Cláudia Pereira
Cláudia Pereira
19 Dez, 2025 - 15:30

Rolls-Royce Phantom celebra 100 anos com coleção centenária de luxo extremo

Cláudia Pereira

O centenário do Rolls-Royce Phantom junta arte, música, histórias excêntricas e uma coleção privada de 25 unidades que redefine o conceito de luxo Bespoke.

Em 2025, o calendário de Rolls-Royce girou em torno de um único nome: Phantom. A marca usou o centenário do seu modelo de topo para revisitar histórias, clientes e momentos que ajudaram a construir a reputação de um dos automóveis mais conhecidos do mundo do luxo.

Chris Brownridge, director executivo da Rolls-Royce Motor Cars, descreveu o ano como uma oportunidade que só acontece uma vez em cada geração. O objetivo foi celebrar os carros, as pessoas que os conduziram e o impacto cultural que o Phantom teve ao longo de cem anos.

Phantom, de 1925 à oitava geração

O primeiro Phantom, conhecido como “New Phantom”, surgiu em 1925 com assinatura de Sir Henry Royce. Desde então, o modelo passou por oito gerações e manteve sempre a mesma missão: ser o produto de referência da marca e um símbolo de conforto silencioso.

Ao longo do século, o Phantom acompanhou mudanças profundas. Monarquias, estrelas de cinema, artistas, músicos, chefes de estado. Muitos escolheram este modelo como extensão da sua imagem pública. Em 2025, a Rolls-Royce decidiu usar essa herança como fio condutor para um ano inteiro de exposições, roadshows, encontros de coleccionadores e comissões Bespoke.

Para marcar a data, todos os Phantom produzidos no “Home of Rolls-Royce” em Goodwood em 2025 receberam uma placa de chassis especial de centenário. Detalhe discreto, mensagem clara, quem configurou um Phantom neste ano entrou para o álbum de família oficial do modelo.

Phantom Centenary Private Collection

O centro das celebrações foi a Phantom Centenary Private Collection, uma série limitada a 25 unidades. A marca descreve-a como o projeto Bespoke mais complexo que alguma vez produziu, pensada como uma espécie de cápsula do tempo sobre rodas.

Por fora, o Phantom Centenary apresenta uma pintura de dois tons. Arctic White com preto, cobertos por uma camada Super Champagne Crystal com partículas de vidro moído que criam um brilho subtil à luz. No topo, o Spirit of Ecstasy surge em ouro maciço de 18 quilates com banho de 24 quilates. Não é metáfora. É ouro mesmo.

Um interior pensado como galeria

O “Anthology Gallery” no tablier reúne elementos em alumínio e referências a títulos de imprensa e marcos da história do Phantom ao longo de cem anos. Os bancos traseiros usam um tecido especial com dezenas de milhares de pontos de bordado e impressão de alta definição. O desenho recorda viagens, clientes célebres e modelos históricos, inspirado no famoso “Phantom of Love” de 1926.

O forro luminoso do tejadilho, o conhecido Starlight Headliner, replica momentos chave da cronologia do Phantom com centenas de milhares de perfurações e pontos de luz. As portas combinam marchetaria 3D, camadas de tinta em relevo e folha de ouro de 24 quilates. Cada painel conta um episódio diferente, desde estradas históricas até locais ligados à vida de Henry Royce.

Phantom em palco

O centenário também serviu para revisitar a ligação do Phantom à música. Ao longo das décadas, nomes como Marlene Dietrich, Liberace, Elvis Presley, Sir Elton John, Pharrell Williams ou Curtis “50 Cent” Jackson associaram-se ao modelo, ora como símbolo de sucesso, ora como peça de inspiração criativa.

Entre as histórias mais repetidas surge a lenda do baterista dos The Who, Keith Moon, que terá mergulhado um Rolls-Royce numa piscina durante a sua festa de 21.º aniversário. As versões variam, as memórias são vagas, mas a imagem ficou. Um Rolls dentro de água tornou-se sinónimo de exagero rock.

Para o centenário, a Rolls-Royce decidiu pegar na lenda e recriá-la de forma controlada. Submergiu a estrutura de um Phantom Extended já retirado de serviço na piscina art déco Tinside Lido, em Plymouth. Este local tem ainda uma ligação aos Beatles. Em 1967, o grupo passou por ali durante as filmagens de “Magical Mystery Tour”, o mesmo ano em que John Lennon apresentou o seu famoso Phantom V amarelo pintado à mão.

