Share the post "Nokia ainda faz telemóveis, mas o fim está próximo. Teve algum?"
Lembra-se do primeiro “tic-tic” do teu telemóvel? Pode muito bem ter sido um Nokia. Nos anos 1990 e início dos anos 2000, a Nokia dominava o mundo dos telemóveis e modelos como o Nokia 1100 e o Nokia 3310 vendiam-se aos milhões de unidades.
Este passado de glória serve de pano de fundo para a situação atual da empresa. Sim, ainda se produzem aparelhos com a marca Nokia, mas há vários sinais de que este capítulo está perto de fechar.
Uma série de escolhas mal planeadas e, também, algum soberba, fizeram com que a marca perdesse o comboio da evolução na área dos smartphones.
Agora, o fim pode estar mesmo próximo, uma vez que a competição com a Apple, a Samsung ou a Huawei, só para citar alguns fabricantes, é quase impossível. Mas ainda permanece o legado?
Nokia: robustez e um mercado por conta
A Nokia surgiu na Finlândia, numa origem curiosa ( começou em 1865 a produzir pasta de papel) e acabou, por alturas dos anos 2000, com mais de 40 % de quota global de mercado em telemóveis.
Era conhecida pela robustez, pela bateria que durava dias e, claro, pelo jogo “Snake” que viciou gerações. Há quem ainda guarde um modelo antigo como peça de nostalgia e não por acaso.
Com esse historial em pano de fundo, a marca tornou-se quase sinónimo de “telefone que nunca deixa ficar mal”.
Mesmo o som de arranque, o “Nokia tune”, ficou gravado na memória de muita gente, num capital simbólico muito forte.
O que mudou e a queda
Mas, entretanto, deu-se a revolução dos smartphones. A chegada do Apple iPhone (2007) e dos sistemas Android fez com que o panorama se acelerasse. A Nokia demorou a tomar o rumo dos ecrãs tácteis e dos softwares de plataforma aberta. Em 2013, vendeu a divisão de telemóveis à Microsoft.
Depois disso, a marca foi licenciada à empresa finlandesa HMD Global, que ficou responsável por fabricar aparelhos Nokia a partir de 2016.
No entanto, essa aposta nunca recuperou os números de antigamente. Foi uma boa tentativa, mas ficou aquém do que seria preciso para “ressuscitar um gigante”.
Outro fator é que o mercado já não permite falhas. A competição é feroz, as margens mais reduzidas e a inovação (software, câmaras, 5G) mais exigente. A Nokia, que outrora fluía com naturalidade, viu-se tensa, sempre um passo atrás.

Nokia: telemóveis por quanto tempo?
Sim, há aparelhos Nokia no mercado. Especialmente “feature phones” (telemóveis simples) e alguns modelos Android de gama média.
Mas há uma notícia que faz soar campainhas. É que o contrato de licença da marca “original” e a HMD Global termina em março de 2026, e a HMD já indica que poderá não renovar ou reduzir fortemente o esforço em smartphones.
Ou seja, a Nokia enquanto marca de telemóveis pode estar a despedir-se. O fim não foi anunciado como um drama, mas os sinais são claros. Se o licenciamento termina, e não há um novo parceiro forte, será difícil continuar.
Para o utilizador comum, isso significa menos novidades, menor visibilidade, talvez suporte e progressão de software mais fracos.
Componente emocional
A verdade é quem teve um aparelho destes conta aqui com uma componente emocional. Marcas que fazem parte da vida não se esquecem assim de repente.
Saber que “aquela marca que usámos” está prestes a desaparecer do segmento telefónico também gera uma espécie de lamento.
Mas é um exemplo que também importa como caso de estudo. A Nokia ensinou que dominar um mercado hoje não garante o amanhã. Inovação, adaptação e execução à velocidade da luz são cruciais. Contar com segurança atrás de uma marca por si só pode não bastar.