Cátia Aguilar
Cátia Aguilar
17 Mai, 2018 - 07:00

O E-Konomista foi visitar o Puzzle Room e… quase saiu a tempo

Cátia Aguilar

Saiba tudo sobre o Puzzle Room, mas fique já a saber que não há nada melhor do que ir até lá e experimentar as emoções provocadas pelos jogos.

O E-Konomista foi visitar o Puzzle Room e... quase saiu a tempo

Já ouviu falar do Puzzle Room? Trata-se de um dos escape rooms que pode encontrar em algumas cidades portuguesas. Esta atividade, que cada vez ganha mais adeptos, diverte e desafia amigos a tentarem sair de uma sala ou conjunto de salas, tendo que desvendar os enigmas “plantados” pelos game masters, que se divertem tanto a fazer os jogos como aqueles que os vão tentar deslindar.

O Puzzle Room convidou o E-Konomista a experimentar um dos seus jogos e, como não somos de dizer não a um bom desafio, aceitámos e fomos ver com os nossos próprios olhos se esta atividade merecia tanta atenção como lhe têm dado. Podemos adiantar que não nos arrependemos e que nos divertimos muito!

Antes de ir até lá, aconselhamo-lo a ler este artigo, onde revelamos algumas coisas sobre o Puzzle Room. Como não podia deixar de ser, também lhe damos todos os dados de que necessita para tomar a decisão acertada, que é ir até lá! E prometemos não fazer nenhum spoiler. Tudo o que aqui revelamos são informações úteis e curiosidades interessantes.

Desvendar o Puzzle Room

Pedro Santos e Jorge Correia são os dois fundadores do Puzzle Room, mas foi o Gonçalo Costa, que é responsável de parcerias e game master, que nos recebeu e com quem falámos ao longo de todo o processo.

Para além do Gonçalo, a equipa é composta pelo Telmo Leal e o Ricardo Capitão, que, tal como o nosso anfitrião, são responsáveis pela parte operacional e game masters – as pessoas que idealizam e constroem os jogos. Os dois fundadores dedicam-se mais ao trabalho de backoffice, gestão e planeamento.

O Puzzle Room existe desde dezembro de 2014 e desde então tem tido cada vez mais procura. Prova do seu sucesso é o facto de também já existir em Coimbra e Évora, ainda que esses espaços tenham uma gerência completamente independente, tal como um franchising.

Esta é uma atividade que tem tido muito crescimento e Portugal está a seguir a tendência. Assim, também o Puzzle Room tem sido muito procurado, essencialmente por grupos de amigos entre os 20 e os 30 anos. Os portugueses são o seu público alvo principal e também os que mais os visitam.

As famílias também têm aderido muito. Quando estas são compostas maioritariamente por crianças, até aos 12 anos, convém que façam o jogo infantil. A decisão final é sempre dos participantes, mas os game masters sugerem sempre o jogo que consideram mais indicado, de acordo com as características que observam nos elementos de cada grupo.

Os puzzles

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Antes de falarmos dos desafios que podem ser encontrados no Puzzle Room, convém esclarecer os mais distraídos sobre o que é um escape room. Trata-se de um jogo de aventura em que os jogadores estão fechados num espaço. Em equipa, têm de usar os elementos presentes nesse espaço para resolver enigmas e escapar dentro do tempo limite. Este é o conceito tradicional, mas com o passar do tempo vão surgindo algumas inovações que tornam cada jogo único.

Qualquer pessoa que domine os 5 sentidos pode fazer os jogos. Não há qualquer tipo de requisito físico. Apenas precisa de usar o intelecto. Atualmente, o Puzzle Room de Lisboa conta com três escape rooms, sendo um deles dedicado aos mais novos.

Para além dos escape rooms “tradicionais”, o Puzzle Room tem ainda um street escape, e o Puzzle Room in a Box, que consiste em levar os jogos para outro espaço.

O Assalto e a A Ilha Perdida

O Assalto e a A Ilha Perdida têm como personagem principal Virgílio Marçal, um lisboeta dos anos 60 “contrabandista aspirante a navegador, ou então um navegador condenado a ser contrabandista. Nunca viajou sem duas coisas; o seu chapéu cinzento e o sonho de um dia encontrar um tesouro”.

“Numa das salas, o jogo requer mais um raciocínio lógico. A outra obriga-nos a pensar mais fora da caixa, a usarmos a criatividade. As equipas podem ser direcionadas para uma das salas de acordo com o seu perfil”, diz-nos o Gonçalo.

Acrescenta ainda que dentro das salas “nunca há apenas uma coisa para resolver de cada vez”. Desta forma, os grupos grandes podem estar divididos e ir fazendo coisas diferentes em simultâneo.