Uma presença silenciosa no mundo da arte

A relação do Phantom com a arte vem de longe. A Rolls-Royce aproveitou 2025 para recordar episódios pouco convencionais, como a chegada de Salvador Dalí à Sorbonne, em Paris, num Phantom cheio com cerca de 500 quilos de couves-flor.

Outros nomes da arte moderna também se cruzaram com o modelo. Andy Warhol ficou tão impressionado com um Phantom de 1937 que o comprou imediatamente depois de o ver estacionado em Zurique, no início dos anos 70. Para a marca, estes episódios ajudam a fixar a ideia de que o Phantom funciona há um século como objeto de autoexpressão para quem gosta de reinventar a própria imagem.

Criações Bespoke em 2025

Sabendo que 2025 ficaria para a história, muitos clientes pediram Phantoms personalizados com entrega exactamente neste ano. Alguns iniciaram o processo anos antes, em colaboração com os Private Offices de Xangai, Dubai, Seul, Nova Iorque e com a equipa de Goodwood:

Phantom year of the Dragon – encomendado por um cliente chinês, o Phantom Extended Year of the Dragon presta homenagem a uma das lendas fundadoras da cultura do país. O painel Gallery apresenta dois dragões entre nuvens a proteger um “pérola” sob a forma de relógio Bespoke. No tejadilho, a constelação de luzes recria os dragões com fibras ópticas em vermelho e branco, cada ponto colocado à mão.

Phantom Extended Year of the Dragon.

Phantom Cherry Blossom – inspirado na tradição japonesa de Hanami, o Phantom Cherry Blossom celebra a flor de cerejeira. O foco está na estreia da bordagem 3D escultural, com pétalas que parecem flutuar sobre o tecido em vez de se colarem a uma superfície plana. O Starlight Headliner recebe ramos de sakura bordados com mais de duzentas mil picadas de agulha.

Phantom Cherry Blossom.

Phantom Dentelle – presta tributo à renda de alta costura. A equipa Bespoke trabalhou várias técnicas de bordado para imitar o relevo e a delicadeza da peça de vestuário. Mais de duzentos e trinta mil pontos compõem padrões de pérolas e motivos florais, aplicados no Gallery e na zona conhecida como Waterfall na traseira.

Phantom Dentelle.

Phantom Chinese Mural Art – integra um trio de carros encomendados via Private Office Shanghai. O destaque está na paisagem aplicada em pele preta no Gallery, criada com técnica adaptada de impressão em bloco de redução, inspirada em murais antigos de Dunhuang. O motivo “Silken Spirit” percorre linha de cintura, interiores em madeira e frisos iluminados.

Phantom Chinese Mural Art.

Um palco verdadeiramente mundial para o centenário

As comemorações não ficaram fechadas em Goodwood. Ao longo do ano, os vários Phantom, de todas as gerações, apareceram em cinco continentes:

• Concorso d’Eleganza Villa d’Este, em Itália, com presença de exemplares históricos.

• Goodwood Festival of Speed e Goodwood Revival, no Reino Unido, onde cinco Phantoms clássicos ocuparam o Aerodrome Lawn, enquanto outros serviram de course cars em pista.

• Exposição em Torre Loizaga, perto de Bilbau, com as oito gerações lado a lado, cenário perfeito para fotografias de antes e depois.

• Um passeio de mais de 2 000 quilómetros pelo Norte da Europa com o 20-Ghost Club, em Rolls-Royce pré-guerra, incluindo vários Phantom I, com o exemplar mais antigo datado de 1927.

• Presença em Karlovy Vary, na República Checa, durante o festival de cinema, reforçando a ligação do modelo ao tapete vermelho.

• No Médio Oriente, exibições no Museu Nacional do Qatar e eventos privados em Dubai, Riade, Manama e Abu Dhabi, com mistura de Phantoms históricos e Bespoke recentes.

Goodwood prepara o próximo século do Phantom

Entre celebrações, a Rolls-Royce tratou de garantir que o futuro do Phantom continua Bespoke. A empresa anunciou um investimento de cerca de 300 milhões de libras na expansão da fábrica de Goodwood, o maior desde a abertura do complexo em 2003. O objetivo é aumentar a capacidade de personalização e preparar a transição tecnológica da marca, incluindo o caminho para modelos totalmente eléctricos.

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