Share the post "Transporte aéreo de emergência médica em debate após falhas no serviço"
O transporte aéreo de emergência médica em Portugal enfrenta uma crise de confiança, após falhas durante a transição para um novo operador. O arranque problemático da operação da Gulf Med e os atrasos no concurso público do INEM motivaram audições no parlamento com o ministro da Defesa, Nuno Melo, e o chefe da Força Aérea. Este processo está a levantar preocupações sobre a eficiência e fiabilidade do transporte médico urgente em território nacional, especialmente em contextos clínicos críticos.
Nuno Melo e Força Aérea explicam apoio à emergência médica
As audições no parlamento foram marcadas com carácter urgente devido aos constrangimentos no transporte aéreo de emergência médica. O general João Cartaxo Alves foi ouvido à porta fechada, seguindo-se uma intervenção pública do ministro Nuno Melo.
Este procedimento teve origem nos requerimentos do PS e do Chega à Comissão de Defesa da Assembleia da República. As falhas na integração da Força Aérea no transporte médico originaram dúvidas que os deputados quiseram esclarecer. A iniciativa para ouvir Nuno Melo partiu de João Almeida (CDS), em resposta a críticas emitidas pelos socialistas sem a devida auscultação ao ministro da Defesa.
A Força Aérea Portuguesa foi chamada a intervir de forma transitória após a empresa Gulf Med, vencedora do novo contrato de 77,5 milhões de euros, falhar o início previsto para 1 de julho. Em resposta ao impasse, foram acionadas quatro aeronaves militares para assegurar o transporte médico urgente em Portugal, 24 horas por dia.
Entre os meios disponibilizados, encontram-se helicópteros de grande porte como o Black Hawk e o Merlin EH-101, além de aviões adaptados a emergências sanitárias. Contudo, estas aeronaves têm limitações operacionais, como a impossibilidade de operar nos heliportos hospitalares mais pequenos, devido às suas dimensões.
Críticas ao contrato de 77 milhões para transporte aéreo
Durante as audições, Nuno Melo defendeu que as dificuldades operacionais não decorrem da Força Aérea, mas sim da inadequação de infraestruturas hospitalares para aeronaves maiores. Sublinhou que “a seu tempo” estas instalações terão de ser ajustadas para garantir eficácia no apoio aéreo a casos de urgência médica.
A gestão do concurso público internacional para o novo serviço foi alvo de críticas. A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, admitiu que “o Governo podia ter feito melhor”, enquanto Simon Camilleri, presidente da Gulf Med, imputou responsabilidades ao INEM e ao executivo pelos atrasos na adjudicação e preparação.
De acordo com dados do INEM, nos primeiros 15 dias de julho realizaram-se 29 missões de transporte aéreo de emergência médica. Destas, cinco contaram com intervenção da Força Aérea Portuguesa. A transição de modelo levou a falhas identificadas já em missões reais, o que alerta para o risco que estas fragilidades representam na resposta a situações de vida ou morte.