Ekonomista
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30 Mai, 2023 - 10:10

Será que a Web3 vai criar uma revolução no gaming?

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O gaming na blockchain e o desenvolvimento da Web3 vão acelerar à medida que os anos passam e com a tecnologia que continua a evoluir.

O setor do gaming está pronto para a disrupção. A evolução da tecnologia blockchain e o surgimento da Web3 têm implicações significativas para este setor.

Como? A tecnologia Web3 oferece oportunidades interessantes para criadores de jogos, jogadores e investidores, com potenciais vantagens como a propriedade descentralizada de ativos virtuais, novos fluxos de receitas e maior segurança nos jogos.

Essencialmente, a Web3 consiste em criar sistemas descentralizados e não baseados na confiança que permitam interações fluidas entre indivíduos, organizações e máquinas. Esta tecnologia pode ser aplicada ao gaming de várias formas, incluindo na criação de mercados descentralizados para ativos dentro dos jogos, permitindo novos modelos de rendibilização e melhorando a segurança e a justiça neste âmbito.

Vamos entender mais sobre este tema?

Gaming, Web3 e blockchain: uma relação com futuro

A tecnologia blockchain possibilita um novo paradigma na forma como os jogos são criados, produzidos, distribuídos e jogados, fornecendo aos criadores ferramentas para criar jogos que são operáveis entre plataformas.

Por exemplo, se os jogadores forem proprietários dos respetivos dados ou itens, em vez de ficarem confinados à loja de uma plataforma ou ao ecossistema de uma editora, podem transferir os itens entre jogos sem os perderem ou terem de começar do zero sempre que mudarem de plataforma. Isto permite que os criadores alcancem novos públicos, conectando-se diretamente com os jogadores em qualquer dispositivo.

Uma das vantagens mais significativas da tecnologia Web3 para o gaming é a capacidade de criar mercados descentralizados para ativos nos jogos. Atualmente, os ativos nos jogos são normalmente detidos e controlados pelos criadores de jogos, que podem decidir como os ativos podem ser trocados, vendidos ou utilizados pelos jogadores. Esta situação pode ser frustrante para os jogadores que investem muito tempo e dinheiro na aquisição de ativos nos jogos, mas que não podem utilizar ou trocar esses ativos como desejam.

A tecnologia Web3 pode alterar esta realidade, permitindo a propriedade descentralizada de ativos virtuais.

Os jogadores podem ser proprietários dos respetivos ativos nos jogos, tal como seriam proprietários de ativos físicos. Estes ativos podem então ser negociados, vendidos ou utilizados da forma que o proprietário desejar, sem necessidade de intermediários, como os criadores de jogos.

Assim, é possível criar novas oportunidades para os jogadores rendibilizarem os respetivos ativos nos jogos, por exemplo, alugando-os ou vendendo-os a outros jogadores. Pode também criar novos fluxos de receitas para os criadores de jogos, que podem ganhar uma comissão por cada transação que ocorra na respetiva plataforma.

Ganhar enquanto joga: novos modelos de rendibilização com a Web3

A tecnologia Web3 pode também permitir novos modelos de rendibilização para os criadores de jogos. Atualmente, a maioria dos jogos depende de um modelo pay-to-play ou free-to-play, onde os jogadores pagam antecipadamente pelo jogo ou podem jogar de graça, mas são encorajados a fazer compras no jogo. A tecnologia Web3 pode alterar esta situação, permitindo novos modelos como o play-to-earn ou o play-to-own.

Num modelo play-to-earn, os jogadores podem ganhar criptomoedas ou outras recompensas por jogar o jogo, que podem depois ser utilizadas para comprar itens no jogo ou trocadas por outras criptomoedas. Isto pode criar novos incentivos para os jogadores investirem tempo e esforço nos jogos, criando também novos fluxos de receitas para os criadores de jogos.

Num modelo play-to-own, os jogadores podem deter uma participação no próprio jogo, mediante a posse de ativos ou tokens de jogo. Pode também criar um ecossistema mais sustentável e justo, em que os jogadores têm um interesse direto no sucesso do jogo e são incentivados a contribuir para o desenvolvimento da comunidade.

Jogar com segurança: a tecnologia blockchain e a criação de sistemas mais seguros

A tecnologia Web3 pode ainda melhorar a segurança e a justiça dos jogos, criando sistemas não baseados na confiança que são resistentes à pirataria, à fraude e a outras formas de evasão. Ao utilizar a tecnologia blockchain, os criadores de jogos podem criar sistemas seguros e transparentes para armazenar os dados dos jogadores, acompanhar as transações nos jogos e verificar a autenticidade dos ativos dos jogos.

Assim, cria-se uma experiência de jogo mais segura e fiável, em que é possível garantir aos jogadores que os respetivos dados e ativos estão a salvo de roubo ou manipulação. Cria-se também um ambiente mais justo e competitivo, em que a fraude e outras formas de jogo desleal são efetivamente prevenidas.

A evolução da tecnologia Web3: principais desafios para o gaming

Apesar das potenciais vantagens da tecnologia Web3 para o gaming, há também vários desafios e limitações que devem ser abordados. Um dos maiores desafios é a falta de escalabilidade e interoperabilidade da tecnologia blockchain. Atualmente, a maioria dos sistemas baseados na blockchain só pode processar um número limitado de transações por segundo, o que pode ser um obstáculo significativo para a adoção de plataformas de gaming Web3.

Coloca-se também o desafio de criar interfaces de fácil utilização para as plataformas de gaming Web3, que podem ser difíceis de navegar para os utilizadores leigos. Além disso, a falta de clareza regulamentar e de quadros jurídicos em torno do gaming Web3 também pode ser um fator limitativo, uma vez que pode criar incerteza junto dos criadores de jogos, investidores e jogadores.

Outra limitação da tecnologia Web3 para os jogos é a possibilidade de aumentar a complexidade e a fragmentação. Com o surgimento de várias plataformas de gaming Web3, cada uma com os próprios tokens e ativos no jogo, existe o risco de criar um ecossistema fragmentado que é difícil de navegar e utilizar pelos jogadores.

Além disso, existe o risco de criar novas formas de desigualdade no setor do gaming, uma vez que alguns jogadores podem ter mais recursos para investir em plataformas de gaming Web3, levando a uma concentração de poder e riqueza nas mãos de poucos. No entanto, este pode ser o início do que veremos em futuros títulos de gaming. Talvez vejamos a Web3 envolvida em projetos futuros, tais como o Grand Theft Auto 6, e as contas modificadas que se podem obter no GTA 5.

A tecnologia Web3 tem o potencial de revolucionar a indústria do gaming, criando novas oportunidades para a propriedade descentralizada de ativos virtuais, novos modelos de rendibilização e maior segurança e justiça nos jogos. No entanto, também há desafios e limitações significativos que devem ser abordados para concretizar este potencial de forma plena.

À medida que o setor do gaming continua a evoluir, será crucial que os criadores de jogos, os jogadores e os investidores considerem as implicações da tecnologia Web3 e o potencial impacto da mesma no setor. Ao adotar a tecnologia Web3 e trabalhar em conjunto para enfrentar os desafios e limitações, será possível criar um ecossistema mais justo, transparente e inovador para todas as partes interessadas no setor do gaming.

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