Share the post "T1 vendem-se mais rápido: o retrato do mercado imobiliário em Portugal"
Encontrar casa é, para muitos, uma verdadeira maratona. Mas vender? Nem sempre demora tanto quanto se pensa. Em várias cidades portuguesas, há imóveis que mal chegam ao mercado e já têm destino traçado. Nos últimos meses, os dados mostram uma tendência clara: os apartamentos mais pequenos estão a sair mais depressa, com os T1 a liderar o movimento.
Imóveis compactos lideram a corrida das vendas
Os apartamentos T1 são, neste momento, a tipologia mais ágil em termos de venda. De acordo com dados do Idealista, 41% destes imóveis foram vendidos em menos de 30 dias, destacando-se como o formato preferido para quem quer vender depressa ou investir com rapidez.
Este padrão não surge por acaso, imóveis mais pequenos implicam menor investimento inicial, manutenção reduzida e custos operacionais mais baixos, três fatores especialmente atrativos em contextos de incerteza económica ou subida das taxas de juro. São também ideais para arrendamento urbano, turismo local ou habitação própria de jovens e solteiros.
A escassez de T1 disponíveis em muitas zonas urbanas também aumenta a sua valorização. A procura continua elevada, especialmente em cidades com universidades, polos empresariais e bom acesso a transportes, o que contribui para que este tipo de imóvel raramente fique muito tempo nos portais imobiliários.
Santarém, Viana e Ponta Delgada no topo
Nem todas as regiões do país vendem à mesma velocidade e há cidades onde os T1 praticamente voam das mãos dos vendedores. Santarém lidera de forma expressiva, com 80% dos apartamentos T1 vendidos em menos de um mês, assumindo-se como o distrito com o mercado mais veloz nesta tipologia.
Viana do Castelo ocupa o segundo lugar com 56%, seguido de Ponta Delgada, nos Açores, com uma taxa impressionante de 50%. Estes números revelam que o dinamismo não se limita aos grandes centros urbanos e que cidades médias podem oferecer oportunidades bastante competitivas para quem procura vender ou investir em imóveis com liquidez rápida.
Lisboa e Porto, embora concentrem grande parte da atividade imobiliária nacional, apresentam ritmos de venda mais moderados: apenas 24% dos T1 em Lisboa e 28% no Porto foram vendidos em menos de 30 dias. Este dado pode surpreender, mas a explicação passa por fatores como os preços mais elevados, a maior concorrência entre imóveis e um público comprador mais exigente.
Tipologias maiores demoram mais
Quando se fala em casas grandes, a venda tende a ser mais lenta. Os dados confirmam essa realidade: apenas 27% das habitações com quatro ou mais quartos (T4 ou superiores) foram vendidas em menos de um mês, uma percentagem significativamente inferior à registada nas tipologias mais compactas.
Vender casas maiores implica um conjunto de desafios adicionais. Para começar, o público-alvo é mais restrito, normalmente famílias numerosas, compradores com maior poder de compra ou investidores específicos. O preço médio é mais elevado, o que torna o processo de decisão mais demorado.
Ainda assim, há exceções que vale a pena notar. Em Viana do Castelo, 50% dos T4+ foram vendidos em menos de 30 dias, o que sugere um mercado local especialmente ativo ou uma oferta bem ajustada à procura. Já em Aveiro, 39% das casas grandes também saíram do mercado com rapidez acima da média nacional, reforçando o dinamismo desta região.
Estúdios e T2 mantêm bom ritmo
Mesmo com uma oferta limitada, os estúdios (T0) continuam a registar vendas rápidas em várias zonas do país. Cidades como Aveiro (31%) e Coimbra (29%) destacam-se pela procura ativa por este tipo de imóvel, que é frequentemente associado a estudantes, jovens profissionais e investidores à procura de imóveis para arrendamento urbano ou turístico.
Já os T2, com dois quartos, mantêm um desempenho consistente em várias regiões. São, por norma, vistos como a tipologia “intermédia ideal”, capaz de responder às necessidades tanto de casais como de pequenas famílias, e também atrativos para arrendamento de médio e longo prazo.
Santarém volta a surgir no topo, com 53% dos T2 vendidos em menos de um mês. Seguem-se Castelo Branco (43%) e Beja (40%), indicando que fora dos grandes centros urbanos também há mercados locais muito dinâmicos.
T3: variações fortes entre regiões
Quando se trata de apartamentos T3, o mercado revela um comportamento menos uniforme. A tipologia de três quartos apresenta uma taxa média de vendas rápidas de 35% a nível nacional, mas com fortes oscilações consoante a localização.
Beja destaca-se com 50% dos T3 vendidos em menos de um mês, um número que supera largamente a média nacional e indica um mercado local bastante dinâmico. Também Ponta Delgada (43%), Braga (39%) e Aveiro (37%) registam percentagens elevadas, sugerindo uma procura consistente por este tipo de imóvel em zonas com crescimento populacional ou atratividade para famílias.
Do outro lado do espectro, Lisboa regista apenas 18% de vendas rápidas em T3, refletindo um mercado mais exigente, com preços elevados e um processo de decisão geralmente mais demorado. A capital continua a ter procura, mas a competição e os valores praticados tornam o ritmo de transação mais lento nesta tipologia específica.
Tendência que deve continuar
Com a subida generalizada dos preços por metro quadrado e a contínua procura por imóveis mais acessíveis, os apartamentos T1 mantêm-se firmemente no topo das preferências. Tudo indica que esta tendência vai prolongar-se nos próximos trimestres, especialmente num mercado onde a liquidez e a agilidade são cada vez mais valorizadas.
Quer receber notícias sobre o mercado imobiliário directamente no seu e-mail?
Subscreva a nossa newsletter gratuita e fique sempre um passo à frente, com tendências, oportunidades e dicas práticas para comprar ou vender casa em Portugal.