Miguel Pinto
Miguel Pinto
08 Set, 2025 - 17:00

Novo Renault Clio: o fiel escudeiro francês que nunca sai de moda

Miguel Pinto

Aí está ele, o novo Renault Clio, um ícone incontornável. Venha conhecer em pormenor tudo o que muda com esta sexta geração.

Novo Renault Clio vermelho

carros que atravessam gerações sem nunca perder a alma. O Renault Clio é, talvez, o exemplo mais claro disso e desde 1990 que se entranhou no quotidiano europeu, acumulando mais de 17 milhões de unidades vendidas.

Tornou-se no utilitário de eleição para famílias, jovens condutores e empresas que o adotaram como fiel parceiro. O Clio é parte da paisagem, uma espécie de mobiliário urbano em movimento. Em perpétuo movimento.

E agora chega-nos renovado. Esta nova geração traz afinações certeiras, especialmente no design e na tecnologia, e reforça aquilo que a marca francesa sempre soube fazer, ou seja, ser um carro prático, mas com charme.

Trinta e cinco anos depois do primeiro Renault Clio, chega a sexta geração e, com ela, um salto claro no desenho, na tecnologia e, sobretudo, na eficiência. Fomos conhecê-lo e agora contamos.

Mais atlético, mais escultural, mais… Clio

O traço mudou e não é tímido. O capot alongou, a frente ganhou personalidade com uma grelha em destaque e uma assinatura luminosa de inspiração “diamante” que sublinha a nova identidade da marca.

Os volumes alternam superfícies côncavas e convexas, criando essa tal “tensão dinâmica” que dá vida às formas e que, no asfalto, se traduz numa presença mais larga e plantada, reforçada por vias alargadas e jantes até 18 polegadas.

As cavas de roda negras são de série (mate ou brilhantes consoante o nível), e atrás, o vidro muito inclinado e os quatro farolins de inspiração desportiva fecham um conjunto declaradamente mais atlético.

As abertura das portas traseiras continua discretamente oculta (tradição da casa) e os frisos climatizadores exteriores escondidos mantêm a limpeza visual, um detalhe raro no segmento.

Crescimento, mas não muito

Nas medidas, há crescimento cirúrgico: 4,116 m de comprimento, 1,768 m de largura e 1,451 m de altura, com uma distância entre eixos de 2,591 m. Nada aqui é gratuito e os balanços trabalhados e a linha de tejadilho “coupé” compensam o ganho de dimensões com mais presença, sem perder agilidade no trânsito.

A paleta inclui sete cores, com duas estreias (Absolute Red com verniz colorido e Absolute Green) a par de tons já conhecidos como Glacier White, Ceramic Grey, Shadow Grey, Diamond Black e Iron Blue.

E há acessórios pensados pelo próprio design Renault, como o aileron traseiro colado e proteções inferiores de saias para uma nota extra de desportividade… e proteção.

Interior subiu de divisão

Abre-se a porta do novo Renault Clio e percebe-se que a metamorfose não ficou pela carroçaria.

O tablier estreia materiais e texturas, com aplicação têxtil no lado do passageiro a integrar iluminação ambiente e, na versão Esprit Alpine, acabamentos em Alcantara e um tratamento “burnt metal” à volta das saídas de ventilação.

O volante é o mesmo dos modelos de segmentos acima, mais compacto, e com botão Multi-Sense para mudar de modo de condução e de ambiente num só gesto.

O cenário tecnológico é dominado por um conjunto de dois ecrãs de 10,1” em “V”, com o central ligeiramente orientado para o condutor.

É aqui que vive o OpenR Link com Google integrado (uma estreia no segmento) com Google Maps, Google Assistant (capaz de controlar funções do veículo) e acesso ao Google Play para mais de uma centena de aplicações.

Há replicação sem fios via Android Auto e Apple CarPlay e carregamento por indução consoante versões. E, sim, as atualizações “over-the-air” e a manutenção conectada passam a fazer parte do quotidiano do Clio.

Espaço? O Renault Clio continua a sentar cinco sem grandes esforços e soma soluções práticas, como um novo compartimento fechado na consola central (a tampa evoca a capa de um tablet), duas USB-C à frente, 12 V atrás e, consoante a motorização, uma bagageira que chega aos 391 litros.

(Clique na nossa galeria de fotos para conhecer o novo Clio)

Renaul Clio E-Tech 160: a estrela

Sob o capot, o Clio abre o livro com quatro motorizações entre 115 e 160 cv, todas apoiadas num chassis CMF-B afinado para conjugar conforto e uma precisão dinâmica que o desenho promete e a estrada confirma.

