas que garantam o direito à habitação e promovam estabilidade no mercado.

Sem ações concretas, a tendência de exclusão habitacional e de instabilidade social tende a agravar-se, comprometendo a qualidade de vida de milhares de portugueses.

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