Cláudia Pereira
Cláudia Pereira
01 Set, 2025 - 09:45

Declarações de Marcelo Rebelo de Sousa sobre Trump agitam cenário político

Cláudia Pereira

Marcelo Rebelo de Sousa liga Trump à Rússia e levanta críticas à liderança do presidente dos EUA e ao papel de Portugal na geopolítica internacional.

As recentes declarações de Marcelo Rebelo de Sousa voltaram a abalar o panorama político. Ao sugerir, de forma subtil mas inequívoca, que Donald Trump poderia ser visto como um “ativo russo”, o Presidente da República lançou um alerta diplomático com repercussões nacionais e internacionais.

A referência velada a uma possível ligação entre Trump e Vladimir Putin não passou despercebida. A reação foi imediata: críticas de vários quadrantes políticos portugueses, desconforto no seio da diplomacia nacional e novo fôlego ao debate sobre o papel de Portugal na geopolítica global.

Mais do que um comentário isolado, estas palavras de Marcelo reavivam questões sensíveis sobre a política externa portuguesa, os alinhamentos estratégicos no seio da NATO e da União Europeia, e a posição do país face às tensões globais entre democracias ocidentais e regimes autoritários.

Impacto das declarações de Marcelo na política externa portuguesa

A relação Trump-Putin no centro das atenções

Durante a sessão da Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, Marcelo Rebelo de Sousa teceu comentários que marcaram o rumo do debate político. Ao mencionar que Donald Trump é, “objetivamente, um ativo soviético, ou russo“, levantou preocupações quanto ao sentido estratégico da política externa norte-americana sob a liderança de Trump e o seu alinhamento com os interesses de Vladimir Putin.

Referindo-se à nova liderança norte-americana, Marcelo afirmou que esta tem “favorecido estrategicamente a Federação Russa“, fazendo acreditar que há consequências diretas na estabilidade global. Esta observação reaviva o debate em torno da relação Trump-Putin, alimentando críticas à liderança de Trump em múltiplos quadrantes políticos, tanto em Portugal como no panorama internacional.

Reações internas e diplomáticas à declaração do Presidente

A declaração não caiu bem em alguns círculos governamentais. O Ministro dos Negócios Estrangeiros optou por não comentar, salientando que é da competência do Governo estabelecer a posição oficial sobre a política externa portuguesa. No entanto, o silêncio não impediu que o tema gerasse desconforto, sobretudo numa altura de grande sensibilidade geopolítica.

Entre os partidos, a reação mais efusiva foi a de Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, que considerou o comentário de Marcelo despropositado, dada a atual conjuntura marcada pelos incêndios no território nacional. Em tom sarcástico, afirmou que a frase “dá vontade de rir” e surge apenas como mais um episódio de leveza imprópria no atual contexto.

A controvérsia e os equilíbrios na geopolítica portuguesa

O papel de Portugal na nova ordem internacional

Estas palavras do Presidente da República provocaram também reflexões no seio de ex-governantes e comentadores políticos, alguns dos quais consideram que, mesmo sendo feitas num contexto informal, careciam de maior prudência institucional. Ao posicionar Donald Trump como um elemento pró-Rússia, o Presidente da República poderá ter criado fricções ainda que simbólicas com os Estados Unidos, um dos principais aliados estratégicos de Portugal.

Apesar de controversas, as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa não são totalmente isoladas. Em vários círculos europeus, Donald Trump tem sido alvo recorrente de críticas pela sua proximidade a regimes autoritários e pela sua postura imprevisível na cena internacional. Isto não invalida, porém, a necessidade de avaliar o impacto internacional das palavras do Presidente português.

Alguns observadores consideram que o comentário não passou de mais um “factoide” político, típico do registo informal do Presidente nos meses de verão. Numa altura em que Portugal procura afirmar-se como ator diplomático estável e confiável, o episódio levanta também questões sobre a coerência institucional entre o Presidente da República e o Governo em matérias tão delicadas como a política externa.

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