Share the post "Retenção do IRS cai? Sim, mas em 2026 o reembolso será menor"
O Governo aprovou recentemente uma nova redução na retenção do IRS que abrange os escalões do primeiro ao oitavo, com cortes que variam entre os 0,4 e os 0,6 pontos percentuais.
Estas alterações vão traduzir-se numa menor retenção na fonte para a maioria dos contribuintes, ou seja, mais dinheiro disponível ao fim do mês.
No entanto, esta redução nas retenções significa também que, no próximo ano, aquando da entrega do IRS referente a 2025, os reembolsos podem ser significativamente mais baixos.
Em alguns casos, os contribuintes poderão mesmo ser surpreendidos com a necessidade de pagar imposto.
Retenção do IRS: reembolso pode se bem atingido
Esta mudança tem implicações concretas para o orçamento familiar. Tradicionalmente, muitos portugueses contam com o reembolso do IRS como uma espécie de “extra” anual, que é usado para cobrir despesas como o IMI, seguros, férias ou simplesmente reforçar a poupança.
Com a descida das taxas de retenção do IRS, e uma menor diferença entre o que foi retido e o que efetivamente se devia pagar, o valor a reembolsar será naturalmente inferior.
Para os contribuintes com rendimentos médios, esta diferença poderá não ser dramática, mas será suficiente para obrigar a um novo planeamento financeiro.
Como se preparar
É por isso que é importante, desde já, ajustar as expectativas e preparar-se. O primeiro passo é deixar de contar com o reembolso como garantido. Em vez de fazer planos à volta desse valor, pode ser prudente começar a poupar regularmente ao longo do ano, criando uma espécie de “reembolso próprio”.
Assim, em vez de receber uma quantia inesperada em 2026, terá já um fundo de reserva acumulado, pronto a usar quando necessário.
Outro aspeto essencial é garantir que todos os dados fiscais estão corretos e atualizados. No início de cada ano, é fundamental confirmar no Portal das Finanças se o IBAN está registado e ativo, para evitar atrasos no pagamento.
É também imprescindível garantir que todos os dependentes estão devidamente registados, especialmente se houve alterações na composição do agregado familiar.
Pequenos detalhes como estes podem ter um grande impacto no cálculo final do imposto e, consequentemente, no valor a pagar ou a receber.
A validação das faturas ao longo do ano continua a ser determinante. Gastos com saúde, educação, habitação ou despesas em lares apenas contam para deduções se forem devidamente registados e validados no e‑Fatura. Este é um hábito que convém manter de forma regular, para evitar o acumular de correções nos primeiros meses do ano seguinte.
IRS automático
Para quem está abrangido pelo IRS Automático, vale a pena manter-se atento às propostas de liquidação que as Finanças disponibilizam.
Apesar de ser um sistema prático e cada vez mais fiável, é importante não o aceitar cegamente.
Convém verificar se todos os rendimentos estão corretamente declarados, se as deduções foram bem apuradas e se o número de dependentes está certo. Uma análise cuidadosa pode evitar surpresas desagradáveis e, nalguns casos, ainda recuperar algumas dezenas ou centenas de euros.
Finalmente, importa lembrar que está prevista uma nova redução nos escalões em 2026, o que pode voltar a ter impacto nos rendimentos mensais e no imposto final a pagar.
Esta descida, embora positiva em termos de rendimento líquido, reforça a tendência de reembolsos mais baixos no futuro.
Por isso, a melhor estratégia passa por encarar o IRS não como uma lotaria anual, mas como um exercício de planeamento consciente ao longo do ano inteiro. Com alguma disciplina, atenção aos detalhes e antecipação, será possível adaptar-se às mudanças sem grandes sobressaltos.