A empresa 1X Technologies anunciou o lançamento do Neo, o primeiro robot humanóide doméstico disponível para compra, numa aposta ambiciosa que pretende levar a robótica avançada para dentro das casas de milhões de pessoas.
Com um design que mistura funcionalidade e uma estética deliberadamente amigável, o Neo foi concebido para realizar tarefas quotidianas como dobrar roupa, organizar espaços e adaptar-se às rotinas familiares.
Com um peso de 30 quilogramas, o Neo tem a capacidade de levantar até 70 quilogramas e transportar cargas de até 25, números impressionantes para um robot destinado ao uso doméstico.
O robot mede 1,67 metros de altura e desloca-se de forma autónoma pela casa, realizando movimentos suaves e naturais graças ao sistema patenteado “Tendon Drive” da 1X, que utiliza motores de alta densidade de torque para garantir a segurança e precisão na manipulação de objetos.
Neo: o futuro já está aí
A estrutura, fabricada com polímeros de celosía 3D e recoberta de tecido lavável, confere-lhe um aspeto amigável e evita qualquer sensação intimidante.
Esta escolha de design não é acidental. A 1X quer que o Neo seja visto como um companheiro, não como uma máquina ameaçadora.
As mãos do Neo contam com 22 graus de liberdade, o que lhe permite manipular objetos pequenos com uma destreza comparável à humana.
Desde o momento do lançamento, o robot será capaz de abrir portas, trazer objetos e apagar luzes de forma autónoma.
O módulo “Chores”
A funcionalidade central do Neo reside no seu módulo “Chores”, que permite aos utilizadores atribuir, programar e supervisionar tarefas domésticas mediante comandos de voz ou através de uma aplicação.
Entre as ações que pode executar encontram-se ordenar quartos, dobrar roupa e limpar espaços em tempo real.
Mas aqui surge uma particularidade que tem gerado controvérsia. É que quando o robot se depara com uma tarefa que ainda não domina, os proprietários podem solicitar a intervenção de um “Especialista 1X”, um operador humano que controla o robot de forma remota para completar a ação enquanto o sistema observa e aprende.
A questão da privacidade
O CEO da 1X, Bernt Børnich, explicou que qualquer pessoa que compre o Neo para entrega no próximo ano terá de concordar que um operador humano poderá ver o interior das suas casas através da câmara do robot.
É necessário para ensinar as máquinas e recolher dados de treino para que, eventualmente, possam realizar tarefas de forma autónoma.
Os proprietários terão acesso a uma aplicação onde podem agendar quando o teleoperador pode assumir o controlo do Neo e especificar a tarefa que querem que a máquina faça.
A empresa pode desfocar pessoas para que o operador remoto não as veja, e os proprietários podem designar zonas proibidas nas suas casas às quais o operador não pode aceder.
O Wall Street Journal, que testou o robot, assinala a privacidade como um “custo”, pois a versão inicial requer um humano que o controla enquanto realiza tarefas com óculos de realidade virtual e pode ver através das câmaras dos seus olhos, embora existam “salvaguardas”.
Neo: preços e disponibilidade
A pré-venda do Neo já está disponível nos Estados Unidos com um depósito de 200 dólares, e os interessados em acesso antecipado podem adquiri-lo por 20.000 dólares (cerca de 17.300 euros). Caso não queiram comprá-lo, os utilizadores podem optar por um plano de subscrição mensal de 499 dólares (431 euros).
O envio das primeiras unidades está previsto para 2026 em três cores: bege, cinzento e castanho-escuro. A empresa planeia vender o Neo a outros mercados fora dos Estados Unidos a partir de 2027.
Os prós e contras
As reações nas redes sociais têm sido mistas. Muitas pessoas expressaram fascínio genuíno, vendo o Neo como um marco para a robótica que poderia redefinir como vivemos e trabalhamos em casa.
Outros receberam bem os potenciais benefícios para idosos ou pessoas com deficiência, observando que tais máquinas poderiam fornecer assistência valiosa.
Contudo, também há céticos, especificamente com as questões de durabilidade e segurança.
Embora o corpo suave e o design do Neo priorizem a interação segura entre humanos e robots, a complexidade de um ambiente doméstico real, com escadas, animais de estimação, desordem e situações inesperadas, apresenta muito mais variáveis do que as demonstrações controladas mostram.
A verdade é que a ficção científica está definitivamente mais próxima de se tornar realidade quotidiana.