A jóia da coroa é o novo full hybrid E-Tech 160. Não se liga à tomada e é justamente aí que brilha: 3,9 l/100 km em ciclo combinado, emissões desde 89 g/km e um 0-100 km/h em 8,3 s (menos um segundo face ao anterior E-Tech 145).

Em cidade, pode rolar até 80% do tempo em modo elétrico. Em autoestrada, fala-se em 1.000 km de alcance sem dramas.

A arquitetura continua a ser um compêndio de engenharia: 1.8 de quatro cilindros em ciclo Atkinson, dois motores elétricos alimentados por bateria de 1,4 kWh com novo arrefecimento e, sobretudo, uma caixa multimodo sem embraiagem inspirada na F1, com duas relações para o elétrico e quatro para o térmico.

O sistema escolhe sempre o melhor casamento para eficiência, emissões e prazer de condução, alternando entre tração 100% elétrica, híbrido dinâmico, E-drive para carregar em andamento, ou recuperação de energia.

Tudo isto sem esforço do condutor, com quatro modos de condução a afinar resposta e assistência de direção.

Para quem preferir soluções clássicas (ou de baixo custo de utilização), há o novo 1.2 TCe de 115 cv com caixa manual, e uma futura versão Eco-G a GPL de 120 cv, pensada para quilometragens altas e faturas leves.

Dez números que “explicam o Renault Clio

  • 1990: Ano de lançamento da 1.ª geração, que revolucionou
    o segmento dos citadinos.
  • 17 milhões: Unidades vendidas em todo o mundo
    nas cinco primeiras gerações.
  • 120: Países onde foi comercializado desde a sua estreia.
  • 1: Posição de vendas na Europa (1.º semestre de 2025).
  • 6: Número de gerações desde 1990.
  • 35: Anos de mercado e no coração dos condutores.
  • 29: Sistemas ADAS disponíveis.
  • 89: Gramas de CO2/km emitidos pela versão full hybrid E-Tech de 160 cv.
  • +1.000: Clios produzidos diariamente na fábrica de Bursa.

68.000 km: Distância percorrida se os 17 milhões de Clios
fossem alinhados, o que equivale a 1,7 voltas à Terra.

Apoios à condução em grande

A ofensiva tecnológica não se esgota no infotainment. O Renault Clio traz até 29 sistemas avançados de assistência ao condutor, com estreias no modelo do cruise-control inteligente com função “Active Driver Assist”, deteção frontal/traseira com correção de trajetória, travagem automática em marcha-atrás, alerta de saída segura e Assistente de Paragem de Emergência que é capaz de imobilizar o carro se o condutor não reagir.

A câmara de marcha-atrás e visão 360º em alta-definição fazem do estacionamento um não-assunto. E, como nos restantes Renault, o My Safety Switch permite ligar/desligar até cinco ADAS num único toque.

Gamas, fabrico e ambição

A gama é simples e recheada desde a base. Começa pelo Evolution, que já traz travão de estacionamento elétrico, cruise-control adaptativo, travagem automática, manutenção na faixa, monitorização de fadiga, ecrã central de 10,1” com replicação e sensores traseiros.

O nível Techno soma o OpenR Link com Google integrado, climatização automática, vidros traseiros escurecidos, espelho eletrocrómico, iluminação ambiente, chave mãos-livres, jantes de 16” e câmara traseira.

No topo, o Esprit Alpine veste-o a preceito: Alcantara, pedais em alumínio, carregamento sem fios, jantes de 18” com detalhes azuis, monogramas Dark Chrome e um pacote alargado de assistências, do aviso de ângulo morto ao alerta de tráfego cruzado traseiro e travagem automática em marcha-atrás.

Novo Renaul Clio

Renault Clio: mais do que um simples carro

O Clio nunca foi apenas um carro racional, é um símbolo cultural.

Está presente nas memórias de quem aprendeu a conduzir com um, de quem fez viagens intermináveis até ao Algarve com malas a transbordar, de quem foi buscar o primeiro namorado ou namorada ao liceu. Esta sexta geração carrega esse legado, mas acrescenta-lhe uma pitada de sofisticação.

Será revolucionário? Talvez não. Mas é precisamente aí que está a sua força, não precisa de inventar a roda (já a conhece bem).

O que faz é polir, afinar, modernizar e, sobretudo, continuar a ser relevante num mercado onde os pequenos carros parecem estar sempre à beira da extinção. O Clio prova que ainda há espaço para compactos charmosos e que não precisamos de um SUV para tudo.

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