Em cada sala há câmaras e formas de comunicação áudio para que o game master possa interagir com os jogadores e estes também possam colocar dúvidas que, eventualmente, surjam.

Sim, pode haver algumas ajudas, caso os jogadores estejam com muitas dificuldades: “O trabalho do game master também passar por perceber se as pessoas precisam de ajuda com alguma coisa ou de alguma dica para desbloquear dificuldades que estejam a ter”. Mas em momento algum as dicas servem para resolver as coisas pelos jogadores, apenas para redirecionar e manter as pessoas em movimento.

“Os nossos jogos não precisam de ser jogados por ordem. Embora cada jogo seja um capítulo diferente de uma mesma história, a ordem não é determinante para a sua total fruição”, diz o Gonçalo. “A história é apenas um tema que cria uma fantasia, mas nada interfere na ordem pela qual devam ou possam ser jogados. É apenas um tema”.

O Assalto Júnior

O Assalto Júnior conta a história de Porfírio Almeida, “um famoso caçador de tesouros”.

Esta sala, sendo dedicada aos mais novos, não tem elementos que possam ser perigosos para crianças. Naturalmente, os desafios são mais simples e adaptados de forma a que uma criança os consiga compreender. Porém, o Gonçalo afirma que “há coisas que as crianças resolvem melhor e com as quais os adultos têm mais dificuldade”.

À medida que os game masters observam o comportamento das crianças, o jogo vai sendo adaptado, de forma a que se torne cada vez mais interessante e ajustado aos mais pequenos.

Não há limite de idades, mas quando a equipa é formada exclusivamente por crianças é necessária a presença de um ou dois adultos, que não contam para o número de jogadores porque não estão a jogar, apenas a controlar. De acordo com a idade e perfil das crianças, o adulto pode ajudar a moderar e gerir as crianças no jogo, mas não há regras nem nenhuma indicação de que deva ser assim.

Lágrima Mortífera

A história do jogo de rua é independente da das salas. Aqui, os jogadores são agentes secretos que têm como missão salvar a cidade. É preciso desativar uma bomba que contém um vírus letal.

Quando o Puzzle Room criou o street escape, em setembro de 2017, era o único puzzle room com um jogo de rua. O Gonçalo assume que continuem a sê-lo, pelo menos em Lisboa. E nós também não encontrámos mais nenhum, pelo que estamos convictos de que o Puzzle Room foi o primeiro e, atualmente, continua a ser único escape room com um jogo que não acontece entre paredes.

Puzzle Room in a Box

Para além das suas salas e da rua, o Puzzle Room ainda tem mais uma modalidade. É possível requisitar os serviços destes game masters para montar um jogo num espaço à sua escolha. São jogos feitos fora do espaço do Puzzle Room e podem ser personalizados tanto quanto o cliente desejar.

Os clientes mais comuns deste formato são as empresas. Recrutamentos, eventos, atividades de team building e avaliações são as situações que mais as levam a requisitar o Puzzle Room in a Box.

Em recrutamentos, os candidatos são observados para que se perceba a forma como estes se libertam e como estão no seu modo mais natural. Os avaliadores observam coisas que por vezes as pessoas nem imaginam.

Se em team building se quiser trabalhar a comunicação, os exercícios são diferentes dos de resolução de problemas.

Quem contrata os serviços diz o que pretende e os game masters usam o que têm em seu poder para dar a resposta pretendida, estando o processo de criação do lado deles. Levam desafios base que se adaptam a várias realidades, fazendo os devidos ajustes. Nestes espaços têm mais liberdade do que nas salas, porque cada sítio é único e podem fazer coisas ligeiramente diferentes.

O Gonçalo afirma que a natureza dos desafios tem algo em comum, mas cada enigma é diferente: “É como estares a ouvir um CD de uma banda e saberes que as músicas vêm todas da mesma cabeça, mas são todas diferentes”.

Fazer a diferença no mundo dos escape rooms

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Quando perguntámos ao Gonçalo o que diferencia o Puzzle Room de outras empresas com a mesma atividade, não hesitou em afirmar que, para já, são os únicos em Lisboa, e provavelmente no país, com um jogo para crianças.

Há ainda o jogo de rua, que, até onde sabemos, também é prática pioneira e exclusiva do Puzzle Room.

O Gonçalo afirma que os jogos são todos muito diferentes e dependem de como os game masters pensam e os constroem. Mas os do Puzzle Room são muito mecânicas e as pessoas compreendem o que têm de fazer, enquanto outros escape games têm elementos tecnológicos em que as pessoas não compreendem tão bem como as coisas acontecem. Aqui as pessoas compreendem mais facilmente como determinadas coisas aconteceram. Isto porque os game masters do Puzzle Room gostam que as pessoas “metam as mãos na massa”.

