Cláudia Pereira
Cláudia Pereira
10 Jul, 2025 - 19:00

Livros em papel ou digital? Escolas do 2.º ciclo ganham voz na escolha

Cláudia Pereira

Escolas do 2.º ciclo vão poder escolher entre manuais digitais ou em papel a partir de 2025. Governo exige justificação pedagógica e monitorização.

O próximo ano letivo traz uma novidade para as escolas portuguesas: a partir do 2.º ciclo, podem escolher entre manuais digitais ou em papel. A medida foi anunciada pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) e representa uma mudança significativa no modelo de ensino tradicional.

Mas a liberdade não é total. Para optarem pelo digital, as escolas têm de apresentar uma justificação pedagógica clara, através de um formulário fornecido pela Direção-Geral da Educação (DGE). E estarão sujeitas a monitorização contínua.

Ensino digital avaliado: resultados sem impacto negativo

A decisão do MECI baseia-se num estudo da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), que concluiu que os manuais digitais não prejudicam os resultados escolares. Com base nisso, o Governo decidiu alargar a possibilidade a todas as escolas do 2.º e 3.º ciclos, mantendo o 1.º ciclo de fora por ser uma fase crítica no desenvolvimento da leitura e da escrita.

Condições para aderir aos manuais digitais

No ano letivo de 2025/2026, as escolas que queiram implementar manuais digitais precisam de apresentar uma justificação pedagógica clara. Esta decisão não pode ser tomada apenas por conveniência ou moda: é necessário demonstrar que o digital traz benefícios reais para o contexto educativo de cada escola.

A adesão será feita através de um formulário oficial disponibilizado pela Direção-Geral da Educação (DGE), e as instituições que optarem pelo digital ficarão sujeitas a um processo de monitorização contínua, para avaliar o impacto nas aprendizagens.

Requisitos reforçados em 2026/2027

A partir de 2026/2027, os critérios tornam-se mais exigentes. As escolas terão de garantir formação específica tanto para os professores como para os alunos, assegurando que todos dominam as ferramentas e metodologias associadas ao ensino digital.

Será também obrigatório envolver os encarregados de educação no processo, promovendo uma abordagem colaborativa entre escola e famílias. Também será necessário comprovar a existência de condições técnicas adequadas, como equipamentos e conectividade. Só poderão continuar com os manuais digitais as escolas que, após avaliação, obtenham parecer positivo da DGE com base nos dados da experiência anterior.

Veja também Governo proíbe uso de telemóveis nas escolas até ao 6.º ano

Proibição de smartphones ligada à nova política

O Governo anunciou a proibição do uso de smartphones até ao 6.º ano de escolaridade. A medida foi aprovada em Conselho de Ministros e baseia-se num estudo que relaciona a proibição com a diminuição do bullying e o aumento da socialização.

As exceções mantêm-se: os telemóveis podem ser usados para fins pedagógicos ou de saúde, desde que sem ligação à internet.

O futuro do ensino em Portugal

O MECI vai reunir com diretores escolares para definir os próximos passos e adaptar as regras às escolas com diferentes ciclos de ensino. A digitalização continua a avançar, mas sempre com foco na qualidade e equidade.

Veja também