Ironicamente, e pelo feedback dos jogadores, estes são dos jogos mais difíceis de Lisboa.

Interação entre escape rooms

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O Gonçalo revelou-nos ainda que a comunidade de pessoas que trabalham em escape games não se vêem como concorrência, até porque, teoricamente, quem faz um escape game não volta. A piada está em descobrir como se resolvem os problemas, por isso repetir um jogo seria como pagarmos novamente para ver um filme que já sabemos como vai acabar.

A prova de que esta atividade não funciona muito nos moldes da competição é o facto de os game masters fazerem abertamente outros escape games. Todos se conhecem e é frequente que se convidem uns aos outros quando abre uma nova sala. Assim, acabam por se inspirar mutuamente e recomendam-se uns aos outros. Pelas palavras do Gonçalo, “temos muito mais um espírito de colaboração do que de competição.”

Esta é uma indústria em que as pessoas são movidas pelo prazer de criar com o objetivo de fazer com que os outros se divirtam: “Ou se tem inclinação e se gosta de criar jogos ou não funciona”. No fundo, o que os game masters querem é oferecer às pessoas momentos novos e fazê-las divertirem-se: “É pelas pessoas. Nós gostamos disto, criamos isto e esperamos que as pessoas partilhem connosco este entusiasmo”.

Informações práticas

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Passemos à logística! Seguem algumas informações que são fundamentais para quem pretende fazer um escape game do Puzzle Room:

  • Cada jogo tem a duração de 1 hora. No caso do Puzzle Room in a Box, o cliente escolhe o tempo. Já foram feitos jogos de 5 minutos e de 1 hora;
  • Cada equipa pode ser composta por entre 2 e 7 elementos. Se o grupo tiver mais do que 7 elementos, é aconselhável que se dividam. O Assalto Júnior pode ser jogado por 10 pessoas;
  • Cada jogo tem um custo de 50€ (até 5 jogadores) ou 70€ (até 7 jogadores). É possível pagar apenas quando se vai jogar ou por transferência bancária, sendo preciso, neste caso, enviar o comprovativo da transferência até ao dia do jogo;
  • Pode fazer-se jogos das 15h à meia noite, de 2ª a 6ª, e das 10h30 à meia noite, aos sábados, domingos e feriados;
  • Só estão abertos quando têm marcações, pelo que se deve fazer a reserva através do site, onde também é possível ver no calendário que dias e horas ainda têm disponibilidade;
  • Os jogos estão disponíveis em português e inglês;
  • Não é preciso qualquer tipo de preparação. Antes do jogo, o game master dará as indicações necessárias;
  • Caso precise de sair, o game master abre a porta imediatamente;
  • Se se quiser manter atualizado relativamente a novidades, subscreva a newsletter no site do Puzzle Room e siga a página de Facebook;
  • Quem tiver um voucher só precisa de apresentar a versão digital. Basta apresentá-lo ao game master antes do jogo para este o possa validar. O voucher é uma excelente prenda!

Também importa mencionar que o Puzzle Room faz algumas promoções ao longo do ano:

  • 25 de abril – “Se escapares não pagas” é o mote para o dia da Liberdade, “porque a liberdade não tem preço”
  • No dia do aniversário do Puzzle Room
  • No Halloween e Páscoa houve desafios em que os participantes ganharam vouchers

A experiência do E-konomista no Puzzle Room

As palavras são do Gonçalo, não nossas: “Gostei muito de vos ver jogar. Foi muito corajoso porque vocês lançaram-se logo ao jogo mais difícil. Para primeiro jogo, portaram-se muitíssimo bem”.

Da nossa parte, podemos dizer que fomos muito bem recebidos e que a experiência foi ainda mais divertida do que esperávamos.

Para terminar, perguntámos ao Gonçalo o que podem as pessoas esperar do Puzzle Room. O nosso anfitrião garante que todos “podem esperar enfrentar desafios difíceis” e garante que esta é uma experiência que “cria muitos laços, seja com amigos, colegas ou família. Fortalece os laços entre as pessoas e estas divertem-se ao mesmo tempo”.

Por fim, disse-nos que o conceito de sucesso não passa apenas por sair da sala a tempo mas, acima de tudo, pela diversão. Por vezes, quando se é demasiado competitivo perde-se o foco e aquilo que de melhor o jogo tem para oferecer, ainda que a competitividade também torne as coisas mais interessantes: “Que o jogo em si seja o objetivo e não simplesmente ganhar”.

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